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Luiz Lozer

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31/08/2015

O piloto capixaba que dividia marmitex com o sócio e hoje é dono da Geocontrol.

 
Por Elimar Côrtes

      Aos 44 anos de idade, o capixaba Luiz Lozer é hoje um dos nomes mais reconhecidos no mercado de tecnologia do Brasil. Um dos donos da Geocontrol – junto com os amigos Rogério Tristão e Sidnei Job, Lozer vem conquistando o País e busca agora mercados internacionais. A empresa conta com filiais em Brasília, Pernambuco, Sergipe,  Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

      “Nosso lema é o de acreditarmos em tecnologias que atendem instituições públicas e empresas sediadas no País devem ser feitas de forma personalizada para a realidade brasileira”,  diz Luiz Lozer. Por isso, salienta o empresário, a Geocontrol apresenta ao mercado soluções próprias em harmonia com as necessidades de cada lugar do Brasil.
 
     “Nosso trabalho é incorporar softwares e hardwares para a formação de sistemas inteligentes que permitem o completo  gerenciamento de áreas operacionais das forças emergenciais – Polícia Militar, Bombeiros, SAMU e outras forças, de  rastreadores de veículos, mobilidade urbana, da  logística de transporte urbano, da troca de informações entre administrações públicas e os cidadãos e de  Comando e Controle para Defesa”, completa o empresário Lozer, que é casado e pai de dois meninos: Lorenzo, 10 anos, e Tiago, 7 anos – de quem leva uma “surra” no xadrez.

      Nem sempre, porém, a Geocontrol teve facilidade. Luiz Lozer teve como primeiro sócio Rogério Tristão – Sidnei Job entrou no grupo mais tarde. No início da carreira de empresários, Luiz e Rogério tinham que dividir diariamente até o marmitex do almoço. O preferido era o marmitex com isca de fígado, que compravam em um restaurante que ficava no térreo do edifício Sarkis, no centro de Vitória.
 
      Nesta entrevista ao Portal de Notícia Folha Diária, Luiz Lozer fala do início da Geocontrol, dos produtos e clientes da empresa, da alta carga tributária brasileira –, que, na sua visão, emperra a indústria do País –; e o futuro da empresa.

O início
      “Em 1997, quando foi criada por mim e pelo meu  amigo Rogério Tristão, a Geocontrol tinha outro nome. Chamava-se Geofoto. No início, aproveitava minha experiência como piloto profissional para realizar fotos aéreas para a Geofoto. Ao migrar para tecnologia, nosso primeiro cliente foi uma empresa de saneamento.”

      “Começamos querendo usar produto pronto. Tínhamos um controlador de dados israelense, que não funcionava. Decidimos, então, fazer outro controlador e conseguimos criar um aparelho que detectava a vazão de água”.

Com dificuldade, amigos dividiam marmitex com isca de fígado
      “Todo mundo imagina que, por trás da maioria das empresas de tecnologia, há profissionais fazendo doutorado em universidades particulares. Comigo e o Rogério Tristão não foi nada disso e tudo foi muito difícil. Quando iniciamos a sociedade, Rogério estava desempregado e eu, sem pilotar. A vida foi mostrando os caminhos. A trajetória foi dura, porque a vida não é só de pétalas.”

      “No início, a empresa funcionava num minúsculo escritório, inferior a 15 metros quadrados, no edifício Sarkis, na Praça Oito (Centro de Vitória). Tínhamos apenas um computador. Eu e meu sócio Rogério Tristão dividíamos até o marmitex do almoço. A gente comprava a comida no restaurante que havia no térreo do Sarkis. Comíamos muito isca de fígado, com arroz, feijão, macarrão e salada. Era nosso prato favorito, por ser gostoso e também mais fácil de fazer a divisão igualitária.”
 
