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Dora Vivacqua a Luz Del Fuego

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04/03/2023

Da redação

Luz del Fuego, nome artístico de Dora Vivacqua, (Cachoeiro de Itapemirim, 21 de fevereiro de 1917 — Rio de Janeiro, 19 de julho de 1967) foi uma bailarina, naturista e feminista brasileira. Dora foi a décima quinta filha de Etelvina e Antonio Vivacqua, de famílias oriundas da imigração italiana no Espírito Santo. Foi irmã do senador Attilio Vivacqua. Luz del Fuego teve sua vida levada para o cinema em um filme estrelado por Lucélia Santos, que no entanto não retrata nem de perto o que foi a vida desta lutadora. Dança - Em 1944 inicia suas apresentações como bailarina, usando o nome artístico "Luz Divina", no picadeiro do circo "Pavilhão Azul". Posteriormente por sugestão do amigo e palhaço Cascudo, mudaria o nome para Luz del Fuego, nome de um batom argentino recém-lançado no mercado. Ele acreditava que o nome em espanhol atrairia o público. Depois de um tempo estudando na Europa, Luz del Fuego volta ao Brasil em 1950 e começa a revolucionar os costumes do povo brasileiro.

Da Infâncias a maioridade
• 21 de fevereiro de 1917 - Nasce Dora Vivacqua, em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Era madrugada de uma segunda-feira de carnaval. Dora foi a décima quinta filha de Etelvina e Antônio Vivacqua. Tinha adoração pela irmã Mariquinhas Vivacqua (“queria que ela fosse sua mãe”), musa de Carlos Drummond de Andrade.
• 
Início dos anos 20 - A família Vivacqua se muda para Belo Horizonte, em Minas Gerais. Dora conhece o serpentário do Instituto Ezequiel Dias e este passa a ser seu passeio preferido.

• 1929 - As seis filhas mais velhas do casal Vivacqua estavam casadas. Etelvina resolve voltar para Cachoeiro e ficar perto do marido. Nessa época, Dora entrava na adolescência e seu gênio assemelhava-se cada vez mais ao da irmã Mariquinhas. Não aceitava ordens nem opiniões sobre sua vida.

• 29 de agosto de 1932 - Antônio Vivacqua, pai de Dora, é assassinado em Cachoeiro do Itapemirim por pessoas que, dias antes, ele havia despejado de um dos seus inúmeros terrenos. Rubem Braga e seu irmão, Newton Braga, foram os primeiros a chegar ao local do crime. Dora estava com quinze anos e se sentia sufocada na pequena Cachoeiro. Nem mesmo Vitória lhe era conveniente. Queria ir para o Rio de Janeiro. Abominava o uso do sutiã. Desfilava pela praia de Marataízes de calcinha e bustiê improvisado com lenços quando o biquini ainda estava longe de constar do vocabulário nacional. Com a morte de Antônio, Etelvina volta para Belo Horizonte. Dora também, mas logo em seguida vai para o Rio, então capital federal, sob a tutela de seu irmão Attilio.

• Janeiro de 1936 - Dora está com 19 anos e vive um romance - inicialmente comemorado e agora já intolerado - com José Mariano Carneiro da Cunha Neto que pertencia a uma das mais importantes família do Rio. Attilio manda-a de volta para Minas onde sua irmã Angélica flagra - em sua própria cama - seu marido Carlos, um dos maiores empreiteiros do Brasil à época, bolinando Dora. A maior parte da família preferiu acreditar nas mentiras de Carlos e tomou Dora como esquizofrênica. Isso lhe custou dois meses de internação no Hospital Psiquiátrico Raul Soares, em Belo Horizonte, e dez quilos a menos.

• 1936 - Seu irmão Achilles enfrentou Carlos e o proibiu de voltar à casa dos Vivacqua (o que não aconteceu até que Achilles morresse em dezembro de 1942). Preocupado com o estado que Dora saíra do hospital, Achilles a convence a passar uma temporada na fazenda de Archilau, outro irmão, quatorze anos mais velho que ela. Tinha liberdade até que apareceu como “Eva” - com três folhas de parreira presas nos seios e no púbis e duas cobras-cipós como braceletes - para o filho do administrador da fazenda, responsável em acompanhá-la onde quer que fosse. Quando repreendida por Archilau, jogou-lhe um vaso de cristal na testa. Toda essa rebeldia causou uma segunda internação, desta vez na Casa de Saúde Dr. Eiras, famosa clínica psiquiátrica do Rio de Janeiro. Achilles intervém mais uma vez e Mariquinhas resgata Dora, levando-a para morar com ela em Cachoeiro. Por pouco tempo. Dora foge para o Rio.

