Na minha infância, adolescência e juventude, eu frequentava muito uma casa na entrada do bairro Maria Ismênia (no sentido Vila Nova-Vila Lenira), no município de Colatina, no Estado do Espírito Santo, no Brasil, que dava fundos para o rio Santa Maria do Doce, que era conhecido como Chico Lodi. Um armeiro de marca maior, que gostava de contar uns “causos” e que para nós colatinenses, ele era mais inteligente do que o físico teórico alemão Albert Einstein. Eu tinha costume de ficar procurando guarda-chuva velho, jogado fora, para tirar a sustentação do instrumento, que era um cano de aço, que o Chico Lodi transformava em uma espingarda chumbeira. E enquanto ele fabricava a arma, a gente ficava ouvindo as “estórias”.
Uma pena é que a cidade não teve a ideia de fazer alguma coisa que mantivesse na memória cultural de Colatina, quem era e o que fazia Chico Lodi. Era um gênio, sem nenhuma leitura. Eu cheguei a sugerir alguns políticos da nossa cidade que criassem o projeto municipal com o nome de “Inovação Chico Lodi”. Um projeto para dar espaços aos “novos Chico Lodi de Colatina”, com seus inventos. Todo mundo se lembra, que “os inventos do Chico Lodi” eram imaginários, mas de fazer inveja as teorias do físico Albert Einstein.
Chico Lodi era na verdade, um grande armeiro, que era procurado por pessoas de outros estados, devido a sua fama em recuperar armas. Naquele tempo, nos anos, entre 1940 e 1970, não havia o Decreto n.º 3.665, de 2000, denominado Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados, entre eles, o serviço do armeiro, que hoje é registrado como “mecânico de armas”. O decreto obriga o Sistema Nacional de Armas - SINARM cadastrar os armeiros em atividade no país, bem como conceder licença para exercer a atividade. Por isto, não existem registros oficiais do “armeiro Chico Lodi”.