O ex-governador capixaba, o colatinense Raul Giuberti, foi o quarto e último representante do Norte do Estado do Espírito Santo a comandar o Palácio Anchieta, durante um ano, oito meses e 24 dias. Raul começou a sua vida política em Colatina como vereador. Depois foi prefeito da cidade em substituição ao seu compadre Justiniano de Mello e Silva Netto e chegou a vice-governador de 1958 a 1962 quando foi eleito senador. Como prefeito ele recebeu das mãos do Presidente da República, o diploma de Honra ao Mérito por comandar o município mais bem administrado do Brasil. Depois de Giuberti nenhum outro político nascido no Norte do Norte do Estado assumiu em definitivo o Governo do Estado.
O primeiro representante do Norte do Estado foi Constante Gomes Sodré – 9.09 a 20.11.1890 - Capixaba de São Mateus. O segundo foi o professor Alexandre Calmon, conhecido politicamente como “Xandoca”, capixaba de Linhares, que Governou de 26 de maio a 29 de junho de 1916. Foi um curto período de administração tomado por conflitos entre coronéis pelo controle do governo do Espírito Santo, de 26 de maio a 29 de junho de 1916. "Xandoca" estabeleceu um governo paralelo em Colatina, interior do Estado, contestando a eleição de Bernardino de Sousa Monteiro, sucessor do presidente estadual Marcondes de Souza. O terceiro foi Celso Calmon Nogueira da Gama – 22 de novembro de 1930 a 21 de janeiro de 1943 - Nasceu em Linhares (ES), no dia 22 de outubro de 1883. O quarto e último foi Giuberti. Depois dele nenhum outro político nascido no Norte do Norte do Estado assumiu em definitivo o Governo do Estado. Só em substituições passageiras.
Raul Giuberti
O médico e ex-governador Raul Giuberti, nasceu no dia 21 de abril de 1914, em Colatina, cidade conhecida como a “Princesa do Norte”, do Estado do Espírito Santo. Ele era filho de Ângelo Giuberti e de Adélia Giuberti. Ele fez seus estudos primários na Escola Singular Masculina, em sua cidade natal, e os secundários no ginásio anexo à Academia de Comércio de Juiz de Fora (MG), bacharelando-se mais tarde pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal.
De volta a Colatina, dedicou-se à prática médica e iniciou sua carreira política como vereador à Câmara Municipal, da qual foi presidente entre 1950 e 1954. Foi ainda prefeito de Colatina de 1954 a 1958, período em que o município foi classificado como o de maior progresso do Brasil, em concurso promovido pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) em 1956.
No pleito de outubro de 1958, foi eleito vice-governador do Espírito Santo na chapa do Partido Social Democrático (PSD), encabeçada por Carlos Fernando Monteiro Lindenberg. Empossado no dia 31 de janeiro de 1959, chegou a exercer interinamente o governo do estado em outubro do mesmo ano. Nas eleições de outubro de 1962, foi eleito senador pelo Espírito Santo na legenda da Coligação Democrática, que reunia o Partido Social Progressista (PSP), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido de Representação Popular (PRP), o Partido Democrata Cristão (PDC) e a União Democrática Nacional (UDN). Em janeiro de 1963 deixou o cargo de vice-governador do estado, assumindo um mês depois o mandato de senador.
Em março de 1963 foi indicado para a vice-liderança do PSP no Senado, função que voltou a exercer em 1964 e 1965. Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena).
Em janeiro de 1971, ao final de seu mandato deixou o Senado Federal. Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), tornando-se presidente de seu diretório no município de Colatina.
Senador
Em 1962 ele foi eleito senador, quando neste cargo visitou inúmeros países como membro da Comissão de Saúde do Senado, conhecendo os sistemas hospitalares da Inglaterra, Canadá e Estados Unidos da América do Norte, atendendo convites especiais dos governos destes países.
Como Senador, Raul Giuberti representou o Senado Federal na memorável Reunião Interparlamentar Internacional, realizada em Dacar, no Senegal, na África Ocidental. Esteve também em visita a Israel, na condição de convidado especial daquele país, observando a política agrária israelense. Foi condecorado com a Emenda Ordem do Mérito Aeronáutica, no grau de oficial, através de decreto da Presidência da República.
Foi membro da Comissão Diretora da mesa do Senado, participou da Comissão Mista do Congresso Nacional que analisou a política e legislação cafeeira do Brasil.
Na jornada gloriosa de senador, representou o Senado Federal da República, em 1963, na Reunião da Organização Internacional do Trabalho – OIT, ocorrida em Genebra, na Suíça.
Foi um dos mais importantes políticos que Colatina deu à Nação. Sua trajetória política invejável iniciou-se com sua eleição à vereança local, passando pela Prefeitura, Vice-governadoria do Estado e o Senado.
Sua memória está perpetuada nos colatinenses, que estimavam aquele homem humilde e profissional médico abnegado. Sempre suas portas estiveram abertas para a população mais carentes. Com todos os méritos, figura como destaque entre os que pertencem à História Política de Colatina.
Foi casado com dona Arlete Tardin Giuberti, com quem teve três filhos: Antonio Thadeu Tardin Giuberti, Raul Ângelo Giuberti e Maria Adélia Giuberti, filhos que seguiram sua carreira de Medicina e política. Raul Giuberti faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de fevereiro de 1981. (Com informações da Revista Nossa, de outubro de 1989).