A foto acima registrou a cores, o golpe. Pela ordem da mesa estão Guilherme Dias, Sérgio Thompson, Ricardo Ferraço, Paulo Hartung e Guerino Zanon, que assinaram o documento para liberar a “bufunfa”
Por Paulo César Dutra
O grupo inglês de fachada Infinity Bio-Energ presidido pelo ex-diplomata Sérgio Schiller Thompson Flores usando documentos frios, aplicou em 2007, um golpe de R$ 57 milhões no Banco do Estado do Espírito Santo – Banestes, aqui no Estado do Espírito Santo, no Brasil. Porém, nunca foi processado pelo Banestes, porque toda a documentação apresentada pelo Infinity ao banco não serve de provas. Sérgio Flores que foi condenado a três anos de prisão, em 2019, pela Justiça Criminal do Rio de Janeiro, acusado de espancar a atriz da Globo, Cristiane Machado, cumpriu sete meses de prisão fechada e agora está em liberdade condicional usando tornozeleira eletrônica, por ser uma ameaça para a vítima.
Enquanto isto, o banco e as autoridades capixabas que assinaram o documento que liberou os R$ 57 milhões para o Infinity nunca foram investigados pelos órgãos competentes no assunto como a Assembleia Legislativa do Espírito Santo-ALES. Nunca houve uma manifestação se quer por aquelas entidades que se dizem “independentes” como a Transparência Capixaba. Paulo Hartung apesar de ter concorrido para a prática do crime de gestão temerária no Banestes, deixou no banco um empréstimo descoberto de R$ 57 milhões (valores de 2007), liberado quando ele era chefe do executivo estadual em 2007. Quem tem coragem de investigar?
Crime de gestão temerária
O empréstimo, cuja autorização ocorreu na residência oficial da Praia da Costa em Vila Velha, foi assinado pelo Hartung, pelo vice-governador Ricardo Ferraço, pelo secretário de estado do Planejamento, Guilherme Dias, pelo presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo - ALES, Guerino Zanon e pelo representante da empresa beneficiada e golpista Infinity Bio-Energy, o diplomata Sergio Schiller Thompson Flores que depois que pegou o dinheiro, nunca mais foi visto no Espírito Santo.
Misteriosamente a empresa Infinity faliu no final de 2007 e o banco sofreu o maior golpe dos seus mais de 80 anos de história. O golpe causou prejuízo ao patrimônio dos correntistas, investidores e poupadores do Banestes, que vão ter que pagar essa conta se o governo não cobrir o saldo devedor. O Banco do Estado do Espírito Santo – Banestes não conseguiu e nem vai conseguir receber os R$ 57 milhões (valor de 2007) emprestados ao Infinity, com sede nas Ilhas Cayman, no paraíso fiscal do Caribe, nos mares da América Central.
Na Assembleia Legislativa o caso sobre o golpe dos R$ 57 milhões contra o Banestes, chegou a ter as manifestações dos deputados estaduais Marcelo Santos, Gilsinho Lopes e Freitas com as propostas de se abrir a CPI do Golpe no Banestes. Porém as manifestações (discursos), dos parlamentares que estão registrados nos anais da Casa de Leis não foram adiante e com isso, nenhuma CPI foi aberta.
Então, de acordo com especialistas no assunto, o governo do Estado, o presidente financeiro do banco e demais diretores da instituição bancária (de 2007), inclusive que confirmaram (via e-mail) que o banco havia sido vítima da empresa Infinity, podem ser inclusos no processo (caso algum dia seja aberto), porque tiveram participação decisiva na prática do crime de gestão temerária. Eles expuseram desnecessariamente os bens de terceiros a riscos reais e objetivos (os correntistas, investidores e poupadores do Banestes).
Curiosamente, não existem ainda investigações e muito menos aberturas de processos do Golpe dos R$ 57 milhões no Tribunal de Contas do Espírito Santo – TCES; no Tribunal de Contas da União – TCU; no Ministério Público do Espírito Santo – MPES; no Ministério Público Federal no Espírito Santo – MPF-ES; no Banco Central e nem nos judiciários (estadual e federal). O governador José Renato Casagrande (PSB), que assumiu em 1º de janeiro de 2019, nunca mencionou, nem em sonhos, que “vai investigar o caso”.
