O cantor Altemar Dutra de Oliveira nasceu no dia 6 de outubro de 1940, em Aimorés (MG), e faleceu em Nova York, EUA, em 9 de novembro de 1983. Se estivesse vivo, teria 75 anos agora. Muitos consideravam Altemar um autêntico capixaba, pois onde nascera fazia parte da “Zona do Contestado” região que pertencia ao Espírito Santo, mas que passou para Minas Gerais após ser feita uma nova divisa entre os dois estados, em um acordo de paz assinado entre os dois governos em 1963.
Como a cidade de Aimorés, do vale do Rio Doce, fundada em 18 de setembro de 1915, prosperou até o final da década de 40 e entrou em declínio nos anos 50, a família de Altemar foi obrigada a escolher a próspera cidade de Colatina, no Espírito Santo, no Brasil, que fervilhava de gente em busca de uma vida melhor em função da indústria do café que, mais tarde, converteu o Município no maior produtor do País. Na cidade circulava muito dinheiro proveniente da compra e venda do café que era exportado para várias partes do mundo.
Não há uma informação precisa de quando eles chegaram em Colatina, mas acredita-se que foi em 1952. Ele ganhou um violão da mãe e iniciou a carreira de cantor, na Rádio Difusora de Colatina. Altemar Dutra tinha um parceiro, cujo nome ninguém soube identificar, porque não tinha documentos, era conhecido apenas como “Neném Dez” que morreu em 1970, como mendigo, em Colatina.
Segundo uma pesquisa feita pelo jornalista e escritor Maciel Aguiar, Altemar foi cantar nos cabarés de Colatina, onde se apresentava com conjuntos musicais vindos de muitos lugares, imitando os cantores famosos, sobretudo Orlando Silva. Esses locais de encontros, (freqüentados por fazendeiros, trabalhadores rurais, comerciantes e aventureiros) eram os mais famosos do Estado, por possuir as mais cobiçadas meretrizes que vinham de todos os lugares em decorrência do "próspero negócio cafeeiro".
Ainda de acordo com Maciel Aguiar, o jovem Altemar Dutra havia se apresentado em outros cabarés como Buraco do Padre, Torresmo e Figueirinha, de Governador Valadares a Aimorés, em Minas Gerais. Porém, foi no meretrício de Colatina, quer era chamado de Brasília - onde se destacava a Boate Azul, no bairro de São Silvano, além do bordel Maria Juniô, no bairro Lacê -, onde ficou conhecido interpretando um repertório que variava entre bolero, samba-canção e tango.
Junto com “Neném Dez” nas noites de Colatina, Altemar tornou-se, pouco tempo depois, um requisitado cantor da cidade, onde já desfrutava de prestígio. Passando ao gosto popular, iniciou a carreira artística depois de vencer um concurso de calouros na Rádio Difusora, a RDC, de propriedade do empresário Geraldo Pereira, que muito contribuiu na propagação de seu talento.
Conforme relata Maciel, em um dos seus escritos, “...com um timbre inconfundível, divulgado pelas ondas do rádio, sua voz foi ouvida por empresários da noite e donos de boates de Vitória. Os primeiros convites foram para cantar nos prostíbulos da Volta de Caratoíra, no 120 da rua General Osório e na Vila Rubin - antes do surgimento de Carapebus, para onde foram transferidas as prostitutas do Centro da capital capixaba -, freqüentados por trabalhadores do comércio, operários da indústria, estivadores, marujos, políticos, intelectuais, estudantes, ferroviários, além dos renomados senhores da aristocracia local...”
Em Vitória, já familiarizado com a noite e fazendo sucesso nas boates como um dos cantores mais requisitados, ocorreu o episódio que iria influir decisivamente em sua carreira. Ele foi impedido de cantar no social Clube Vitória, que ficava no Parque Moscoso, no centro de Vitória, freqüentado na ocasião por parte significativa da aristocrática elite da capital. Alegou-se que aquele jovem talento era "cantor de zona" e não podia se apresentar no mesmo ambiente das famílias coroadas.