Luiz Lozer foi piloto
      “Antes de entrar nesse ramo, eu pilotava táxi aéreo. Pilotava um avião do tipo PT-Hunt (PT-19). Fui instrutor do Aeroclube do Espírito Santo, que fica em Vila Velha. Pilotei e fui instrutor de bimotor e turboélice. Lá eu fiz meu curso de piloto comercial.”

      “Tivemos a ajuda de um estagiário de engenharia da Ufes, que passou a desenvolver placas para nós. Fizemos, então, um Controlador de Telemetria e vendemos para empresas privadas. O aparelho serve para medir a pressão e vazão de água, para sala de controle de empresas de saneamento. Portanto, nosso primeiro produto foi o  Controlador de Telemetria.”

      “Tivemos muitas dificuldades, quebramos algumas vezes, mas a partir de 2000 a empresa começa a ter uma trajetória mais consolidada e, em 2002, vira Geocontrol. Saímos do Centro para Jardim da Penha; depois, para Cariacica; e agora, de novo, em Jardim da Penha. Aqui está pequeno e em breve teremos de buscar um espaço maior.”

Produtos para segurança pública
      “Por volta de 2005, ganhamos concorrência para o Centro Integrado de Comando e Controle da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (CICC). Foi um contrato de R$ 20 milhões para o CICC, que é o novo 190 da Polícia do Rio. Desenvolvemos também o mesmo tipo de trabalho para o Espírito Santo, Pernambuco, Sergipe e Distrito Federal.”

Inovação no controle do transporte coletivo
      “Fizemos um aplicativo para a Prefeitura de Vitória, que possibilita o passageiro  a tomar conhecimento da hora certa que o ônibus passará no ponto de sua preferência. Cada ônibus tem um rastreador. Esta tecnologia foi implantada por nós em Vitória há sete anos. Trata-se de uma tecnologia inédita no Brasil, que se espalhou pela Grande Vitória e outros estados. Ajuda o Poder Público e a população a ter um controle dos horários e do itinerário dos ônibus. É o Ponto Vitória.”

Como conquistou o Exército Brasileiro
       “A Geocontrol entrou, definitivamente, para um seleto grupo de empresas a criar e fornecer tecnologias para o Sistema de Segurança Pública e de Defesa do Brasil. Nossa meta é conquistarmos mercados estrangeiros. A Geocontrol foi credenciada como Empresa Estratégica de Defesa pelo Ministério da Defesa. Começamos a chamar a atenção do Exército a partir de um produto nosso  elaborado para os governos do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, que é o Conecta, um computador robustecido de alta resistência criado inicialmente para ser embarcado em carros de equipes operacionais das forças emergenciais, como Polícia Militar, Como de Bombeiros, SAMU e outras.”

      “Esse equipamento garante comunicação entre equipes internas e externas, com troca de mensagens e repasse de informações, e permite o acesso a dados online de bancos de dados. Por exemplo: hoje o policial acionando teclas na tela sensível a toque é capaz de saber na hora, na rua e no momento da operação se um veículo foi roubado, se um suspeito tem mandado de busca e apreensão ou se a Carteira Nacional de Habilitação de um motorista deve ser apreendida.”

      “Há quatro anos, procuramos o Exército para conhecer suas demandas. Ganhamos uma concorrência de R$ 10 milhões para fornecimento de noteboock para blindados. O Exército precisava de um computador semelhante ao Conecta, porém muito mais forte, resistente a quedas, vibração dos blindados e à água. A Geocontrol construiu um protótipo, que agradou ao Exército. Foi realizada, então, licitação, para que outras empresas nacionais pudessem participar do processo para a venda do computador para a corporação. Vencemos as demais concorrentes.”

      “Passamos a construir também o Computador Portátil Militar (CPM-EB), cujos aparelhos já estão instalados nos blindados Guarani. Trata-se de um computador militar embarcado, robusto, com tela sensível a toque. Outro produto desenvolvido por nós é um rádio de comunicação, que é muito mais seguro do que os rádios convencionais, pois transmite dados e não há transmissão de voz, o que poderia alertar o inimigo para a chegada de blindados brasileiros.

