Depois de treze anos consegui tirar uns dias de férias. No início foi difícil me acostumar. No final, difícil de acreditar que o fim do ócio estava próximo. Viajei, curti a família e amigos, caminhei, fotografei e descansei.... Cá estamos nós para nosso encontro semanal.
Na sexta-feira eu começava a me preparar para escrever esta coluna, quando tive que passar pela estação da Central do Brasil, no Centro do Rio de Janeiro. Era meu último compromisso pessoal antes de voltar à rotina. Vinha pensando isso, quando fui despertado pela algazarra da multidão que corria em minha direção. A estação foi fechada. Ficamos detidos por alguns minutos. E, de repente, os olhos começaram a arder muito. Não cheguei a pensar no Estado Islâmico, mas lembrei-me dos recentes acontecimentos de Paris.
Foi assim que efetivamente percebi que temos uma pedra no meio do caminho – e ela chama-se 2016. Vamos em frente!
Era a manifestação contra o aumento dos transportes públicos,que reuniu pessoas nas principais capitais. No Rio os ares ficaram impregnados da fumaça ardida da bomba de pimenta. Acho que nem mexicanos nem indianos apreciam o condimento nestas condições. Os olhos ficam avermelhados e as narinas irritadas. Quem eu vi protestando pela carestia das passagens não parecia ser dos mais prejudicados. Nada contra. Apenas uma constatação.
Alguém está satisfeito com o que estamos vendo? A corrupção avassaladora, a sem-vergonhice geral. Gente do povo, em quem depositamos confiança para mudar a realidade nacional, locupletada pelos cofres públicos!
Temos que mirar a realidade que nos cerca sem tons pasteis. Não podemos aceitar as histórias contadas nos diários. O Brasil é um país de grande riqueza e com um povo criativo e empreendedor. Temos que escolher nossos gerentes com discernimento e cobrar a retirada dos incompetentes e a penalização de seus atos sórdidos.Pimenta neles!
É um ano de torcer pelas medalhas olímpicas e de votar nas eleições municipais. Precisamos estar atentos. Não podemos desviar o olhar do Brasil que queremos para todos.
A foto que ilustra este texto foi tirada na entrada de um caixa eletrônico no último dia do ano passado. Era oferenda à Economia que nos desestabiliza? Uma ceia compartilhada por compaixão com aqueles que vivem nas ruas? O esquecimento de alguém entorpecido pelos excessos das comemorações de não-sei-quê? O lugar da bandeja é em cima da mesa. É lá que queremos coloca-la. Precisamos reconhecer que juntos somos mais fortes!
*Físico de formação, palestrante, autor e consultor nas áreas de Marketing de Relacionamento e Responsabilidade Social.