Por: Paulo César Dutra*
Há 13 anos, conforme matéria do jornal A Tribuna do dia 10.03.2007, um texto na pagina 24, destacava que o Estado do Espírito Santo, produziria etanol em uma parceria do Governo do Estado com o Grupo Infinity Bio-Energy e o Grupo Donati para criação de um complexo de R$ 350 milhões com a estimativa de 17 mil empregos, diretos e indiretos. Poucos imaginavam que esta parceria causaria a maior crise econômica, nunca antes conhecida na história política-administrativa capixaba, que já dura 13 anos. Isso mesmo, quem vendeu ou prestou serviço para esse complexo ES, Infinity e Donati, não recebeu ‘um tostão’ e está devendo até aos dias de hoje aos bancos (Banestes e Bandes estão na lista), financeiras e a agiotas. Ou seja, o complexo, deixou o Norte do Estado mais pobre, em crise, sem qualquer perspectiva de se reerguer, vítima de uma gestão desastrosa Governo do Estado entre 2007 e 2020.
Porque escrevo isto! É porque li a Coluna Socioeconômicas, da última quarta-feira, 15, no site Século Diário do meu velho amigo e bom companheiro de redação, jornalista Rogério Medeiros. O que me chamou a atenção foi a principal matéria da coluna “ Gestor de crises?” que abre o texto assim: ... Dos artigos publicados sobre a pandemia do coronavírus na imprensa nacional, onde encontra campo aberto, às lives com cortejo “online” dos mesmos aliados de sempre, o ex-governador Paulo Hartung há dias “dá lições” de como enfrentar a crise e o pós-Covid-19. Nesta quarta-feira (15), abriu uma série de debates nos canais da CLP – Liderança Política, com o tema "A resposta dos governos estaduais à crise e como o funcionalismo público pode contribuir neste momento"...
...Falou de lideranças descoordenadas, sinalizando para o governo federal, mas sem deixar de apontar para a “farra do dinheiro público” por governadores e prefeitos, em referência ao projeto de ajuda financeira aprovado na Câmara dos Deputados que, segundo ele, “não é bom e tem que ser aperfeiçoado no Senado”. Também não perdeu a chance de destacar que “não é hora de ‘brigalhada’ política” e que “tem muita gente olhando para 2022”.
Sobre a máquina pública, mandou diretas: “as lideranças políticas já deveriam ter feito gestos em relação aos seus ganhos pessoais”, exaltando iniciativa do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que anunciou corte de 30% no próprio salário durante três meses. Outra solução apontada pelo ex-governador foi a redução em 5% dos salários de todo o funcionalismo público para cobrir as quedas de receitas. “A máquina é cara e entrega pouco”, criticou.
Em oito mandatos, três de governador, e com duas crises no meio no último (até 2018), o credenciam para tal análise e direção, como destacou Hartung. Tudo muito interessante, não fosse o fato de o ex-governador jamais ter combatido a máquina, pelo contrário; ter usado e abusado do poder para eliminar seus adversários; e sequer ter sanado as crises que enfrentou, diferentes da pandemia, mas como ele próprio citou também graves. Nem na época, nem depois: o crime da Samarco/Vale-BHP e a greve da Polícia Militar...
Fiquei surpreso com a investida do ex-governador e relembro aqui, dando continuidade ao que escrevi no leader do texto, que ele é muito sortudo, porque não existe nenhuma investigação séria dos órgãos competentes no Estado e no Brasil sobre as desastradas gestões dele nos períodos de 2003 a 2006; 2007 a 2010 e 2015 a 2018. Duas piores gestões foram as do etanol que culminou com o Norte do ES e a do rombo de R$ 57 milhões do Banestes. Duas “crises” que nunca serão extintas. Vão ficar na história capixaba.
PH Não é Investigado
O governador do Espírito Santo Paulo César Hartung Gomes (MDB) apesar de ter concorrido para a prática do crime de gestão temerária no Banco do Estado do Espírito Santo - Banestes, que está fora do cargo, deixou no banco um empréstimo descoberto de R$ 57 milhões (valores de 2007), liberado quando ele era chefe do executivo estadual em 2007.
O empréstimo, cuja autorização ocorreu na residência oficial da Praia da Costa em Vila Velha, foi assinado pelo Hartung, pelo o vice-governador Ricardo Ferraço, pelo secretário de estado do Planejamento, Guilherme Dias, pelo presidente da Assembléia Legislativa, Guerino Zanon e pelo representante da empresa beneficiada e golpista Infinity Bio-Energy, o diplomata Sergio Schiller Thompson Flores que depois que pegou o dinheiro, nunca mais foi visto no Espírito Santo.
Misteriosamente a empresa faliu no final de 2007 e o banco sofreu o maior golpe dos seus mais de 80 anos de história. O golpe causou prejuízo ao patrimônio dos correntistas, investidores e poupadores do Banestes, que vão ter que pagar essa conta se o governo não cobrir o saldo devedor. O Banco do Estado do Espírito Santo – Banestes não conseguiu e nem vai conseguir receber neste mandato, os R$ 57 milhões (valor de 2007) emprestados ao Infinity, com sede nas Ilhas Cayman, no paraíso fiscal do Caribe, nos mares da América Central.
Na Assembléia Legislativa do Espírito Santo - ALES o golpe dos R$ 57 milhões contra o Banestes, chegou haver as manifestações dos deputados estaduais Marcelo Santos, Gilsinho Lopes e Freitas com as propostas de se abrir a CPI do Golpe no Banestes. Porém as manifestações (discursos), dos parlamentares que estão registrados nos anais da Casa de Leis não foram adiante e com isso, nenhuma CPI foi aberta.
Então, de acordo com especialistas no assunto, o presidente financeiro do banco e demais diretores da instituição bancária (de 2007), inclusive que confirmaram (via e-mail) que o banco havia sido vítima da empresa Infinity, podem ser inclusos no processo (caso algum dia seja aberto), porque tiveram participação decisiva na prática do crime de gestão temerária. Eles expuseram desnecessariamente os bens de terceiros a riscos reais e objetivos (os correntistas, investidores e poupadores do Banestes).
Curiosamente, não existem ainda investigações e muito menos aberturas de processos do Golpe dos R$ 57 milhões no Tribunal de Contas do Espírito Santo – TCES; no Tribunal de Contas da União – TCU; no Ministério Público do Espírito Santo – MPES; no Ministério Público Federal no Espírito Santo – MPF-ES; no Banco Central e nem nos judiciários (estadual e federal). E pelo andar da carruagem, o governador eleito José Renato Casagrande (PSB), é quem vai segurar essa ‘bananosa’ a partir de 1º de janeiro de 2019.