O Golpe
O presidente do Infinity apareceu aqui no Espírito Santo em 2006, com indicação de um ex-presidente da República, para ser recebido pelo então governador Paulo Hartung, no Palácio Anchieta. Sérgio no primeiro encontro com o governador capixaba, disse que tinha um ousado plano para o Espírito Santo: montar o polo industrial de etanol e de açúcar nas regiões do Norte e do Noroeste capixaba. O plano foi apresentado a Hartung, que sem fazer qualquer investigação do grupo investidor, marcou reunião com o presidente do Infinity, no dia 9 de março de 2007, na Residência Oficial do Governo do Espírito Santo, na Praia da Costa, em Vila Velha-ES.
Na data marcada, Sérgio Flores foi recebido em solenidade na Residência Oficial do Governo do Espírito Santo, na Praia da Costa, em Vila Velha, pelo governador Paulo Hartung, pelo vice-governador Ricardo Ferraço, pelo secretário de Estado do Planejamento, Guilherme Dias e pelo presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Guerino Zanon. Curiosamente, nenhum representante do Banestes foi convidado a participar da solenidade da assinatura do documento que liberou os R$ 57 milhões, para o Infinity.
O Banestes confirmou via e-mail que os R$ 57 milhões foram levados do banco no dia 19 de março de 2007, através de sete (7) agencias nos seguintes valores: banco 1- R$ 6.123.565,05; banco 2- R$ 5.5333.587,17; banco 3- R$ 5.607.782,78; banco 4- R$ 5.50.588,67; banco 5- R$ 5.397.958,70; banco 6- R$ 13.539.228,61 e banco 7- R$ 11.941.094,69, sem nenhuma garantia. Bem apresentado e com indicação do Governo do Estado, o Infinity Bio-Energy deu calotes, no Banestes, em bancos particulares aqui no Estado, em produtores rurais, comerciantes, empresários, fornecedores e empregados do Infinity. Os que entraram na Justiça, até aos dias de hoje, não receberam ainda nenhum tostão se quer. O Banestes não entrou com processos contra o Infinity, por falta de provas legais.
A respeito dos questionamentos feitos pelo redator do site Folha Diária, através do e-mail faleconosco@banestes.com.br, o Banestes, por meio de seu diretor Comercial Ronaldo Hoffmann, informou na ocasião, que havia um processo de recuperação judicial aguardando os prazos legais determinados pela Justiça, para que houvesse uma Assembleia Geral de Credores. Só que ninguém sabe onde foram impetradas as ações judiciais do Banestes no Planeta Terra. A Coluna já localizou 54 processos contra o Infinity e Sérgio Flores, mas nenhum deles do Banestes, no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo.
O Banestes (que até hoje ninguém entendeu porque o banco ficou de fora da transação que era presidido na ocasião por Roberto Cunha Penedo) não participou da reunião na Residência Oficial da Praia da Costa. Porém, a presidência do Banestes se nega atender pedido de informações baseado na lei Lei nº 12.527 (direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas).
Início do Golpe
Em 10/10/2006 a Comunicação oficial do Governo do Estado divulgou no setor da Agricultura, matéria publicada no Jornal Valor Econômico, assinada pelas jornalistas Bettina Barros e Mônica Scaramuzzo que: ‘Espírito Santo atrai usinas, e Vale escoa álcool por Vitória’.
Segundo o texto das jornalistas, o Espírito Santo começava a despontar para o segmento sucroalcooleiro, com investimentos em novas usinas e no porto de Vitória, que já surgia como alternativa para escoar açúcar e álcool e desafogar o "tráfego" de Santos (SP), o maior porto da América Latina. O Infinity Bio-Energy, fundo criado por investidores americanos e britânicos, anunciou que fará investimentos de US$ 240 milhões na construção de novas duas usinas no Estado. E um novo terminal da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) escoará álcool do Triângulo Mineiro e de Goiás via Vitória.
