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Vladimir Herzong Morreu Torturado Pela Ditadura em 1975

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25/10/2015 - por Paulo César Dutra

     O nome do iuguslavo Vlado Herzog (Vladimir) tornou-se central no movimento pela restauração da democracia no Brasil após 1964. Militante do Partido Comunista Brasileiro - PCB, ele foi torturado até a morte, aos 38 anos de idade, em 25 de outubro de 1975, nas instalações do DOI-CODI, no quartel-general do II Exército, em São Paulo, após ter se apresentado ao órgão para "prestar esclarecimentos" sobre suas "ligações e atividades criminosas do PCB".  Naquele dia, o Serviço Nacional de Informações - SNI recebeu uma mensagem em Brasília, com o seguinte teor: "cerca de 15h, o jornalista Vladimir Herzog suicidou-se no DOI/CODI/II Exército". Na época, era comum que o governo divulgar que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", fuga ou atropelamento. 

     Herzog nasceu na cidade de Osijek, em 1937, na Iugoslávia (atual Croácia), filho do casal de origem judaica Zigmund e Zora Herzog. Durante a IIª Guerra, para escapar do antissemitismo do Hitler, eles  fugiram para a Itália e depois para o Brasil, após o conflito. Vlado foi casado com Clarice Herzog e o casal teve dois filhos:Ivo Herzog e André Herzog. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, em 1959, ele trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, quando passou a assinar "Vladimir", ao invés de "Vlado". Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo.

    Em 1974, o general Ernesto Geisel tomou posse da Presidência da República com um discurso de abertura política, com a diminuição da censura, investigação das denúncias de torturas e dar maior participação aos civis no governo. Porém, o general Ednardo D'Ávila Mello, comandante do II Exército, foi contra a decisão de Geisel, pois a linha dura sentiu-se ameaçada. O general Mello fazia afirmações de que os comunistas estariam infiltrados nos governos federal e estadual,  provocando ira dos militares e a repressão se manteve forte. O Centro de Informações do Exército (CIE) se voltou essencialmente contra o PCB.

     Em 24 de outubro de 1975, época em que Herzog já era diretor de jornalismo da TV Cultura, agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o PCB, partido que atuava na ilegalidade. No dia seguinte, Herzog compareceu espontaneamente ao DOI-CODI. Ele ficou preso com mais dois jornalistas, George Benigno Jatahy Duque Estrada e Rodolfo Oswaldo Konder. Pela manhã, Vlado, em companhia de George e Rodolfo, negou qualquer ligação ao PCB. Os dois jornalistas foram tirados da sala e levados para um corredor, de onde puderam escutar uma ordem para que se trouxesse a máquina de choques elétricos. Para abafar o som da tortura, um rádio com som alto foi ligado. Konder foi obrigado a assinar um documento no qual ele afirmava ter aliciado Vlado "para entrar no PCB". Logo, Konder foi levado à tortura e Vlado não mais foi visto com vida.

     Conforme o Laudo de Encontro de Cadáver expedido pela Polícia Técnica de São Paulo, Herzog se enforcara com uma tira de pano - a "cinta do macacão que o preso usava" - amarrada a uma grade a 1,63 metro de altura. Ocorre que o macacão dos prisioneiros do DOI-CODI não tinha cinto, o qual era retirado, juntamente com os cordões dos sapatos, segundo a praxe naquele órgão. No laudo, foram anexadas fotos que mostravam os pés do prisioneiro tocando o chão, com os joelhos fletidos - posição em que o enforcamento era impossível. Foi também constatada a existência de duas marcas no pescoço, típicas de estrangulamento.  

    A missa de 7º dia de Vladimir Herzog foi a primeira grande manifestação de protesto da sociedade civil contra as práticas da ditadura militar. Reuniu milhares de pessoas dentro e fora da Catedral da Sé, na cidade de São Paulo. Os militares tentaram impedir a missa, bloqueando a cidade inteira com barreiras policiais, impedindo o acesso à Catedral e o trânsito na cidade, mas não tiveram êxito. A cerimônia tornou um dos primeiros atos contra o regime militar.

     Em 1978, o juiz federal Márcio Moraes, em sentença histórica, responsabilizou o governo federal pela morte de Herzog e pediu a apuração da autoria e das condições em que ocorrera. Entretanto nada foi feito. Em 24 de setembro de 2012, o registro de óbito foi retificado, passando a constar que a "morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos".

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