Na década de 1980, num curso para formação de gerentes, um psicólogo havia recomendado dois filmes, chamando a atenção a tópicos que até então ninguém tinha percebido. Um era “Fernão Capelo, Gaivota”, uma filmagem bem conduzida por Hall Bartlett sobre livro de leitura obrigatória de Richard Bach. Chamou-se a atenção sobre a coragem de ousar.
O outro filme foi “História sem Fim”, do excelente diretor alemão Wolfgang Petersen, que estreava no seu primeiro trabalho em inglês. Hoje, esse cineasta está sumido, mas sua adaptação do maravilhoso livro de Michael Ende não foi somente um filme que ainda agrada a todas as idades, como traz também uma mensagem sobre, também, a coragem – dessa vez, de se tomar uma decisão.
O costume de se usar filmes, a princípio feitos como material de entretenimento, como portadores de lições didáticas, as famosas “mensagens” que todas as obras devem trazer para serem qualificados, conforme se ensinava nas antigas aulas de Religião, é um costume amplo e usado há mais tempo que se julga. Até cartilhas de filmes “construtores de caráter” já foram elaboradas na década de 1960.
E a pergunta é: por que não? Cultura, ensinamento e sabedoria não possuem uma hora adequada para serem adquiridos. Num treinamento sobre Qualidade Total recomendaram assistir “Golpe do Destino”, um contundente filme, também conhecido como “O Doutor”, dirigido por RandaHaines com William Hurt e Elizabeth Perkins. Esse filme foi matéria do curso de Gestão de Segurança Pública e Privada da Universidade Luterana, em Canoas, RS, no ano de 2003.
E, num curso de Estratégia, foi recomendado assistir o surpreendente “A Batalha dos Três Reinos”, de John Woo, com Tony Leung. Eu mesmo dirigi um minicurso de Estratégia Corporativa e recomendei enfaticamente essa obra. Comprei o DVD e, de vez em quando, o assisto para me inspirar sobre como tomar as decisões mais delicadas. O filme tem muito da obra “A Arte da Guerra” de Sun Tzu.
Portanto, essa prática também funcionaria nesse frio, gelado mesmo, mundo corporativo. A maioria dos gestores de organizações se vangloriam em não ler romances, preferindo investir seus tempos em livros de autoajuda e manuais de administração de imenso sucesso com preços de livros de bolso e menos páginas ainda! Mas, não ter um livro desses na cabeceira e uma calculadora HP 12C são heresias corporativas imperdoáveis nos dias de hoje. O que nem todos enxergam é que há mais lições corporativas num livro infantil de Monteiro Lobato do que nesses manuais escritos por famosos desconhecidos!
O mesmo ocorre com filmes. Lições corporativas magníficas aparecem em filmes. Entre duas pipocas, meditem sobre o que se ensina dentro de suas tramas engraçadas, aventurosas, dramáticas, românticas ou trágicas. Seguem aqui algumas sugestões.
“1941 – Uma Guerra Muito Louca”, de Steven Spielberg, com um elenco invejável: Dan Aykiroyd, Ned Beatty, John Belushi, Christopher Lee, Toshiro Mifune, Warren Oates, Robert Stack, Treat Williams, John Candy, John Landis, Mickey Rourke e James Caan! Ufa! Esse filme mostra, com visão cômica, a paranoia que atingiu Los Angeles na Segunda Grande Guerra e nos ensina o quanto é ridículo valorizar problemas que não existem e deixar os verdadeiros de lado e que uma solução afobada é mais danosa do que a contingência em si.
“O Amante de Kathy Tippel” de Paul Verhoeven, ainda dentro da sua fase holandesa, com o conterrâneo e incompreendido ator Rutger Hauer. Conta a vida de uma mulher que viveu em todas as faixas sociais na Holanda, em plena formação da sociedade industrial. Revela os conflitos da coexistência entre a indústria, a sociedade, o governo, patrões e nobreza. Ambientes conturbados nos mostram o quanto evoluímos de lá para cá!
“Assim Caminha a Humanidade” de George Stevens. Um desses filmes gigantescos em que não se percebe a passagem do tempo, com Rock Hudson, Elizabeth Taylor e James Dean. Conta a vida de um fazendeiro que vê a vida se transformar diante seus olhos. Mostra as várias faces do Século XX, com períodos feudais dos grandes latifundiários, o crescimento da indústria petrolífera e do cinema, o preconceito e as mágoas das minorias. Uma obra prima que conta ainda com as presenças de Dennis Hopper, Sal Mineo e Rod Taylor. Nesse último filme de James Dean, George Stevens saiu com o Oscar de Melhor Diretor.
“Encontro com Vênus” de IstvanSzabó, com Glenn Close e Maria de Medeiros. Szabó é outro diretor que hoje está escondido em algum canto do planeta. Nesse filme, se mostra a montagem de uma peça musical de Richard Wagner, e mostra as dificuldades de se unir pessoas com pensamentos diferentes para obter um resultado comum a todos.
“FormiguinhaZ” de Eric Darnell. Não é um desenho animado para crianças, onde Woody Allen, na voz do personagem principal, solta todos os complexos que consegue tirar do bolso. Tem ainda as vozes de Dan Aykroyd, Anne Bancroft, Danny Glover, Gene Hackman, Jennifer Lopez, Paul Mazursky, Sylvester Stallone, Sharon Stone e Christopher Walken. Começa com uma batalha mortal contra térmitas e se torna uma divertida demonstração de como a obstinação e a quebra de paradigmas podem salvar uma comunidade.
E, para terminar essa leva, temos “Fugindo do Inferno” de John Sturges, com Steve McQueen, Charles Bronson, James Coburn, James Garner, David McCallum, Richard Attemborough e Donald Pleasence. Conta a trágica história real de uma fuga em massa de prisioneiros aliados de uma prisão alemã especial na Segunda Grande Guerra. Mostra como se monta um empreendimento perfeito num ambiente de crise e sem recursos.
Divirtam-se e aprendam!
Fontes de pesquisa: Wikipedia, Recanto das Letras, Adoro Cinema