O Espírito Santo foi tomando ontem, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, mais uma vez, por manifestações do povo, e não por profissionais, pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT-MG). De acordo com informações dos organizadores cerca de 250 mil pessoas participaram das manifestações com as palavras de ordem “fora Dilma” e “prisão para Lula”. Nos quatro protestos realizados desde o ano passado pedindo o impeachment de Dilma, este foi o que reuniu mais participantes capixabas. De acordo com a Polícia Militar do Espírito Santo, este ano em Vitória, 120 mil pessoas participaram do protesto.
A presidente Dilma, em seu primeiro mandato, 2011/2014 ela navegou em mar de almirante. Porém, desde que assumiu o seu segundo mandato em 1º de janeiro de 2015, só tormentas, com denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão do governo dela que começaram a pipocar na imprensa. Os fatos motivaram uma primeira manifestação pedindo o impeachment dela no dia 15 de março. Em São Paulo, cerca de 1 milhão de pessoas foram a Avenida Paulista protestar. Outras se sucederam em 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro de 2015.
E ontem, dia 13, o capixaba foi a rua em um número surpreendente, mais de 200 mil pessoas, só na Capital, segundo os organizadores da manifestação, mais do que o triplo, em relação a março de 2015. Vitória reuniu naquela ocasião, cerca de 65 mil pessoas. Este ano 120 mil pessoas compareceram à Praça do Papa, na Enseada do Suá, na Capital, em protesto pelo impeachment de Dilma, segundo informações da polícia. O número também é composto pelos manifestantes que saíram de Vila Velha e mais uma vez atravessaram a pé a Terceira Ponte.
Como de costume, quem foi às ruas usou as cores verde, amarelo e azul, simbolizando a bandeira do Brasil. Desta vez, quem protestou não pediu só o impeachment de Dilma, mas também a prisão do ex-presidente Lula. Muitos dos que foram ao ato revelaram que o avanço da Operação Lava Jato e o pedido de prisão preventiva de Lula os motivaram a participarem do protesto.
O protesto não teve confronto entre grupos antagônicos. Grupos pró-Governo Federal chegaram a se concentrar nas proximidades da Praça do Pedágio, mas se retiraram após solicitação da Polícia Militar. A manifestação se encerrou pouco antes das 18h, quando muitos moradores de Vila Velha retomaram a caminhada pela Terceira Ponte para voltar ao município, o que deixou as pistas fechadas ao trânsito até às 21 horas de ontem.
As manifestações históricas
Marcha da Família (1964) - A "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" foi um protesto realizado no dia 19 de março de 1964, em São Paulo, contra o presidente João Goulart, considerado comunista pela elite conservadora do País. Quase 500 mil pessoas reuniram-se na Praça da Sé. A marcha foi considerada uma espécie de estímulo ao golpe militar que seria dado em 1º de abril.
Comícios das Diretas Já (1984) - O Brasil ainda vivia sob o julgo da ditatura militar instalada em 1964 e o voto universal para presidente havia sido abolido. Tramitava no Congresso a Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que voltaria a dar oportunidade para os brasileiros eleger seu mandatário máximo. Assim, entre janeiro e abril de 1984 foram realizados grandes comícios pelo País pedindo a volta das eleições diretas. Os dois maiores foram em abril: no dia 10 cerca de 1 milhão de pessoas se reuniram na Candelária, no Rio; e no dia 16, 1,5 milhão no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Impeachment de Collor (1992) - O primeiro presidente eleito após mais de 30 anos, Fernando Collor de Mello, tinha seu governo envolvido em denúncias de corrupção. Diante disso começaram a ocorrer passeatas em vários Estados exigindo a saída dele da presidência. No dia 18 de setembro, em São Paulo, ocorreu a maior delas, com cerca de 750 mil pessoas.
Manifestações de junho (2013) - Inicialmente o motivo das manifestações era o aumento das tarifas de transporte público em várias capitais. Em decorrência da repressão policial aos protestos, em especial, em São Paulo, houve uma indignação por parte de toda a sociedade, o movimento ganhou corpo e se alastrou pelo País. A pauta de reivindicações foi ampliada com os manifestantes pedindo a melhoria dos serviços públicos, o fim da corrupção e questionando os gastos com a Copa do Mundo de futebol de 2014. Estimativas de mais de um milhão de pessoas em todo o País em 20 de junho.
Manifestações pró-impeachment (2015) - Desde quando a presidente Dilma assumiu o seu segundo mandato em 1º de janeiro de 2015 denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão do Governo começaram a pipocar na imprensa. Os fatos motivaram uma primeira manifestação pedindo o impeachment dela no dia 15 de março. Em São Paulo, cerca de 1 milhão de pessoas foram a Avenida Paulista protestar. Outras se sucederam em 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro de 2015.