As eleições municipais de 2016 já sofreriam efeitos de retardo por conta das alterações da nova lei eleitoral, promulgada em 2015. A partir dela as campanhas eleitorais estarão mais enxutas e compactas, mas também frias e racionais. Até aí tudo bem.
Mas o que pode de fato incomodar o processo eleitoral local é o acirramento das relações políticas no âmbito nacional, agravados pela vigésima quarta etapa da Operação Lava-jato, a Aleatheia (ou busca da verdade), que coercitivamente fez o ex-presidente Lula depor na PF.
Quase simultaneamente o STF acatou a denuncia contra o presidente da Câmara Dep. Federal Eduardo Cunha (PMDB), o que acelera seu possível (ou provável) afastamento; e o acordo de delação premiada do Senador Dulcídio do Amaral (PT) que como imã, atraiu definitivamente a Presidente Dilma para o centro dos desvios e corrupção na Petrobras.
Então imaginemos o cenário onde candidato/as a prefeito/a ou a vereador/a municiados com seus santinhos e toda boa lábia pedindo “votem em mim”; e ao abordarem o/as eleitor/as se depararão com a frieza, má vontade, e mesmo a ira, efeito do bombardeio dos noticiosos nacionais, cujo conteúdo será, via de regra, desanimador.
Há, portanto, a impressão de que o exercício do/as candidato/as na campanha eleitoral, aconteça na base do “água mole em pedra dura”. E vendo se haverá tempo de bater e furar o gelo dos corações eleitorais.
Mas teme-se que o curto e oprimido período de campanha associado ao estranhamento do/as cidadã/os, frente o estrondo de nossa república retumbante, ponham em risco a legitimidade do pleito, com aumento significativo da abstenção eleitoral.
* sociólogo e analista político.