De acordo com o jornal Valor, sem tradição em cana, as seis usinas instaladas no Estado, todas de pequeno porte, moinham na ocasião cerca de 4 milhões de toneladas por safra, ou quase 1% da produção nacional - em torno de 420 milhões de toneladas. Mas a boa demanda, sobretudo por álcool, nos mercados interno e externo estavas estimulando a produção em regiões com pouca tradição.
As jornalistas ainda citaram na matéria, que o Infinity Bio-Energy, companhia listada na bolsa de Londres desde 23 de maio de 2006, construiria duas usinas no Estado do Espírito Santo e iria utilizar a estrutura portuária de Vitória, como base exportadora de álcool, segundo o CEO Sérgio Thompson-Flores. Segundo ele, a empresa também tinha planos para investir em novas usinas no Mato Grosso do Sul. Naquela época o grupo também controla a Coopernavi, de Naviraí (MS) e a Cridasa, em Pedro Canário (ES).
Segundo Flores, que foi o entrevista das jornalistas, disse que o Infinity havia entrado no Brasil em 2006 por meio do fundo americano Evergreen. Este fundo naquele ano comprou a usina Alcana, de Nanuque (MG), e Coopernavi, de Naviraí (MS). "O Infinity incorporou o Evergreen e assumiu 100% do controle da Alcana e 51% da Cridasa", disse Flores.
Em entrevista ao Valor, em 2006, o gerente de projetos da Oiltanking no Brasil, Peter Van Wessel, afirmou que o terminal escoaria a produção de álcool do Triângulo Mineiro (que era feita integralmente por Santos) e Goiás via Vitória. Em menor volume, o álcool produzido por usinas do norte do Espírito Santo também seria direcionado ao novo terminal. "É importante lembrar que os custos serão mais competitivos em relação a Santos, que está mais longe", disse em 2006, Van Wessel.
Em 2006, o Danilo Queiroz, diretor de comercialização e fiscalização da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), disse que apesar de ter sido experimental, a operação ia gerar um novo nicho de mercado no porto. "Esse tipo de embarque é o ponto de partida para a implantação de um terminal especializado para a movimentação de álcool a granel pelo Porto de Vitória, uma importante mercadoria para o comércio internacional brasileiro", disse Queiroz.
A Secretaria da Agricultura do Estado do Espírito Santo revelou em 2006, que a cana respondia por quase 5% do agronegócio. O Estado era o maior produtor de café robusta do país, e também cultiva cereais, olerícolas, frutas e leite. O setor sucroalcooleiro movimentava por ano cerca de R$ 300 milhões na economia local e gerava cerca de 10 mil empregos diretos.
O novo presidente da Cridasa, Ricardo Moura, disse em 20/10/2006, que a expectativa era de investir, nos três anos seguintes, aproximadamente R$ 60 milhões. Naquela data aconteceu no Distrito de Cristal do Norte, em Pedro Canário, a posse oficial da nova diretoria da Cristal Destilaria Autônoma de Álcool S. A (Cridasa), que possuía uma capacidade de processar 750 mil toneladas de cana-de-açúcar anualmente e passaria a ser administrada pelo grupo Infinity Bio Energy.
A cerimônia foi acompanhada por cerca de 600 pessoas e contou com a presença do governador em exercício, o vice Lelo Coimbra, do deputado federal Renato Casagrande, do vice-governador eleito Ricardo Ferraço, lideranças políticas da região, da antiga diretoria da usina, do presidente da Infinity, Sérgio Thompson Flores, e de Ricardo Moura, novo presidente da Cridasa.
Segundo Sérgio Thompson, em seu discurso, em 2006,disse que “a primeira etapa desta nova fase da Cridasa será o investimento no aumento da capacidade de moagem de cana-de-açúcar, para atingir 1,5 milhão de toneladas. Vamos fazer, em parceria com os cooperados e fornecedores, os investimentos necessários para acabar de implantar uma unidade industrial e atingir essa capacidade, ajudando na expansão e no plantio de cana”.
Até o final de 2006 seriam aplicados R$ 4 milhões no plantio, e outros R$ 6 milhões já estavam destinados para essa mesma finalidade no ano de 2007. Para a segunda etapa o objetivo da Infinity é buscar oportunidades para desenvolver novas usinas na região. Até o final de 2006, deveria ser definida mais uma usina na região. Isto foi dito pelo Sérgio Thompson.
