Acabaram-se as férias.  O ano começa efetivamente agora. O tabuleiro da política já se movimenta, sem nenhum candidato a Kasparov à vista, e a economia continua a dar sinais negativos. Cá fora, além do vírus zyca, a competição pelas oportunidades de trabalho amplia o espaço agônico, sobretudo entre jovens e chefes de família. No mercado de trabalho, a média de uma vaga para 15 candidatos subiu  para 40/50.   É um quadro perverso, que só não assusta os mais criativos,  os preguiçosos e os instalados numa zona qualquer de conforto. 

    

A sobrevivência exige  esquecer o que passou no ano anterior  e eliminar  o  que ainda nos arrasta para trás. Descartar tudo, e avançar. “A força que o impele para a frente é a decisão firmada em sua mente”, ensinava o professor e poeta  anglo-indiano RudyardKipling. Se a mente não ajuda, fechar-se numa sala para desenvolver contatos pela internet não é suficiente. O empregador precisa de gente destemida para enfrentar a crise, e quer ver você, sentir o grau de coragem para ajudar a superá-la. Se  está instalado numa zona de conforto, precisa, por segurança, dar, no mínimo, um up grade nos seus relacionamentos profissionais.   Não percamos   também a perspectiva de que tudo que começar agora vai se estender, bem ou mal,  por todo o Exercício.  Há um tempo para começar e, se for o caso, para terminar.  O referencial é contábil , mas ele pode ter efeitos existenciais.Não espere, portanto,  dos outros a solução para você mesmo.  Os empreendedores continuam a dar sinais  de encolhimento nos negócios.

           

          Pense e aja. Se já tem planos para 2016, comece-os logo, para não correr o risco de perder o time e o espaço. Tempo perdido é irrecuperável. Não existindo plano feito previamente, é preciso descobrir espaços nos planos de outros, e embarcar neles.  Ao fazê-lo, tente superar a displicência, tomando-a um aprendizado, para evitar repeti-la no futuro. Custos de perdas e omissões só não dão prejuízos aos bancos.    Mesmo assim, se  não conseguir  que as portas se lhe abram, restam três alternativas:

       1 – Retomar a universidade - há tempo ainda – para começar uma nova carreira, gerar novos contatos, conhecimentos atualizados, fazer estágios com bolsas;. 

 

          2 – Matricular-se num cursinho para concursos específicos, colocando-os como meta. Estão abertas 134 seleções para ocupar 33.118 vagas em órgãos públicos federais, estaduais e municipais; 

          3 – Encontrar uma ocupação temporária, de modo a ganhar tempo para refletir sobre a natureza da zona de conforto em que está metido, e que  o imobiliza. O Comitê Olímpico está oferecendo 3.000 vagas para trabalho até a realização dos Jogos. Entre lá no site deles.   Uma oportunidade para repensar a si mesmo.

 

          Então, não fique parado, nem se isole a espera do chamado  tempo certo. Poderá ser tomado pelo devaneio, e ele corroerá as esperanças. Sempre munido de um cartão profissional, vá a congressos, palestras e eventos sociais. Torne-se um penetra na festa dos outros.   Lembre-se  das conclusões de Charles Darwin de que estamos todo o tempo competindo. São milhares disputando os mesmos espaços ao mesmo tempo. Entram os mais preparados, os mais perseverantes.  Então, concentração e determinação até para os sonhos. 

        

           A oportunidade quem faz é a gente. O tempo, segundo Heidegger,  só existe em nós, ao habitarmos  este mundo com nossas efêmeras  ansiedades e alegrias. São elas que determinam a sua percepção: na relação com ele. Coisas nossas, da fragilidade humana. Desculpem mas, como professor, ligado a muita gente jovem e aspirante ao mercado de trabalho, não posso me furtar de um aconselhamento, ao estilo do velho vendedor de seguros Dale Carnegie.  Tente ser realista: almeje e  se mova em direção ao impossível, lembrando sempre que onde  houver um “quase” nas suas dúvidas ou  reflexões, existe a chance potencial de um lugar para você.