Após essa decepção, ficou tão angustiado que pensou em parar ou mudar o repertório, mas seguiu sua intuição e desembarcou no Rio de Janeiro, à época Capital Federal, mesmo sem qualquer conhecimento da Cidade Maravilhosa. Era um gesto de ousadia para um adolescente acostumado com as cidadezinhas do Espírito Santo e Leste de Minas, onde espalhara fama.
O destino, contudo, o chamava para uma aventura ainda maior: ser o mais festejado cantor romântico do Brasil. E quando chegou, em 1957, tinha apenas 17 anos e, no outro dia, já estava se inscrevendo nos programas de calouros das rádios cariocas, conhecendo cantores, músicos, produtores e arranjadores. Logo, foi contratado para atuar como crooner em boates e casas de shows.
Descoberto por produtores musicais foi convidado para fazer um teste de estúdio onde colocou a enternecedora voz numa canção de uma jovem dupla de compositores que também buscava se firmar no cenário musical brasileiro e freqüentava as mesmas emissoras e gravadoras oferecendo suas composições: Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Por sinal, Jair Amorim era capixaba e, como ele, buscava afirmação profissional.
Conta-se que, já famoso e requisitado pelos melhores palcos do Brasil, no início da década de 70 - quando "O Trovador" e "Sentimental Demais", explodiam nas paradas de sucesso - recebeu convite para fazer um show no mesmo Clube Vitória, na capital capixaba, que o impedira de se apresentar no início da carreira. Mandou dizer aos diretores do clube: "continuo cantor de zona. Só que, agora, escolho os cabarés onde me apresento".
Sua voz inconfundível logo ganha as rádios e televisões da América Latina, onde se apresenta sucessivas vezes interpretando sucessos de compositores sul-americanos e cantando versões em espanhol de inúmeras canções de autores brasileiros. Tornou-se um dos cantores mais populares do Continente, arrebatando uma legião de fãs, fazendo inúmeros shows e vendendo milhares de discos.
Com a fama internacional, excursiona por diversos países e passou a ser requisitado pela comunidade latina dos Estados Unidos, onde se torna um dos cantores estrangeiros mais populares e celebrados. Entra em cartaz naquele país, nos famosos cassinos de Las Vegas, no Estado de Nevada. em Miami, no Estado da Flórida e, finalmente, conquista Nova York, capital do Estado de Nova York, onde fez show no famoso Carnegie Hall, como um grande astro da música internacional.
Em poucos anos de carreira, o menino pobre que cantava nos cabarés das cidades de Governador Valares e Aimorés, em Minas e das de Colatina e Vitória, no Espírito Santo, estava no topo da fama como um artista consagrado internacionalmente, desfrutando de enorme prestígio.
Guardou e cultivou a gratidão de todos que o ajudaram. Falava que Colatina era sua "terra do coração" e não esquecia os amigos de boemia como Geraldo Pereira e Ismar Moreira. Por muito tempo, se disse natural do Espírito Santo, mesmo sabendo que sua terra natal já estava incorporada ao território de Minas Gerais. Em Vila Velha-ES, teve um amigo e compadre, o memorável Valdecyr Lima(morto após um ataque de abelhas, em fevereiro de 2006, na Barra do Jucu-VV).
Primeiro disco - Gravou seu primeiro disco na Tiger, com "Saudade que vem" (Oldemar Magalhães e Célio Ferreira) e "Somente uma vez" (Luís Mergulhão e Roberto Moreira). Por volta de 1963, foi levado por Jair Amorim para o programa Boleros Dentro da Noite, na Rádio Mundial, e no mesmo ano Joãozinho, do Trio Yrakitan, levou-o para a Odeon, onde foi contratado. Logo atingiu os primeiros lugares nas paradas de sucesso com a música “Tudo de Mim” (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), tornando-se conhecido em todo o Brasil.
