Às vezes nem é tão difícil dividir em dois lados mente e coração, e as coisas fluem naturalmente. Talvez esteja aí a sabedoria. O complicado é quando a situação leva a confundir tudo e não se consegue mais separar a razão do sentimento e tudo se embaralha, tudo se complica… A cabeça roda, perde-se o juízo, nada mais importa e nada tem explicação. Ah o arrependimento! Esse surge com força descomunal! O sofrimento assalta o co-ração e nesses momentos o melhor é buscar ajuda, seja na terapia, ou no colo de alguém amigo, em viagens, seja lá no que for. Mas isso são apenas conjeturas. Tudo pode ser bem diferente. Muito diferente. Com certezas ou incertezas, sem razão ou com razão, com ou sem sentimento, com ou sem arrependimento. Tudo é possível. O impossível é saber o que vai na cabeça de uma mulher, quer dizer, dentro da cabeça…de quem pode ser e querer tudo.
Qual a razão deste assunto? Ah, sim, o tal dia... Muitas mulheres não vêm razão para que um dia especial lhes seja dedicado. Outras acham o máximo. Umas comemoram, outras o repudiam evitando lembranças de tempos passados. Hoje todos são iguais em direitos e responsabilidades, homens e mulheres têm consciência disso, mesmo que alguns, perdidos no tempo, tenham dificuldade em reconhecer. O melhor é ignorá-los e ir tocando em frente. Algumas mulheres muito pacientes convivem bem com esses tipos e até conseguem amá-los, ninguém duvide nem se espante. O amor não se explica. Mulheres são assim mesmo. Conseguem ao mesmo tempo ser e não ser, querer e não querer, se libertar e se prender, ir e ficar, misturar razão e sentimento, até amar e odiar alguém ao mesmo tempo. Essas coisas incompreensíveis para pessoas centradas, inclusive outras mulheres.
Com isso estou dizendo que as mulheres são confusas, incoerentes, ma-lucas, inseguras? Nada disso, embora em alguns momentos eu mesma me sinta assim. Talvez esteja falando apenas de mim. Mulheres são só mulheres e tudo isso faz parte da sua natureza.
E o que dizer dos homens? São coerentes, centrados, seguros? Não sei dizer, sei que alguns nos fazem perder a cabeça e nos levam ao céu e ao inferno e sabem disso muito bem. Em alguns momentos nos levam ao paraíso e aí estamos perdidas… porém é o que mais desejamos...
Todos os dias são nossos, como também são dos homens. Como eles também, podemos tudo. Somos o que desejamos com ou sem o apoio deles, de preferência com eles ao nosso lado. Somos aquela mulher que está nas escolas, nos laboratórios de pesquisa, nas orquestras, nos consultórios, nas salas de cirurgia, nas redações de jornais, também conduzindo ônibus e caminhões, pilotando aviões, prendendo bandidos, construindo prédios e navios, cozinhando, cantando, escrevendo histórias, representando, varrendo ruas, trabalhando nas plantações, etc. Estamos em todos os lugares e assim, vamos empurrando os limites e abrindo portas…
Choramos de medo de assombração, de tempestades, de água, da morte, de ficarmos sozinhas e temos coragem para enfrentar coisas mais difíceis.
Também sofremos por arrependimento dos erros que cometemos e ainda mais pelos erros que não cometemos. Muitas vezes perdemos o juízo, a razão, a compostura e às vezes somos santas quando não deveríamos ser, não nos permitindo momentos maravilhosos por preconceito e medo.
Todos os dias são nossos. Somos aquela mulher feliz em alguns momentos, triste em outros, corajosa e medrosa, arrependida e assumida, que ri, que chora, que cai e levanta, que é feliz dentro do abraço do homem amado ou de um amigo, que não se importa se existe ou não um dia dedicado a ela. Também somos aquela que pecou nos braços do padre, do pastor ou do patrão. A que resistiu e se arrependeu, a que nunca perdeu o juízo, nunca pecou e também se arrependeu. A que traiu, a que foi traída e perdoou e aquela que não perdoou tornando-se amargurada e rancorosa. A que nunca amou nem sofreu por amor. A que causou sofrimento por amor. A que esqueceu que o amor faz bem, mesmo não correspondido. Aquela que nunca se cansa de esperar por um novo amor. A que perdeu a esperança. A que sempre encontra razões para ser infeliz. A que sempre procura mil razões para a felicidade. Somos a que escolheu a maternidade e a que preferiu não experimentar a delícia de ser mãe. Somos atiradinhas e somos tímidas, alegres e tristes, calmas e estressadas, santas e pecadoras. Podemos ser felizes ou infelizes estando sozinhas ou acompanhadas. Somos todas essas mulheres e muitas outras. Que ninguém duvide.
Torço para que os homens nunca se esqueçam de que mulher, por mais independente que seja, gosta de flores e de atenção em qualquer dia, não apenas em datas especiais. Algumas são tão estranhas que contentam-se com fotos de flores postadas no Face... A que adora flores, borboletas e sabe que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço, em qualquer dia e a qualquer hora e não tem vergonha de confessar, esta sou eu.