• Novembro de 1937 - Dora está mais uma vez no Rio. Retoma seu romance com Mariano mas não aceita oficilizar a relação. Aventurou-se como pára-quedista, mas foi logo proibida por Mariano. Apaixonada, aceitou e viu no pedido uma demonstração de amor. As desavenças começariam quando decidiu fazer um curso de dança na academia Eros Volúsia.

O surgimento de Luz del Fuego

• 1944 - E atenção, senhoras e senhores! Chegou o momento da grande atração da noite! Com vocês, a única, a exótica, a mais sexy e corajosa bailarina das Américas! Luz Divina e suas incríveis serpentes! Dora estava fazendo sua estréia como Luz Divina no palco do picadeiro do Circo Pavilhão Azul. Depois de dois anos, dezessete dias e quase uma centena de mordeduras, fazia seu espetáculo na companhia do casal de jibóias Cornélio e Castorina.

• 1945 - A Segunda Guerra estava chegando ao fim e Dora anotava suas experiências pessoais em um diário. Naquele tempo haviam treinamentos de blackout que deixavam Copacabana às escuras, “preparando-se para imaginários ataques dos inimigos”.

• 1947 - Luz Divina, por sugestão do amigo e palhaço Cascudo, mudaria o nome para Luz del Fuego, nome de um batom argentino recém-lançado no mercado. Segundo seu amigo, “nome estrangeirado atraía público”. Dora gostou da sugestão. A imagem do “fogo” representava bem sua nova opção de vida, já que antes ela era “água viva” (Vivacqua). Luz já havia salvado vários circos da falência com seus espetáculos e era contratada pela primeira vez pelo casal Juan Daniel e Mary Daniel, donos do Follies, um pequeno teatro em Copacabana. Suas falas - que ela nunca decorava - ficaram sob responsabilidade de um jovem membro da família que, aos doze anos, ingressava na carreira artística: Daniel Filho. O espetáculo Mulher de Todo Mundo fez muito sucesso. As notas na imprensa começaram a aparecer e, ainda que desvinculada do nome Vivacqua, as atividades de Luz causavam incômodo à família. Attilio havia sido eleito senador e ter uma irmã dançarina era um prato cheio para os adversários. Não bastasse isso, Luz resolve publicar seu diário com o título de Trágico Black-Out. Trechos comprometedores, como a sedução pelo cunhado, e fatos que aludiam a uma prostituição assumida davam o tom do livro. Attilio conseguiu comprar mais da metade da edição - mil exemplares - e colocar fogo nos volumes. Na orelha do livro, Luz anunciava um segundo com o sugestivo nome de Rendez-vous das Serpentes. Mas no ano seguinte (1948), ela publicaria A Verdade Nua, também autobiográfico e no qual lançava as bases de sua filosofia naturista. A família não precisou se preocupar desta vez, porque as próprias autoridades deram sumiço no livro. A segunda edição foi vendida por reembolso postal. O dinheiro serviria para arrendar uma ilha na qual instalaria a sede de seu clube naturalista.

• 1950 - As idéias naturalistas de vegetarianismo e nudismo apresentados em seu segundo livro começavam a ser colocadas em prática. “Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder”. Luz começou a tornar públicas suas idéias em um país onde ainda não se usava maiô de duas peças nas praias e o culto ao corpo se resumia ao concurso de Miss Brasil. Começou então a reunir um pequeno grupo de amigas na praia de Joatinga, próximo a sua casa na avenida Niemeyer. Apesar de ser uma praia deserta devido ao difícil acesso, Luz levava Domingos Risseto, Miss Gilda e Miss Lana (estes dois, transformistas amigos de Luz), alguns cães e, claro, Cornélio e Castorina, “sua maior garantia contra os abelhudos”. Todo esse cuidado não impediu que a polícia chegasse até lá e levasse todos para a delegacia. Luz percebeu então que o nudismo lhe asseguraria estar em evidência.