Naquela data, Eudes Bahia e Aldevar Borgo, ex-diretores da Cridasa, passaram a integrar a direção da Cooperativa dos Produtores Rurais de Cristal do Norte (Cristalcoop) que passou a ser a fornecedora de matéria prima para a Cridasa. A nova composição acionária da empresa passou a ser 51% da Infinity, 42% da Cristalcoop e 7 % de pequenos acionistas.
De acordo com Ricardo Moura, naquele dia em 2006, “a expectativa era que nos próximos três anos (2007, 2008 e 2009) sejam investidos, aproximadamente, R$ 60 milhões. Outros destaques da nova direção estão relacionados aos investimentos na responsabilidade social e meio ambiente”.
“O ser humano e o meio ambiente são pontos fundamentais no ponto de vista do grupo. Sem isso não conseguimos atrair investidores, nem se consegue participar do mercado livre”, disse Ricardo Moura.
Para consolidar esses pontos, em seu discurso na ocasião, Ricardo Moura afirmou que uma das primeiras medidas seria a adequação da empresa a todas as regras ambientais do plano de conduta do Espírito Santo. “Após essa fase se passa para uma nova evolução no que diz respeito ao ser humano. Todos os projetos sociais da comunidade local serão analisados e aqueles que tiverem consistência vão ser encampados pela Cridasa”, disse Ricardo Moura em 2006.
Produção competitiva
O potencial da região, a capacidade que tem de produzir de forma competitiva, potencial agrícola e a logística para o porto de Vitória, aliado ao trabalho realizado pela Cristalcoop, foram pontos relevantes para que a Infinity procurasse a parceria. “Sem dúvida nenhuma o Estado se constitui num pólo potencial relevante em nível nacional para esse setor. Temos uma base de apoio do Governo do Estado, que é fundamental para qualquer indústria que pretende instalar-se e desenvolver-se no Estado”, disse em 2006, Sérgio Thompson.
Ricardo Ferraço em 2006, exaltou a parceria como forma de desenvolvimento. “Esse é um dia muito relevante para todos nós capixabas e com certeza esse passo que se dá aqui, além de contribuir no desenvolvimento econômico e social do Estado, também dará uma importante contribuição nacional no negócio do álcool e do açúcar. Com boas parcerias estamos colhendo resultados fantásticos. Temos uma visão muito clara que essa região irá se transformar num pólo sucroalcooleiro muito estratégico”, disse ele.
Eudes Bahia naquele ano, ressaltou que a parceria definiu a área de ação da cooperativa no campo, que será o plantio da cana, ficando a gestão da Cridasa para a nova parceira. “A grande vantagem é a cooperativa ter capital para investir em plantio. Na negociação com a Infinity ficou definido que eles têm que fomentar o plantio de cana dos cooperados. O modelo proposto é um grande avanço”.
Como ex-presidente da Cidasa, Aldevar Borgo disse que a expectativa era a melhor possível pelo poder aquisitivo do novo grupo e a boa fase em que vive o pró-álcool. "Essa parceria só foi possível porque houve trabalho de base da diretoria e porque tratamos o associado, do menor ao maior, de forma igualitária".
No encerramento da cerimônia, o governador em exercício, Lelo Coimbra, afirmou que a parceria representava a maturidade da cooperativa de Cristal com um grupo que queria fazer investimento”. Isso mostra a maturidade dessa aliança, mas, acima de tudo, a possibilidade de que essa aliança seja feita num Estado em que as pessoas respeitam e que sabem que terão no Governo Estadual um estimulador, um parceiro para que uma ação desse tipo se fortaleça. É uma iniciativa que vai duplicar a capacidade de produção. Com certeza teremos no Espírito Santo um projeto respeitado nacionalmente”.
Informações adicionais: Assessoria de Comunicação da Seag-Arthur Wernersnach Neves-3132-1425/ 1468/ 9932-2657- Texto: Waldson Menezes-
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Mel-na-boca
No dia 09/03/2007, uma matéria oficial divulgada pela Comunicação anunciava uma das Ações de Governo com o seguinte título: Expansão do polo sucroalcooleiro vai gerar mais de 15 mil empregos no Norte. E no intertítulo “Queremos criar uma base econômica que vá além da indústria do petróleo e do gás natural", afirmou Hartung, ao lado de autoridades.
