por: João Carlos Abdonor Viana*
Há um reconhecimento crescente do fato que os modernos padrões de consumo, possibilitados principalmente pelas diversas tipologias de atividades, tem um impacto significativo no meio ambiente, uma vez que o consumo mundial (especialmente em economias emergentes) é cada vez maior.
Esse consumo, por um lado, está aumentando a pressão sobre as bases limitadas de recursos disponíveis e, por outro , resulta em volume crescente de resíduos despejados no meio ambiente.
Estar alinhado com esse pensamento é requisito básico para o sucesso de qualquer negócio, independentemente do seu porte, natureza e segmento. Para acompanhar as tendências de gestão e alcançar competitividade no mercado, as micro e pequenas empresas precisam investir em atitudes sustentáveis.
Com a determinação da sustentabilidade em evidência e o crescimento das pressões para tornar os processos produtivos e os produtos mais sustentáveis, as empresas passaram a ter grande interesse em entender o comportamento do consumidor em relação à sustentabilidade.
No mundo, os consumidores esperaram que a sociedade e as empresas, especificamente, adotem ações que colaborem para a solução das questões socioambientais. Uma pesquisa citada abaixo mostra a expectativa dos consumidores em relação às responsabilidades - cidadãs e operacionais – das empresas, no Brasil e em outros 25 países.
Entre 2001 e 2009, a Market Analysis identificou que as expectativas dos consumidores em relação ao envolvimento das empresas com questões socioambientais é crescente. Por outro lado, a percepção sobre a efetiva atuação das empresas caminha na contra mão, diminuindo ano a ano. Esses movimentos resultaram numa diferença de 87% entre as expectativas existentes conquistarem os consumidores.
Como resultado, cresce o numero que apoia a interferência do estado sobre as ações da empresa no campo da Responsabilidade Social Empresarial –SER. O percentual de pessoas que acreditam que o estado deve regular essas questões cresceu de 57%, em 2004, para 64% da população em 2006.
A sustentabilidade é um tema amplo que está presente em todas as áreas da atividade industrial, portanto é natural que as empresas se deparem com uma série de alternativas para se tornar “mais sustentável”, tais como controlar e gerenciar os impactos socio ambientais de suas operações,incentivar seus fornecedores a desenvolver produtos com diferenciais ambientais e/ou sociais, utilizando artigos de origem artesanal ou industrializada, que sejam não poluentes, atóxicos, benéficos ao meio ambiente e à saúde dos seres vivos, incentivar os consumidores a comprar produtos sustentáveis assim como educá-los para usar e descartar produtos de forma apropriada. Outras contribuições importantes são disponibilizar pontos de coleta seletiva, de sinalizar aspectos de sustentabilidade nos produtos por meio de etiquetas,no conceito da logística reversa, na implantação de um PEV – Ponto de Entrega Voluntária ou se tornar parceiro de uma dessas empresas e até preocupações no âmbito do relacionamento com seus fornecedores e clientes através de campanhas de divulgação.
Nesse âmbito do relacionamento fornecedor e cliente, desponta ainda para o empresariado a possibilidade de educar os consumidores para o consumo consciente, através de campanhas de conscientização ambiental , informando a respeito dos impactos sociais e ambientais dos produtos, inclusive aqueles de suas cadeias produtivas, comunicando os atributos de sustentabilidade dos produtos, como consumo de energia dos eletrodomésticos, símbolos de reciclagem nas embalagens, identificação dos produtos, estimulando a redução no uso de embalagens e a utilização de alternativas com menor impacto ambiental, divulgando as iniciativas sustentáveis da empresa , por meio da sinalização do comércio ou indústria, tabloides, etc. e orientando os consumidores para o uso do dinheiro e do crédito, etc.
Para que a empresa tenha uma ética e correta, é preciso estar ciente da legislação ambiental na área em que está localizada. Também é importante manter-se atualizado em relação às exigências legais aplicáveis aos seus serviços, produtos, processos e instalações. Assim, torna-se mais fácil atuar de forma proativa, tratar pendências e evitar eventuais sanções.
Observe que A LEI DA LOGÍSTICA REVERSA- 12.305/2010, obriga fabricantes, distribuidores e comerciantes, organizados em acordos setoriais, a recolher e destinar para a reciclagem as embalagens de plástico, papel, papelão, de vidro e as metálicas usadas. As embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes e suas embalagens, todos os tipos de lâmpadas e de equipamentos eletroeletrônicos descartados pelos consumidores, fazem parte da “logística reversa”, que deverá também retornar estes resíduos à sua cadeia de origem para reciclagem.
Se o empreendedor quiser se destacar entre a concorrência e construir uma imagem positiva perante o mercado e a sociedade, é fundamental que adote o conceito de atitudes sustentáveis. Pode ser interessante criar projetos de forma voluntária e desenvolver parcerias para a implantação ou apoio de ações que contribuam para a solução de grandes problemas mundiais, como o aquecimento global, a recuperação de ecossistemas, a minimização do consumo de recursos naturais, a reciclagem e a reutilização de materiais, entre outros.
Um plano de ação pode se transformar num agente disseminador das práticas sustentáveis e para que isso aconteça é necessário promover a formação de revendedores e funcionários mais conscientes e que possam disseminar os conceitos e práticas,tornando os agentes multiplicadores. Treinar e conscientizar as equipes em linguagem adequada à sua compreensão é uma forma de estabelecer um compromisso em torno da gestão sustentável.
*Engº e Consultor Ambiental