• Primeira metade dos anos 50 - Luz del Fuego causava furor por onde passava. Do Rio de Janeiro, passou a ser conhecida em todo o país. Seus shows eram garantia de bilheteria certa e levavam todos ao delírio. Era o tempo das vedetes: Mara Rúbia, Virgínia Lane, Dercy Gonçalves e Elvira Pagã, sua maior rival. Luz chegou a ser capa da revista Life, nos Estados Unidos. Doava rendas de seus espetáculos para instituições beneficentes fazendo leilões de si mesma. Foi multada e detida para interrogatórios várias vezes, depois alardeava em praça pública que o delegado - juiz ou prefeito - era muito duvidoso para seu gosto, porque “homem que é homem aprecia a beleza do corpo feminino”. E era detida outra vez, por desacato à autoridade. Seus irmãos se projetavam na política, no comércio e na área artística. O parentesco era inoportuno e eles a perseguiam cada vez mais. Attilio comprava edições inteiras de revista nas quais Luz aparecia e perdeu as eleições para governador no Espírito Santo (o adversário espalhara cabos eleitorais fantasiados de padres que andavam pelo interior do estado apregoando que o senador Vivacqua era irmão de uma mulher demoníaca). Luz tirava proveito da situação e, quando necessitava de dinheiro, ameaçava dançar nua nas escadarias do Senado. Attilio a chamava de chantagista, mas ela dizia que estava apenas cobrando a parte que lhe surrupiaram da herança paterna. Dizia que seu banco preferido era o “Preconceito S.A., de propriedade dos meus irmãos”. Enquanto isso Luz se cercava de amigos homossexuais e de seu principal parceiro no palco, Domingos Risseto. Criou o PNB - Partido Naturalista Brasileiro e conseguiu isto à custa de espetáculos gratuitos, seminua, nas escadarias do Teatro Municipal. Attilio conseguiu que o partido não fosse registrado. Luz seduziu o ministro da Marinha para conseguir a cessão de uma ilha para a sede de sua colônia. Conseguiu a ilha de Tapuama de Dentro, que tinha dois terços de seus oito mil metros quadrados formados de rochas, além de cactos e arbustos secos. Sentiu-se enganada e com vontade de desistir, mas isto não era de sua natureza. “Domingos”, gritou do alto de um rochedo, “não é linda a nossa Ilha do Sol?

• Segunda metade dos anos 50 - A Ilha do Sol passou a ser uma das grandes atrações do Rio de Janeiro, apesar de não fazer parte dos roteiros turísticos oficiais. Várias estrelas do cinema americano conheceram a ilha: Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Tyrone Powel, César Romero, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve MacQueen, que encerrou sua temporada de uma semana na ilha depois de acordar com uma das jibóias de Luz sobre seu peito. Em 1959, a loiríssima Jayne Mansfield e seu marido aportaram na ilha, mas foram proibidos de descer pois Jayne não queria ficar nua.

• Anos 60 - Luz passou a viver na e para a Ilha do Sol. Suas reservas financeiras foram terminando, a idade foi chegando e o mito começou a desaparecer. Seus amantes já não eram homens influentes e ricos. Envolveu-se com Júlio, um pescador musculoso e analfabeto, com quem manteve uma relação de muitos meses. Para que ele fosse vê-la diariamente, sustentava sua família em Paquetá. Seu último amor foi o guarda portuário Hélio Luís da Costa. Casado e com dois filhos, mandava o dinheiro de Luz para casa enquanto passava suas folgas na ilha. Os amigos quiseram alertá-la para um possível perigo do envolvimento com pessoas “deste nível”. Ela respondia que não se preocupassem e arrematava: “Eu sou uma Luz que não se apaga”.

• Julho/agosto de 1967 - Os irmãos Alfredo Teixeira Dias e Mozart “Gaguinho” armaram uma emboscada para Luz del Fuego no dia 19 de julho de 1967. As ações criminosas de Mozart haviam sido apontadas à polícia por Luz, e ele queria se vingar. Atraiu Luz ao seu barco e a matou. Fez o mesmo com o caseiro Edgar. O crime só foi desvendado duas semanas depois, a partir do depoimento que um coveiro deu aos jornalistas Mauro Dias, do jornal O Dia e Mauro Costa, do jornal Última Hora. Alfredo foi preso e confessou a participação nas mortes. Os corpos foram resgatados no dia primeiro de agosto. Gaguinho escapou de forma espetacular trocando balas com a polícia durante quinze dias. Somente depois de ter matado um cabo foi preso. A morte de Luz del Fuego poderia não importar à polícia, mas a de um colega militar, em plena ditadura, era algo imperdoável. Gaguinho foi preso e, junto com o irmão, condenado à pena máxima. Cumpriu sua pena no manicômio judiciário do Rio de Janeiro. Alfredo converteu-se a uma igreja evangélica e buscou o arrependimento e o perdão através de uma missionária de nome Dora. Ditou a um colega de cela os detalhes de seus crimes e chamou o relato de A Tragédia da Ilha do Sol.

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