Ser dono de um órgão de imprensa, como exemplo o jornal, é uma coisa. Saber fazer jornal é coisa completamente diferente. Um jornal e um jornalista não podem fugir da verdade. Ali, no impresso, fica gravado para sempre a história, os fatos da época. A imprensa nacional, lamentavelmente, passa por um momento crítico, no campo de credibilidade.
Quem estragou a imprensa escrita, foi a TV, com seu noticiário rápido, como o rádio, que quem assiste ou quem ouve não se dá ao trabalho de gravar, para a “posteridade”.
Um dos melhores jornais que se editou no mundo, o melhor em tudo, uma verdadeira escola de jornalismo, foi o Jornal do Brasil, na antiga e linda sede da Av. Rio Branco, ao lado da Galeria dos Empregados do Comércio, perto de esquina com a rua Sete de Setembro com a avenida, quase defronte ao Edifício Guinle, onde trabalhei, ali, no 5º andar, nos escritórios do advogado e corretor de imóveis, Fabricio Ponce de Leon, um dos melhores homens que encontrei na vida, bem como sua saudosa esposa, d. Angela Ponce de Leon, de quem gostava muito.
O jornal do Brasil era da Família Pereira Carneiro, de larga tradição carioca e onde pontificavam as maiores expressões do jornalismo brasileiro. Morrendo o Conde Pereira Carneiro, a viúva tomou conta dos negócios e, no meio do caminho, pela importância do jornal, um dos melhores do mundo, uns malucos, com a morte da Condessa, resolveram construir uma moderna sede na Av. Brasil. Surgiu a TV e o jornal entrou em decadência, cerrando suas portas.
Há outros jornais que morreram antes, aliás, muitos, até que de jornais, propriamente ditos, restaram O Globo, da Família Marinho, com sede no Rio de Janeiro. O Estado de São Paulo, o mais importante do Julio Mesquita e a Folha de São Paulo. Há 20 anos atrás em média, esses três tinham uma tiragem de 300 mil exemplares, cada. Hoje, estão na casa dos 70 mil, daí pra menos. Por que a imprensa escrita morreu? Porque ela passou a ser feita por quem não sabe fazer jornalismo, por picaretas, por vendedores de espaço, sem alma, sem cultura, sem conhecer o que seja liberdade de imprensa, a noticia verdadeira.
Comecei minha vida vendendo jornal, O Norte, que meu pai editava, até que foi preso, na década de 40, porque escreveu um editorial contra o sistema de cobrança de imposto territorial rural, à época do Estado Novo. Quando saiu da prisão, vendeu tudo que tinha em São Mateus, indo para o Rio de Janeiro, retornando de onde saiu, o Correio da Manhã, de Edmundo Bittencourth, família com ramificação em Alagoas, de onde a família Uchôa de Mendonça se estabeleceu, em torno de 1880, após o término da escravidão.
Em 1958, a pedido de Eleosipo Cunha, dono de A GAZETA, meu pai veio para Vitória dirigir o jornal, passando depois para as mãos de Alfredo Alcure, Eugênio Queiroz e Carlos Lindenberg, tendo então Carlos Lindenberg convidado meu pai a permanecer dirigindo A GAZETA, até 1961, quando se aposentou e eu continuei, até setembro de 2017, quando sai, construindo um blog próprio (www.uchoademendonca.jor.br) onde escrevo o que bem entendo, dando satisfações a mim mesmo.
Com as recentes eleições municipais no Brasil, no fechamento do noticiário do segundo turno, a Folha de São Paulo, que vai completar 100 anos de existência em fevereiro próximo, na sua edição de 30 de novembro, saiu com a seguinte manchete: “Covas é reeleito; no país, PT e Bolsonaro são derrotados”. É uma manchete mentirosa, infeliz. Sem partido, o presidente Jair Messias Bolsonaro foi o único vitorioso nas eleições municipais de 2020. Todas as câmaras municipais foram, praticamente destruídas, com novos vereadores eleitos, que nunca tentaram entrar naquelas casas. O candidato do PSDB, Bruno Covas Lopes, reeleito, teve menos votos do que os votos em branco (dos que se abstiveram de votar). Lula, o maior líder popular, de tão popular que foi preso como ladrão está completamente sepultado politicamente, com todos seus seguidores. O PT não fez um prefeito de capital, raras prefeituras do interior brasileiro. Como Bolsonaro pode ter sido derrotado, se não tem nem partido? Ajudou a derrotar alguns comunistas, sem fazer comício, sem aparecer em público.
Esse é o imaginário mentiroso da imprensa brasileira. A serviço de quem? O que resta de imprensa nacional está falindo, pela falta de escrúpulos no que escreve, sem criatividade, capacidade de transmitir os fatos sem distorcê-los, sem mentir.
As tetas públicas secaram!