Rola na imprensa, falada, escrita e televisada um assunto que já está se tornando cansativo: o rompimento das lagoas de acumulação de rejeitos de minério de propriedade da Samarco/Vale, em Mariana, Minas Gerais que, com seu volume de lama emporcalhou o rio Doce, numa das tragédias ecológicas de maior repercussão dos últimos tempos, por conta da mídia...
Desde que começaram as operações de procurar e extrair minério nas chamadas Alterosas, Minas Gerais, o rio Doce começou a ficar vermelho, tingido pela água utilizada com poderosos jatos de água, para lavar o minério extraído, e sua “borra”, como se chama, inservível, ser lançada na lagoa de rejeitos. O excesso de água vermelha, devido a tinta da argila, chamada comumente de barro, vem por gravidade pelo rio Doce, até atingir o mar. Só quem não quer observar as coisas como elas são, que não vê que o rio Doce sempre teve suas águas uma coloração avermelhada, por culpa do homem.
Tenho um amigo, Eustáquio Agrizi, de longas datas, sujeito inteligente, engenheiro agrônomo, estudioso mesmo, entendido em meio ambiente, que escreveu recente, revoltado com a demora de se obter resultados preciosos, mediante análise, das águas do rio Doce, para conhecer sua contaminação, para permitir seu tratamento e distribuição para consumo, com a população, onde ressaltava, no e-mail que me mandou sobre o assunto: “Agradeço a menção que fez do meu escrito, revoltado com a gastança de dinheiro público, relativo ao rio Doce, navio da marinha, etc. Hoje, em hospitais de Vitória colhe líquido da espinha de enfermos para ser enviado a São Paulo de avião da carre ira, para análise e logo vem a resposta do exame. Para colher água barrenta do rio Doce, vem o navio adquirido por 75 milhões de dólares, e até o momento não existe nenhuma análise publicada na mídia.”
Eustáquio é um homem do interior (Domingos Martins), prático,trabalhador incansável, estudioso, se aborrece com essa embromação que se pratica no Brasil por qualquer coisa. Os desastres, por maiores ou menor es, são transformados em shows de televisão, que não nos engrandecem. Aparecem uns sábios no noticiário dizendo um monte de asneiras, sem pé nem cabeça, simplesmente porque a sociedade (telespectadores) na sua maioria é burra, está muito longe de se aperceber que estão contando tolices, besteiras!
Outro dia rolou uma pedra sobre várias casas, em Vila Velha, uma tragédia para aqueles que estavam no seu caminho. Muitas pessoas pobres foram obrigadas a abandonar suas casas, até que as autoridades encontrem uma solução para cobrir as dificuldades de cada um. Quando? Não se sabe.
Um repórter, mais afoito, diante do tamanho da pedra que rolou, declarou que a “danada” tinha em torno de três mil toneladas. Três mil toneladas de granito deve corresponder, seguramente, em torno de 85 metros cúbicos. Cada metro cúbico de granito pesa em torno de 2.800 quilos, ou pouco mais, conforme a resistência (granulação) do granito. É a velha história da facilidade de expressão que o inesquecível físico Carl Sagan, em seu livro “Bilhões e Bilhões” nos conta sobre aqueles que gostam de exagerar as coisas!
Nas paradas gays, ou ajuntamento de protestos em comícios os narradores não contam o número de participantes pelo tamanho do espaço (metro quadrado) ocupado, mas pelo que vai na cabeça de cada um... A PM, os Bombeiros e os locutores divergem sempre no exagero.
Estamos no país dos exageros. Até nas propinas, os “artistas” recolhidos à Papuda são exagerados.