Carreira internacional - Em 1964 gravou com grande sucesso “Que queres tu de mim; O trovador; Sentimental demais e Somos iguais” (todas de Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Destacou-se também na América Latina, fazendo apresentações em vários países e gravando um disco Long Play - LP com o famoso cantor chileno Lucho Gatica, com a música “El bolero se canta así”. Com suas versões em espanhol, chegou a vender mais de 500 mil cópias na América Latina. Depois de ter dominado as paradas de sucesso locais, a partir de 1969 passou a conquistar fãs de origem latina nos EUA. Em pouco tempo tornou-se um dos mais populares cantores estrangeiros nos EUA.
A morte prematura - Apresentando-se na boate El Continente, em Nova York - onde residia com a família – ele morreu aos 43 anos, em 9 de novembro de 1983, ao sentir-se mal durante o show, causando enorme consternação. A notícia, transmitida pelo Jornal Nacional, deixou o Brasil entristecido. No outro dia, as rádios prestaram-lhe uma merecida homenagem: ouviram-se sua voz nos mais distantes lugares.
FAMÍLIA
Ele conheceu em 1965, a cantora Martha Mendonça, com quem foi casado, tendo nesta união dois filhos, Deusa Dutra e Altemar Dutra Júnior, este também a seguiu carreira artística. Para tristeza dos seus fãs, Martha abandonou a carreira para cuidar dos filhos. Atualmente Martha, Deusa e Altemar Jr. moram em São Paulo.
Martha apareceu nos anos 60 com a canção “Tu Sabes”, que vendeu muito e ganhou os principais prêmios da época. Ela ganhou sdimpatia na televisão e viajou o Brasil inteiro. Gravou vários discos, alcançando um total de 110 musicas entre LPS, compactos e edições especiais. Foi a primeira cantora brasileira a gravar no Japão uma musica japonesa: KIMI KOISHI.
Deusa Mendonça Dutra – Ela é empresária artística e trabalha na produção de shows e eventos. Casada com Alexandre Nardelli de Oliveira Souza, tem quatro filhos Rodrigo, Lucas, Rafael e Sophia. Deusa esteve aqui no Espírito Santo em 2011, quando foi homenageado por uma escola de samba de Vila Velha.
Altemar Dutra Júnior - Ele era campeão brasileiro e sul-americano de Kickboxing trocou a vida de atleta profissional para se dedicar à música. Ele interpreta com sua voz potente, herança do pai, as melodias que cresceu ouvindo, como as serestas de Vicente Celestino e Silvio Caldas além de músicas que ganharam notoriedade na voz paterna. Altemar Jr. esteve no Estado várias vezes como cantor apresentando seu repertório em shows e eventos.
Discografia
1963 - "Mensagem"
1963 - "A Grande Revelação"
1964 - "Sentimental Demais"
1964 - "Que Queres tu de Mim"
1965 - "Eu te Agradeço"
1966 - "Sinto que Te Amo"
1967 - "Dedicatória"
1969 - "O Trovador das Américas"
1970 - "O Romântico"
1971 - "Altemar Dutra"
1971 - "Companheiro"
1972 - "A Força do Amor"
1973 - "Altemar Dutra"
1974 - "Enamorado"
1975 - "Amor de Pobre"
1976 - "Amigos"
1977 - "Sempre Romântico"
1978 - "Mais Sentimental"
1979 - "Altemar Dutra"
1980 - "Especialmente pra Você"
1980 - "Siempre Romantico - 25 Boleros Inolvidables"
1981 - "Eu Nunca Mais vou te Esquecer"
1982 - "Estranho Amor"
1983 - "Inédito"
1984 - "Altemar Dutra"
1989 - "O Trovador das Américas"
1990 - "Especial - Altemar Dutra"
1992 - "Nunca mais vou te Esquecer"
1994 - "Meus Momentos - Altemar Dutra"
1997 - "Meus Momentos Vol.II - Altemar Dutra"
2000 - "Bis- Altemar Dutra”