Por: Redação*
A médica brasileira especializada em Neurocirurgia Pediátrica, Giselle Coelho, desenvolvedora de bebês simuladores para cirurgia de correção de cranioestenose e hidrocefalia, é a primeira brasileira a ganhar o prêmio “Jovem Neurocirurgião”, da World Federation for Neurosurgical Societies (WFNS) de 2015. Com uma história de vida inspiradora, a médica quer levar para todos os brasileiros a mensagem de dedicação e crença em seus ideais, independentemente de suas dificuldades.
O bebê simulador, produzido com tecnologia 100% nacional, é composto de borracha sintética termo sensível retrátil, combinada com diferentes polímeros que resultam em texturas, consistências e resistência mecânica semelhante aos tecidos humanos de uma criança. Permite o treinamento das técnicas cirúrgicas clássicas e minimamente invasivas e a simulação de diversas complicações, inclusive com sangramentos.
“O bebê simulador tem papel fundamental na redução de erros da curva de aprendizado dos jovens médicos, devido a possibilidade de repetição do procedimento quantas vezes forem necessárias até chegar no acerto, garantindo muito mais segurança aos médicos e pacientes submetidos aos procedimentos reais. Além disso, é uma ferramenta valiosa de supervisionamento e certificação do jovem neurocirurgião”, ressalta a especialista e “mãe” do bebê simulador.
O nascimento do projeto - Dra. Giselle Coelho explica que a ideia de desenvolver um simulador que permitisse o treinamento de abordagens cirúrgicas em bebês surgiu durante seu quarto ano da residência médica em Neurocirurgia (em 2009) e chegou a ser bastante desestimulado por vários colegas e preceptores brasileiros.
O sonho começou a tomar corpo para a realidade quando a Dra. Giselle Coelho viajou em 2010 para a Harvard Medical School para realizar para um curto período de fellowship em planejamento cirúrgico e estimulação magnética transcraniana. “Em uma conversa informal com um colega sobre o meu projeto, o mesmo, que era chefe da Urologia Pediátrica, fez contato telefônico imediato com professor Dr. Benjamin Warf, um dos principais nomes da neurocirurgia mundial, que agendou uma reunião comigo para o dia seguinte.
Montei uma apresentação com uns simuladores adultos que estava projetando e o professor ficou impressionado. Meu inglês, ainda bem ruim na época e o nervosismo de estar em frente de um dos maiores nomes da neurocirurgia ainda me permitiram compreender a frase proferida por ele: ´Incrível! Eu estava esperando por este simulador pediátrico há 20 anos´.”.
Foram quatro anos de trabalho intenso e algumas dificuldades, até porque a médica não dominava o inglês e teve de correr atrás do aprendizado do idioma durante o processo. ”Mas, ao final, criamos um simulador muito realista, compreendendo da forma mais fidedigna possível o corpo humano de um bebê, e com todas as vertentes de simulações vistas em casos reais para o melhor aprendizado do jovem neurocirurgião. Tal resultado foi essencial para motivar a inscrição do projeto ao prêmio da WFNS.”
Entendendo a premiação: A avaliação do prêmio Jovem Neurocirurgião da WSFN concedido anualmente a cinco jovens neurocirurgiões é realizado às cegas. Ou seja, cada projeto é analisado por uma banca de especialistas, sem acesso ao nome e perfil dos profissionais inscritos, nem mesmo sexo e nacionalidade, visando garantir total idoneidade na avaliação.
Durante o recebimento do prêmio na sede do congresso em Roma, ao final do ano de 2015, Dra. Giselle ouviu que seu projeto foi recebido com grande surpresa e entusiasmo pela banca, que o enobreceu ainda mais ao saberem a sua origem.
Atualmente, o simulador está em fase final de validação com o treinamento com cirurgiões não experientes. A partir deste projeto, os simuladores virtuais, com foco na demonstração tridimensional, somam ao aprendizado no protótipo do bebê. A combinação entre os simuladores físicos e virtuais é, então, denominada simulação mista, idéia que culminou com a premiação. ( com informações da Baruco Comunicação Estratégica)