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A Metrópole Estendida

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07/10/2015

Por: Isabela Batalha Muniz Barbosa

Discutir a metrópole pressupõe averiguar uma série de variáveis que estão associadas como componentes importantes para a compreensão do fenômeno urbano. Considerando o processo de urbanização vinculado ao modo de produção, o espaço urbano deixa de ser entendido apenas como um resultado dotado de condições materiais e subjetivas, necessárias à produção e a vivência humana, para se transformar em uma mercadoria expressa nas “localizações”, conforme argumenta Déak (1985) . 

As localizações surgem com o processo de urbanização, dadas pelos valores de uso que lhes são atribuídas pelas infraestruturas. Esta teoria relaciona-se à forma de apropriação do solo urbano, ritmada por ações cumulativas promovidas pelo poder público e do mercado imobiliário que promovem historicamente ações no espaço  a partir da produção de valores de uso, notadamente com a criação de infraestrutura. 

Desse modo, o espaço ao receber condições adequadas para possibilitar a circulação de mercadorias, força de trabalho e capital, torna-se desigual.Esse processo de fragmentação do espaço confere algumas características inerentes aos padrões de crescimento das regiões metropolitanas: a segregação dos mais pobres em áreas distantes dos centros de produção, de consumo e de lazer,   áreas de acesso restrito, além,de um acentuado processo de dispersão. 

As novas metrópoles deixam de ser mono cêntricas,  densamente ocupadas no núcleo central, para se tornarem uma extensão territorial regional. Françoise Choay (apud Reis,1994)  caracterizou os detalhes das mudanças da seguinte forma: “de um lado, uma tendência à concentração focaliza os fluxos humanos em direção aos polos de atuação, que ainda são as metrópoles nacionais ou regionais. Por outro lado, várias atividades implantam-se nas periferias cada vez mais amplamente irradiadas (...). De outro, uma tendência à dispersão opera uma desconcentração linear ou pontual”. Este processo simultâneo de fragmentação em manchas descontínuas, demanda do poder público um alto investimento em infraestrutura de suporte à mobilidade para reconexão dessas áreas,  que é conjuntural e afeta o cotidiano da população. 

Toda essa dinâmica de dispersão e concentração de fluxos e atividades estabelece um quadro generalizado e desfavorável à Mobilidade Urbana nas metrópoles brasileiras.  Em várias regiões metropolitanas do Brasil, persiste ainda uma elevada dependência da periferia em relação à centralidade e o não tratamento igualitário na produção de informações e serviços gerados para o entorno da capital, o que desqualifica as periferias metropolitanas e reforça ainda mais o caráter de exclusão sócio espacial. 

A questão teorizada por Déak, leva a reflexão emblemática do caso do Espírito Santo, onde a base geomorfológica foi extremamente favorável ao desempenho das atividades portuárias para escoamento da produção de minério vindo de Minas Gerais,condicionante motriz para estabelecimento do meio técnico, na primeira fase da industrialização (década 1970 /1980). De fato, isso condicionou a implementação das infraestruturas necessárias à ampliação da atividade siderúrgica. Os portos tornaram-se relevantes para a economia local,frente aos fluxos globais de mercadorias relacionadas ao complexo minero-siderúrgico.

Estes circuitos inerentes à logística de produção configuraram o perfil socio espacial no território e produzir a mespacialidades positivas e negativas. Os grandes projetos industriais resultaram em alterações profundas na estrutura urbana da aglomeração da Grande Vitória. Entretanto, nem o poder público, nem a sociedade civil organizaram um sistema de acompanhamento e de avaliação mais criteriosa dos impactos e riscos da industrialização em área urbana, o que gerou graves problemas para o ambiente urbano, particularmente para fins de habitação e degradação de ecossistemas.Nessa perspectiva, a prática social (global) e a prática política reunem-se na prática espacial, configurando assim, um novo espaço urbano com característica funcional metropolitana, constituindo a Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) .

A concentração da população na RMGV, em torno de 48%, faz com que a capital Vitória exerça a função de centralização regional num espaço de centro de decisões, informações, transações comerciais, financeiras e de  serviços públicos, além de ser o vetor de difusão cultural e tecnológica. A hierarquia socio espacial da RMGV é do tipo clássico: O núcleo central é formado pelas zonas consolidadas do centro e litorâneas da capital que concentram as camadas superiores da estrutura social, em razão da presença, nessas zonas de equipamentos e de serviços urbanos em quantidade e em qualidade, o que conduz a uma qualidade de vida mais elevada. 

Os investimentos privados na capital também redefiniram relações funcionais e novas mobilidades urbanas, com transferência sistemática de instituições governamentais e administrativas para áreas de renovação urbana, como por exemplo, a Enseada do Suá. A posição de centralidade de Vitória associada às limitações do seu sítio físico faz com que a capital seja a principal rede de transbordo nas ligações com os demais municípios. Vale ressaltar os instrumentos de regulação dos Planos Diretores em suas primeiras versões nos municípios da RMGV favoreceram a densificação das zonas litorâneas com flexibilização do gabarito na capital e, posteriormente, no município de Vila Velha, cuja verticalização e adensamento foi notória com a concretização da 3º Ponte que interliga os dois municípios.

Observando o gradativo processo de expansão da Grande Vitória, verifica-se que o território tem estendido e incorporado novas áreas destinadas à habitação e logística. Há uma nítida mudança no direcionamento dos investimentos imobiliários para o município da Serra e Cariacica com a atualização recente dos seus Planos Diretores.Estes agora permitem maior densidade de ocupação,dado o aumento de gabarito nas principais avenidas e rodovias. A constituição de estoques de terras, a transformação de área rural para urbana, com mudanças na legislação de uso do solo, viabiliza-se com a utilização de terrenos antes fora de mercado, estimulando a dinâmica do setor imobiliário na direção norte da região. 

A Serra é o município que hoje destaca-se na expansão dos condomínios fechados. A hipótese mais provável,  é que a Serra vem assumindo uma posição estratégica no mercado imobiliário para receber a população de renda média e alta, e, Fundão a população periférica da Serra. Observa-se que dentre os municípios da região metropolitana, Fundão é o que detém o maior percentual de bolsões de pobreza, as denominadas Zonas Especiais de Interesse Social, marcos regulatórios estabelecidos em seu Plano Diretor. 

Portanto, há um movimento de dispersão e acomodação das camadas populares em direção aos municípios periféricos e contíguos à capital, mais notadamente nos municípios de Cariacica e Fundão. A mobilidade urbana torna-se o problema central que afeta sensivelmente o cotidiano da população na Região Metropolitana. Apesar das metrópoles serem o “lócus” apropriado para o debate e a ação, a falta de consenso político e social, dificulta a criação de um ente de gestão metropolitana eficaz. A autonomia será tanto maior quanto maiores sejam as potencialidades e poder de organização da sociedade em torno de um projeto que articule interesses locais, regionais ou globais. O paradoxo metropolitano reside justamente na razão em que as metrópoles são lugares estratégicos de produção de riqueza e de desenvolvimento econômico, entretanto estes territórios não são capazes de responder aos interesses e desafios do território metropolitano como instituições de governança.

Eliezer Batista Ligou A Vale Ao Resto Do Mundo

Galgando vários postos ao longo de sua carreira, até ser nomeado presidente da mineradora coube a ele transformar..


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