“A produção de açúcar e álcool no Espírito Santo irá dobrar nos próximos anos, consolidando a Região Norte como Pólo Sucroalcooleiro do Estado. Na manhã desta sexta-feira (09), foram anunciados novos investimentos para o setor, durante solenidade realizada na Residência Oficial do Governo do Estado, em Vila Velha. Na ocasião, foi formalizado o acordo de joint-venture entre a Infinity Bio-Energy e a Disa, o que possibilita a criação de um complexo industrial com capacidade de moagem de 3,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar”, disse Hartung.
Os números se referiam à atual produção da Disa, de 1,5 milhão de toneladas e à produção da nova usina Montasa, no município de Montanha, de 1,8 milhão de toneladasm em 2006. “A 1ª fase desta usina deverá entrar em operação em julho do próximo ano (2007). Em uma segunda etapa, a produção deve saltar para 3 milhões de toneladas. Os investimentos da ordem de R$ 350 milhões neste novo complexo agroindustrial vão possibilitar a geração de 17 mil empregos nos próximos três anos”, disse Hartung.
Diversificação econômica
O governador Paulo Hartung afirmou que o anúncio dos novos investimentos vai gerar impactos altamente positivos para a economia da Região Norte do Estado. "Esses investimentos vão ao encontro do projeto do Governo de desenvolver todas as regiões capixabas, a partir da vocação econômica de cada uma delas. Apesar de já sermos o segundo maior produtor de petróleo do País - a Petrobras acaba de anunciar que nossa produção chegou aos 106 mil barris por dia -, queremos criar uma base econômica que vá além da indústria do petróleo e do gás natural", afirmou Hartung.
A diversificação da economia capixaba faz parte do Planejamento Estratégico do Governo e contribui para consolidar uma base econômica forte e duradoura. O governador ressaltou que dentro desse contexto é fundamental que haja também a diversificação da agricultura. "Nossos produtores precisam diversificar a produção. O pólo sucroalcooleiro contribui para que isso aconteça, à medida que substitui pastagens, muitas vezes subaproveitadas, pelas plantações de cana. Além disso, o Governo vem investindo em pesquisas para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e desenvolver novas culturas no Estado", disse ele.
Ambiente favorável
O golpista travestido de executivo Sérgio Thompson-Flores, da Infinity Bio-Energy, destacou que encontrou no Espírito Santo um ambiente fértil para a realização de investimentos. "Aqui encontramos vantagens competitivas e um Governo local com seriedade e competência, que possibilita a concretização desse empreendimento, com responsabilidade social e ambiental", afirmou.
Sérgio Thompson-Flores afirmou, também, que o grupo ia trabalhar para conquistar novos mercados. "O crescimento sustentável é o que traz desenvolvimento social, progresso e qualidade de vida. Em função disso, é extremamente positivo que o Brasil seja fornecedor de álcool para o mundo. Temos que ter segurança de que este setor irá se desenvolver, pois o País vive um momento único no setor de açúcar e álcool".
O vice-governador, Ricardo Ferraço, destacou alguns benefícios econômicos e ambientais de se investir na cultura da cana, como a redução na emissão de gases que comprometem a camada de ozônio, o custo menor do álcool derivado da cana em comparação ao derivado do milho, e a produtividade maior da cana em relação ao milho.
Além desses benefícios, Ferraço lembrou que o álcool não compete com a produção de alimentos, diferentemente do milho. "O foco do Governo nos próximos anos será a inclusão social, e a interiorização dos investimentos públicos e privados é fundamental para a geração de emprego e renda em todas as regiões do Estado, proporcionando assim melhor qualidade de vida", ressaltou Ferraço.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e do Turismo, Guilherme Dias, também destacou a importância dos investimentos no interior. Ele enfatizou que o Governo está articulando o desenvolvimento de uma logística capaz de escoar a produção do álcool da região. "O Governo tem capacidade e credibilidade para mobilizar outros atores importantes, de forma a dinamizar o mercado de álcool no Espírito Santo".
