O evento Brasil 2020, sediado no dia 5 deste mês pela XP Investimentos, em São Paulo, reuniu grandes personalidades do mercado e especialistas para discutir os principais temas do cenário político-econômico do Brasil. Confira abaixo os vídeos de cada painel e os destaques.
Perspectivas Econômicas para 2020
Participaram do painel de abertura nomes expressivos do debate econômico brasileiro.
Zeina Latif, Economista chefe da XP, Mansueto Almeida, Secretário do Tesouro Nacional, e Ana Carla Abrão, Economista e Sócia da Oliver Wyman e Ex-secretária da Fazenda de Goiás, apresentaram as suas visões sobre o momento atual da economia do Brasil e as suas projeções para 2020.
De acordo com Zeina, que começou o painel analisando o cenário para o ano que vem, a economia ganha boa tração em 2020, mas o avanço das reformas continua sendo fator primordial para um crescimento mais robusto.
O Secretário do Tesouro Nacional concordou: “2020 começa muito melhor mas ainda tem muito a ser feito, afinal nós saímos de uma crise muito profunda. O desafio agora é melhorar a composição do gasto público”, afirmou Mansueto.
Segundo o economista, a perspectiva é muito boa e tudo indica que o Brasil está na direção correta: “Estamos com o ajuste fiscal caminhando, com mais perspectiva de crescimento econômico e com um cenário de juros baixos. O viés é positivo e muito provavelmente isso vai ser refletido no upgrade das agencias de classificação de risco”.
Já Ana Carla Abrão ressaltou a importância da reforma administrativa para 2020. Segundo ela, o equilíbrio fiscal vale a pena, mas agora precisamos debater o próximo passo: a reforma administrativa, que tem 3 motivações fundamentais, segundo sua análise:
1. Melhorar serviços públicos no Brasil – em particular serviços de educação, saúde e segurança pública;
2. Aumentar produtividade do setor público;
3. Questão fiscal: tendo em vista o tamanho da nossa máquina e despesas obrigatórias, de pessoal do governo, precisamos reduzi-las.
Infraestrutura: Os caminhos para o Brasil avançar
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, esteve presente no evento para falar sobre um dos setores que mais devem se aquecer em 2020.
O discurso do ministro foi otimista com o cenário econômico para o Brasil em 2020. Na visão dele, o país está bem posicionado para uma história de crescimento sustentável nos próximos anos, com cenário positivo para juros e alavancado pelo setor privado. E é justamente a sinalização de crescimento que pode trazer elevação da nota de crédito pelas agências de rating.
O ministro ainda ressaltou o interesse dos estrangeiros em analisar os projetos de infraestrutura, que possuem um retorno atrativo também quando se compara ao ambiente de juros baixos no mundo.
O setor de infraestrutura passou por uma série de avanços no ano de 2019: foram realizados mais de 25 leilões, incluindo blocos de aeroportos, terminais portuários, rodovias e a ferrovia Norte-Sul. Para 2020 a agenda segue robusta. Diversos projetos estão em fase de estruturação, boa parte em Consulta Pública, e Tarcísio reforçou a meta de realizar algo entre 40 e 44 leilões no próximo ano.
Em geral, também reforçou alguns avanços regulatórios que vêm ocorrendo ao longo de sua gestão, como a questão do direito de passagem no caso das ferrovias, a devolução amigável de concessões rodoviárias com indenização por ativos não amortizados e outros tópicos.
O ministro encerrou tocando no maior protagonismo da iniciativa privada em buscar soluções dentro do setor de infraestrutura, bem como um amadurecimento por parte da sociedade.
Perspectivas de avanços de reformas
O Secretário Executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, foi convocado para o vento Brasil 2020 para falar sobre as reformas importantes que devem continuar a ser discutidas no ano que vem.
“Para falar sobre reformas, é importante entender o diferencial do atual governo. É a primeira vez em que se vê uma estrategia tão completa no sentido de mudar o País”, disse o secretário.
Para ele, controlando os gastos, há espaço para aprovar uma reforma tributária. E, assim, isso melhoraria a competitividade do país, segundo o braço-direito do ministro Paulo Guedes.
O timing correto daqui pra frente vai ser o timing que o governo entender que a sociedade vai aceitar.
A reforma da Previdência, no começo do ano, não tinha tanto apoio quanto teve no final do ano. E é normal esperar que em alguns momentos o ritmo das reformas acelere ou desacelere. O timing político é fundamental para entender quando é a hora e quando não, disse o secretário no evento.
Visão XP: Como investir em 2020
Três grandes especialistas da XP falaram sobre o cenário de investimentos em 2020. Felipe Dexheimer, coordenador de alocação, Camilla Dolle, analista de Renda Fixa e Samuel Ponsoni, Head de Fundos de Investimento, foram os convocados da XP para debater o assunto.
Já no início do debate, reforçaram a ideia de que o cenário atual exige diversificação com investimentos um pouco mais voláteis. Entre as alternativas, foram citadas debêntures de infraestrutura, fundos imobiliários e a diversificação via investimentos globais.
Para reforçar a ideia, nossos especialistas disseram que os investidores podem esperar volatilidade mesmo em fundos de renda fixa. Seja por volatilidade atuarial de títulos prefixados e indexados a inflação ou pelo desempenho de fundos de crédito privado.
Para fundamentar os investimentos sugeridos, nosso time traçou um cenário-base no qual o Brasil continua avançando nas reformas, juro real de 3% e lucro das empresas crescendo acima do consenso de mercado. Um cenário negativo seria a eleição de um líder populista, o que reforça a necessidade de diversificação internacional. Porém, nosso time estima esse cenário com menos de 15% de chance de acontecimento.
Quando questionados sobre “o fim da renda fixa”, os especialistas relembraram a platéia de que ainda existe aproximadamente R$ 800 bilhões na poupança e que o Tesouro Direto, por exemplo, também é um ativo seguro e poderia oferecer uma melhor rentabilidade para os investidores.
Por fim, quando questionado sobre rentabilidade dos investimentos e, principalmente, em fundos imobiliários, a equipe alertou que é importante para o investidor ter expectativas coerentes com esse novo cenário. O retorno deve naturalmente baixar em relação ao ocorrido nos últimos anos, pois os ativos estavam estressados e acreditam que parte da correção já ocorreu.
Desafios e oportunidades para a Bolsa: painel de Gestores
Quatro grandes gestores fizeram um bate-papo aberto a discussões e bem-humorado para fechar o evento. José Rocha, da Dahlia Capital, André Ribeiro, da Brasil Capital, João Braga, da XP Asset, e André Laport, da Vinland Capital, foram os convocados.
João Braga, gestor da XP Asset, disse que um tema bem presente na carteira deles são as estatais, ainda mais em um cenário fiscal mais saudável em 2020 com a aprovação da reforma da Previdência e outras reformas que cortem gastos no poder público.“Elas (as estatais) foram dizimadas no último ciclo. Se eu não for ter estatal agora, vou ter quando?”.
Sobre o cenário econômico, José Rocha, da Dahlia, em uma eloquente apresentação, foi categórico ao afirmar que a taxa de juros é o grande caminho para o início do avanço econômico do Brasil: “o principal produto de exportação do Brasil nos últimos 20 anos não foi soja, nem minério de ferro: foi o juro real”
E, por fim, outro assunto que marcou o debate foi o alto preço do dólar, que está dando o que falar. André Laport, gestor da Vinland Capital, disse ver R$4,05 como o nível justo para 2020 e os próximos anos.
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