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Geração Amaldiçoada: os Recém-formados nas Universidades

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25/02/2016

                         Na comemoração recente  do aniversário de 30 anos do filho de um amigo, fui informado que o jovem é graduado em fisioterapia, tem duas pós-graduações  em gestão de saúde pública  cursadas em instituições de respeitabilidade no campo da educação, estágio na China e em diversas hospitais e clínicas,  mas nunca trabalhou efetivamente como profissional. Percebi então que ele, não, uma geração inteira está fora do mercado de trabalho. 
          
           Trinta a quarenta amigos,  na idade entre 20 e 30 anos, comemoravam o aniversário. Passaram a tarde comendo, bebendo, tocando violão, cantando e dançando.   Atravessando a alegria geral, um papo aqui, outro  ali, o assunto era emprego.Daqueles  40 , dois ou três estavam empregados, quatro tinham sido demitidos e  a maioria concluíra a universidade, mas nunca trabalhara. Era gente graduada em informática, engenharia ambiental, história, marketing, biomedicina, nutrição, ciência da computação, mecatrônica e assim por diante.
            
               Ao conversar  com um e com outro, fui surpreendido pela declaração de uma das moças de que O problema não é só meu, nem desse grupo ali, é de toda a nossa geração. Segundo ela, que não conhece o desemprego, porque nunca teve trabalho formal, de dez anos para cá, os graduados nas universidades, e mesmo quem concluiu pós-graduações,  não teve a oportunidade de demonstrar  suas virtudes  para o sistema produtivo. Esses recém-formados situam-se próximo de um milhão de  jovens profissionais só em 2015.
            
            Por sua vez, a televisão tem propagado, em  matéria aparentemente  paga pelos cursinhos,  que existem abertas inscrições para 150 concursos, oferecendo 27,8 mil vagas em todo o país, com salários, alguns, de ministro de Estado. Surpreende, porque  os governos andam anunciando  a suspensão das contratações e, de acordo com  os especialistas,  existem carreiras, cuja preparação exige a freqüência em cursinhos por até cinco anos. É o tempo de duração de um doutorado.
            
            Empregados, desempregados ou quem nunca teve emprego, somados, chegam a perto de 9 milhões de cidadãos. As vagas oferecidas  no  “farto” mercado de concursos anunciado na TV  correspondem a 0,3%. Quem foi demitido, não conseguiu emprego ou  nunca trabalhou não tem também capital para empreender, para montar uma franquia ou pagar um cursinho. Um número enorme está comprometido  com o FIES.  Nesse contingente  incluem-se profissionais de alto nível, especialistas e técnicos experientes e milhares de jovens  das gerações de vanguarda . 
           
             O fato de serem formados em profissões que surgiram tateando um falso espaço de trabalho, como a “mecatrônica”, a “moda” e a própria a “fisioterapia” vai fazer com que alguns  desviem-se dos próprios sonhos. Outros vão desistir mesmo, se desatualizarão e outros ainda nunca chegarão a lugar algum . Há quem tente bolsa de estudo no exterior. É pouco. O risco inerente é o de nunca mais voltar. 
           
                À deriva, o país assiste  descer pelo ralo o que supostamente tem de melhor: a sua massa crítica, aqui sem oportunidade sequer para se proletarizar. Vai “pro brejo” uma geração de excluídos  surgidos da nova divisão social do trabalho que a modernidade oferecia ao País. Pior. Com ela, a formação, idéias e ideais inovadores.   Joga-se no lixo bilhões em conhecimentos modernizantes, pesquisas, treinamentos e formações de nível superior. Nas universidades, estão sendo fechados cursos  que, nas projeções de futuro,  alavancariam profissões  - inexistentes  nas propostas de Marx, Weber ou Durkheim - em atividades  de alta tecnologia  que, diante dos rumos da economia, não existirão tão cedo por aqui.  
                
                  Preocupa ainda o fato de que o problema desses jovens não ser apenas de  mercado, mas também de cabeça. Quanta frustração acumulada!...Paralisado diante da ausência de uma “inteligência” , o governo parece indiferente. Continua  a insistir nesse “Carnaval do Zyca” para se proteger do fantasma do “impeachment”, oferecendo  informações, dados, depoimentos, estudos e estatísticas confusas e maquiadas.  Vocês deviam pensar é nesses milhões de desempregados!,  gritou a mulher diante da câmera de TV que acompanhava a visita, em sua casa, de uma unidade panfletária do Exército,  colocada à serviço do “Zyca”. Sim, do velho Zyca, conhecido há mais de 60 anos no Brasil. O País está diante de um problema. Não, de uma tragédia.

Jornalista, professor. Doutor em História Cultural.


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