A solenidade que marcou o anúncio dos novos investimentos contou com a participação do governador Paulo Hartung; do vice-governador Ricardo Ferraço; do secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Guilherme Dias; dos sócios e diretores da Infinity e da Disa; além dos prefeitos de Ponto Belo, Mucurici, Montanha, Pinheiros, São Mateus, Conceição da Barra e Pedro Canário, municípios que seriam diretamente beneficiados pelos investimentos.
Foi o maior mel-na-boca dos produtores rurais que acreditavam no Paulo Hartung e seus assessores que foram usados por Flores para aplicar o maior golpe econômico da história do Estado.
Golpe dos 57 milhões
No dia 9.03.2007, o presidente do Infinity, o ex-diplomata Sérgio Schiller Thompson Flores (que está preso desde 2019, no Rio de Janeiro), não perdeu a sua ida na Residência Oficial do Governo da Praia da Costa. Ele levou na sua pasta secreta cinco cópias do contrato de empréstimo do Infinity junto ao Banestes. Sem qualquer revisão o documento foi assinado autorizando a liberação de R$ 57 milhões do Banestes para o Infinity!
No dia 19.03.2007, a Assessoria de Comunicação do Banestes divulgou a sua rede social que o aquecimento do setor sucroalcooleiro estava se intensificando no Estado e o Banestes participava dessa ebulição, por meio da concessão de linhas de financiamento para produtores ligados à Infinity Bio-Energy. Informou ainda, que um dos primeiros grupos de investidores estrangeiros a chegarem ao País, a Infinity Bio-Energy possuía importantes investimentos não só no Espírito Santo, mas também em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Segundo a divulgação do Banco, o Infinity Bio-Energy buscou no Banestes financiamento para plantio de cana-de-açúcar para as destilarias ligadas ao grupo – Cristal Destilaria Autônoma de Álcool (Cridasa), Destilaria Itaúnas (Disa) e Açúcar e Álcool (Alcana). O Banestes também estava analisando projeto semelhante, a ser fechado com a Cia. de Álcool de Conceição da Barra (Alcon), e já fazia negócios com a Usina Paineiras. Do início deste ano (2007) até meados de março, o Banestes contabilizava, nas linhas de crédito destinadas ao setor sucroalcooleiro, 88 operações, que alcançaram a cifra de R$ 8,45 milhões, dizia a divulgação. Além das linhas de financiamento com recursos próprios, o Banestes disponibilizava, para empreendimentos de maior porte, recursos do BNDES específicos para a atividade. Esta e outras matérias estavam no site www.es.gov.br
Falência
E no final de 2008, após anunciar a falência, o Grupo Infinity Bio-Energy, que havia comprado tudo “fiado” , inclusive as usinas Disa e Cridasa no Espírito Santo e não tinha dinheiro para pagar “nem o garoto do picolé”, tentou entrar com pedido de recuperação judicial e para apresentar o seu plano de recuperação. Revelou que a partir da aprovação do plano em Assembleia Geral dos Credores, os pagamentos seriam devidamente equacionados.
Como o Espírito Santo tinha naquela ocasião, como governador Paulo Hartung, os representantes do Grupo Infinity, foram impedidos de dar entrada no pedido de recuperação judicial aqui na Justiça e foram expulsos do Estado, porque poderia respigar no governo capixaba. O Grupo Infinity pode dar entrada em São Paulo com o pedido de recuperação judicial e para apresentar o seu plano de recuperação. O caso está na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo.
Me engana
A situação dos 252 produtores capixabas de cana que forneceram o produto para as usinas do grupo Infinity "é dramática". Mas o Estado não tem condições de fazer muito mais do que já foi feito. Não fez nada! O Banestes quer é o pagamento do débito que eles (produtores) têm com o banco. O débito é resultado dos financiamentos feitos pelos produtores, que foram orientados pelo governador Paulo Hartung e cia, para investir nas lavouras de cana para vender para as usinas entre 2006 e 2007. A dívida de R$ 12 milhões (valor de 20012) referente à cana fornecida e não paga pelo Infinity, deve estar em torno de R$ 200 milhões (valores de 2020).