Tornozeleira para vigiar apenados
      “Nossa tecnologia também é voltada para o social. Desenvolvemos as chamadas tornozeleiras eletrônicas, que são servidas a pessoas condenadas por algum tipo de crime  e que ganham da Justiça o direito de ficar fora da cadeia.”

      “Fizemos um convênio com o governo do Estado desde o ano passado. Dentro da própria Geocontrol, temos a Sala de Controle, de onde nossas equipes acompanham todos os passos de um apenado que esteja com o tornozeleira. O controle é feito durante 24 horas, todos os dias da semana. Recentemente, recebemos aqui a visita de técnicos do Depen (Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça), que vislumbrou que o nosso é o melhor projeto de tornozeleiras eletrônicas do País.” 

Burocracia estatal emperra indústria brasileira
      “A indústria brasileira se tornou especialistas em lero-lero. Está cada vez mais difícil empreender por causa da burocracia do Estado brasileiro. O custeio do Estado está calcado no trabalho, formado pelos trabalhadores e empresas. Só para exemplificar: na primeira venda que realizamos para o Exército tivemos prejuízo de R$ 300,00 por computador por causa dos impostos. O peso do Estado vem para cima das pessoas. O sistema tributário brasileiro é esquizofrênico.”

       “Em 2005, o governo federal, na primeira gestão do presidente Lula, instituiu  a Lei 11.196/05, conhecida como “Lei do Bem”, que cria a concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. O incentivo é de 0,19% do PIB nacional, o que representa cerca de R$ 8 bilhões. No entanto, a Lei do Bem não resolve o problema, porque é preciso desburocratizar o papel do Estado. Fazer negócios no Brasil deveria ser mais fácil. Um aparelho tipo CTM (Computador Tático Militar) que vedemos para o Exército, pagamos mais de 60% de impostos. Isso é justo? Claro que não, porque perdem as empresas e perdem os trabalhadores.” 

      “Para se ter uma ideia dos absurdos das políticas  econômicas, a cada 1% do aumento na taxa de juros autorizado pelo Banco Central, são sugados R$ 30 bilhões dos trabalhadores e empresas brasileiras. De alguns poucos anos para cá, a taxa Selic passou de 7% para 14,25%, o que gera uma transferência mensal de R$ 210 bilhões da força do trabalho para rentistas, que são banqueiros e demais pessoas ou instituições financeiras que vivem de juros.”

Futuro da Geocontrol
      “Tenho dito que o Brasil é a periferia do sistema tecnológico. Estamos em processo de negociação com o Fundo de Investimentos. Vamos investir mais e sair do mercado brasileiro; precisamos exportar. Temos experiência e know-how em tecnologia. Trabalhamos para o sistema de segurança durante a Copa do Mundo, aqui no Brasil no passado, e já estamos nas Olimpíadas de 2016 no Rio. Ajudamos a montar o sistema para as Salas de Comando de Controle para a Copa do Mundo, cuja experiência vai ser mantida nos Jogos Olímpicos.”

      “Já temos parceria internacional. Fomos procurados pelo grupo europeu Thales, com sede na França e com escritório em outros países. A Thales é o quarto maior grupo industrial do mundo ligado à defesa. Firmamos parceria na produção do Sotas, um sistema que atua como intercomunicador e integrador de comunicações dos blindados. O sistema proporciona serviços de voz e dados de alta qualidade.”

      “No Brasil, estamos crescendo: hoje, temos 110 funcionários. São 60 colaboradores aqui na sede, em Vitória, e os demais nas filiais do Rio, Brasília, Sergipe, Rio Grande do Sul e Recife. Nossos funcionários são, em sua maioria, engenheiros eletricistas e temos também técnicos e o pessoal da área administrativa.”






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