por: Alice Branco
Um dos palestrantes mais ilustres do VIII CBUC - Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, o biólogo George Schaller, conhecido por estudar os gorilas - de- montanhas e os pandas, falou sobre a importância de proteger áreas para a economia mundial.
Schaller discursou o papel das áreas protegidas para a humanidade, tanto no aspecto econômico como no que tange à preservação da vida no planeta enfatizando que a sua preservação tem direta influência no futuro da sociedade humana e não apenas, como se possa pensar, na conservação da natureza.
O biólogo diz que as áreas protegidas são essenciais porque, se forem conservadas, garantirão um futuro equilibrado já que são elas que nos subsidiam água e ar de qualidades, a recuperação da fertilidade dos solos, a renovação da biodiversidade, as descobertas de uso potencial de tantas plantas alimentícias ou curativas.
Explicou também que, para se atingir o objetivo da conservação efetiva das áreas protegidas é fundamental o envolvimento da comunidade. O palestrante foi categórico: “Todos querem mais desenvolvimento, mas quanto mais se tem desenvolvimento, menos se está inclinado a melhorar a vida das pessoas em longo prazo, porque esse crescimento não é sustentável”.
“Nós usamos mais recursos da Terra nos últimos 50 anos do que em todo o resto da história humana. Como será o futuro que estamos criando? Então, precisamos que um esforço coletivo seja feito para atingir um equilíbrio entre o desenvolvimento e a conservação, aliando a participação da comunidade e dos políticos”, continuou Schaller.
No Brasil temos apenas 12,8% de áreas protegidas. Isso é pouco? Sim, é pouco! E ainda enfrentamos sérios problemas derivados da falta de investimento em conservação.
Schaller exemplificou a situação brasileira referindo-se ao Cerrado, que hoje mantém apenas 8,2% da sua área original protegida e que é pressionado constantemente pela pecuária desequilibrada e pela expansão alucinada dos monocultivos de soja: “E para quê? Para plantar soja que futuramente será usada para alimentar os porcos da China. Será que essa é a maior preocupação do Brasil?”, comenta triste.
George Schaller finalizou sua palestra referindo-se à responsabilidade de todos nós na conservação da natureza. “Não existe quem não possa contribuir de alguma forma, desde crianças pequenas até idosos. Seja separando o lixo e destinando-o adequadamente, protegendo mananciais ou engajando-se em ações para proteger a comunidade”, concluiu.