Na região produtora de cana, no extremo Norte do Estado, onde estão os fornecedores da Cridasa e de outras usinas, praticamente não há diversificação agrícola. Quem não planta cana cria gado. Ou desenvolve as duas atividades. Poucos produtores plantam eucalipto. E alguns poucos começaram a apostar nos plantios de goiaba. A dívida que o grupo Infinity tem com a Associação Regional dos Plantadores de Cana do Norte do Espírito Santo (Arplancanes) inviabilizou a assistência médica, hospitalar e farmacêutica que era prestada aos 120 associados, todos moradores do distrito de Cristal do Norte.
CPI, onde?
O deputado estadual Marcelo Santos, em 2009, levantou a hipótese de propor uma CPI na Assembleia Legislativa do Espírito Santo-ALES para apurar as dívidas deixadas pelo grupo inglês Infinity Bio-Energy na região norte do Estado. Durante a sessão ordinária o deputado propôs a realização de uma audiência pública em Pedro Canário, onde fica sediada uma das usinas do grupo, para discutir a situação dos produtores capixabas e de regiões vizinhas de Minas Gerais e Bahia.
Entre os problemas apontados pelo deputado figurava o grau de endividamento dos produtores rurais dos municípios de Conceição da Barra, São Mateus, Montanha, Pedro Canário, Mucuri, que contraíram empréstimos para investir na produção da cana e estavam endividados com os bancos. “O desastre de grandes proporções está nas ruas: desemprego, produtores rurais descapitalizados e endividados”. Até hoje, em janeiro de 2021, não foi apresentada a proposta de uma CPI na ALES.
Eldorado da cana
Quem acreditou no ex-governador Paulo Hartung, que as regiões norte e noroeste, seriam um “eldorado da cana”, nunca poderia imaginar que estava sendo a vítima, de um golpe sujo, praticado pelo preso da Justiça do Rio de Janeiro, o ex-diplomata Sérgio Flores! Quem investiu, entre 2006 e 2007, no etanol nas regiões norte e noroeste, “deu com os burros n’água”, perdeu tudo e ainda deve ao Banestes, que emprestou com uma mão e tomou com a outra! O reflexo da crise se alastrou nas regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo.
E para piorar, a crise saiu do campo e chegou às zonas urbanas. A pobreza é geral! Sem a continuidade da produção, o cidadão deixa de fornecer a matéria-prima e não tem condição de arcar com as dívidas. Enquanto o comércio local sofre com a falta de demanda dos produtores rurais. Uma lógica devastadora no que antes se anunciara um “eldorado da cana”.
Esperança
Aqueles que acreditam em ‘Papai Noel’, ‘Mula-Sem-Cabeça’ e ‘Saci-Perere’ precisam saber ou já sabem, as três usinas apresentaram resultados negativos. O tema é alvo de debates no campo e até na Assembleia Legislativa, onde uma comissão tentou – sem sucesso – intervir no pagamento dos débitos que variam entre milhares de reais com dezenas de produtores rurais (então fornecedores de matéria-prima) de financiamentos em aberto com o Banestes. O Banco só responde “eu quero o meu, com juros e correções”.
Houve a expectativa de que com a venda do grupo Infinity para o grupo brasileiro Bertin, do Mato Grosso do Sul, ainda no decorrer de 2010, as dívidas seriam pagas, porém o tempo passou e nada aconteceu, até hoje, 28.01.2021.
Dados recentes
No dia 23 de julho do ano passado, o site novaCana.com, publicou a seguinte matéria: A usina Alcana, localizada em Nanuque (MG), pode voltar a moer cana-de-açúcar depois de anos parada. Isso porque a Cia. De Álcool Conceição da Barra (Alcon), de propriedade de Nerzy Dalla Bernardina, arrematou a unidade em um leilão virtual, encerrado dia 17.07.2020. A usina, com área de 48,40 há, pertencia à massa falida da Infinity Bio-Energia e foi arrematada por R$ 12,92 milhões. O leilão autorizado pela 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo.
De acordo com dados de especialistas econômicos, as dívidas do Infinity Bio-Energy só no Espírito Santo, somam mais de R$ 3 bilhões. De quem é a culpa?