*Por REUTERS/Carla Carniel.

 

Uma cliente da Livraria da Vila no Shopping Morumbi, em São Paulo, Capital do Estado de São Paulo, no Brasil, criou uma cena ao ver que o local vendia exemplares da biografia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mulher derrubou uma pilha de livros e chegou a jogar alguns contra funcionários, perguntando se não tinham "vergonha de vender esse lixo".

O caso ocorreu em novembro de 2021, mas só ficou conhecido pelo autor, o jornalista Fernando Morais, no início deste mês. A Livraria da Vila confirmou o episódio ao jornal Folha de S. Paulo, que informou que uma cena semelhante aconteceu na unidade de Campinas, no interior do estado.

"Em vez de destruir os livros, eu prefiro que as pessoas primeiro comprem, paguem e depois incendeiem. Acho mais justo [com os vendedores]. Pode comprar dois, dez, até cem e fazer uma fogueira", afirma Morais. "Eu até prefiro que [a pessoa] leia para aprender um pouquinho da história do Brasil”, disse o autor ao jornal.

Segundo o jornalista, a demanda pelo livro segue alta e as vendas devem bater a marca de 100 mil exemplares em breve.

 

De acordo com um levantamento realizado pela plataforma Nielsen Bookscan em parceria com o site Publish News, a biografia do ex-presidente é o 6º livro de não-ficção mais vendido no Brasil.

O mesmo levantamento mostrou que a publicação supera - em muito - as vendas da biografia do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que aparece em 16º lugar da lista.

A Livraria da Vila afirmou que a bibliodiversidade faz parte da filosofia da empresa. "A Livraria da Vila é um espaço plural e democrático, vendemos livros de vários campos ideológicos e posicionamentos políticos diversos", disse em nota. "Esperamos que os clientes percebam a Livraria como um espaço de conhecimento, sem ataques ou cenas de violência à equipe ou bens materiais".

Biógrafo no programa Canal Livre da Band News

Fernando Morais diz que não quis saber qual era a opinião de Lula sobre a biografia lançada em novembro de 2021. O biógrafo diz que teve liberdade total e não sabe opinião de Lula sobre livro

Da Redação do com Canal Livre

13/02/2022 • 19:29 - Atualizado em 13/02/2022 • 21:44

Autor da biografia sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o escritor Fernando Morais disse, em entrevista ao programa Canal Livre dia 13.02.2022, domingo, que teve total liberdade para escrever o livro, que teve o primeiro volume lançado em novembro de 2021.

Morais contou que não quis saber qual era a opinião de Lula sobre a biografia, uma vez que tem a preocupação de agradar apenas aos leitores. No momento, ele trabalha no segundo volume do livro sobre o ex-presidente.

“Eu estava na casa dele [Lula] há um mês. Tinha 15 dias que ele tinha voltado da Europa, portanto, supostamente, já tinha lido o livro. Alguém que estava na roda me disse: ‘Você já perguntou ao presidente o que ele achou do livro?’. Eu falei: ‘Eu não. Não escrevi para ele. Eu escrevi para os leitores’. ‘Com todo respeito, presidente, a sua opinião sobre o livro é irrelevante. Eu não escrevi para o senhor’, lembrou Morais.

O escritor ainda disse que Lula não fez pedidos especiais sobre a biografia e não fez leitura prévia do primeiro volume. “Ele me liberou para escrever o que eu quisesse escrever. Ele não leu uma linha, uma sílaba antes dos leitores”, disse.

Autor de diversas biografias, Morais disse que mantém a mesma premissa para outros trabalhos da carreira.

“O único bem que acumulei aos 75 anos é, primeiro, a minha independência, escrevo o que dá na minha telha. Não tenho partido, não estou filiado a coisa nenhuma. Em segundo lugar, (acumulei) uma motocicleta que passeio pelo Brasil afora”, disse.

Fernando Morais foi entrevistado pelos jornalistas Rodolfo Schneider, Andre Basbaum e Fernando Mitre.  O Canal Livre vai ao ar às 20h de domingo no BandNewsTV e mais tarde, às 00h20, na Band.

Lula como negociador

Na entrevista, Fernando Morais disse concordar com a visão de que Lula, muitas vezes, é pragmático ao fazer política. 

“Eu brinco muito com ele: ‘você é um homem cheio de virtudes, mas tem um defeito imperdoável para mim, o senhor não guarda rancor. O sujeito te esfaqueia pelas costas e o senhor é capaz de ir lá e cumprimentar’. Ele é um sujeito, às vezes, muito enfezado. Esse jeito brincalhão dele esconde, às vezes, um camarada bravo. Mas é ao mesmo tempo um sujeito de pedir desculpas”, disse.

Ainda de acordo com Morais, esta caraterística está cada mais presente em sua vida política. “O Lula adquiriu, com o tempo, a noção de que, para fazer política, tem que negociar”, disse.

Atualmente, o petista negocia a possibilidade de o ex-tucano Geraldo Alckmin ser seu vice na chapa para as eleições presidenciais de 2022.

Segundo volume  

A ideia inicial de Fernando Morais era de que a biografia tivesse como ponto final a saída de Lula da presidência. Porém, a convivência com o ex-presidente fez ele mudar de ideia.  

“Tem coisa que ninguém viu e eu estava do lado dele, coisas que vão sair no segundo volume”, disse, referindo-se a episódios marcantes nos últimos anos do ex-presidente como a sua prisão.

“Do ponto de vista jornalístico. Seria um desrespeito ao leitor deixar de contar o que assisti durante o período que vai da posse de Dilma até a libertação do Lula”, disse