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Minha História com a 3ª Ponte

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12/12/2016 - por Nancy Araújo de Souza

   
Não consigo precisar quando foi que a vi pela primeira vez daquele jeito, mas lembro bem  que tive vontade de estar ali com toda aquela gente.   
Sei que a vi no noticiário da televisão e não a esqueci. Foi uma cena real-mente  inesquecível, depois vieram outras também muito especiais.
   
Depois das manifestações, que contavam com minha presença aqui em Beagá, eu assistia aos telejornais e podia ver como tinham sido as demais em outras cidades..Em São Paulo aquela enormidade de gente enchendo a Paulista e imediações, me deixando arrepiada de emoção. No Rio, o povo  entupindo a praia, calçadão e as ruas de Copacabana. Aqui em Beagá, a Praça da Liberdade sem caber mais ninguém de tanta gente se aglomerando. Por toda parte do país, as manifestações pacíficas onde sobressaiam o verde e o amarelo das camisas e das bandeiras não se igualava àquela da 3ª Ponte, que liga as cidades de Vitória e Vila Velha. Para mim, aquela visão era a mais emocionante entre todas.
    
Várias vezes, fiquei na frente da televisão esperando ver a manifestação da 3ª Ponte e, quando ela aparecia eu dizia para mim mesma que ainda iria participar de uma caminhada naquele lugar. Prometi a mim mesma que um dia  estaria caminhando naquela ponte com os capixabas, levando a minha bandeirinha do Brasil gritando as mesmas palavras de ordem, sempre a favor da Democracia, contra os desmandos, a corrupção, roubalheiras, e pedindo a prisão dos bandidos de qualquer partido.
    
Algumas vezes fiquei um pouco preocupada quando alguém comentava que a ponte chegava a tremer, ou era apenas a impressão de que ela tremia, sei lá, mas eu me preocupava com a possibilidade de estar no meio de uma multidão numa ponte tremendo, sou muito medrosa. Alguém me amedrontou ainda mais dizendo que se a ponte tremesse mesmo, eu tivesse medo e tentasse voltar, não conseguiria, teria que caminhar sempre em frente, sem possibilidade de retornar. Eu heim????  Eu que gosto de rever meus cami-nhos e de, às vezes mudar o rumo da caminhada, fiquei preocupada, mas desejosa de ajudar a engrossar o número de manifestantes na 3ª Ponte. Um dia ainda estaria lá. Questão de honra! Nunca tive oportunidade…
    
Nunca tive oportunidade, foi o que disse?  Pois ela chegou! Minha oportunidade estava nas minhas mãos oferecida pelos primos de Vila Velha. Incrível!!! Viajei com um casal de primos de Beagá para o interior e lá, nos reunimos  ao casal de capixabas, ou mineirixabas, ou capixaneiros. Ficamos uns dias na minha cidade e em seguida fomos todos com eles para Vila Velha.Oba! Os dias no interior foram maravilhosos com encontro de familiares, amigos, muita comilança e uns copos de espuma de cerveja, no meu caso, pois só gosto da espuma. No Espírito Santo, não sei dizer o quanto meus dias foram felizes, pois me tratam com tanto carinho  que nem sei explicar o que sinto por aqueles primos. Somos muito ligados primos-irmãos de sangue e de coração.
    
Voltando à 3ª Ponte, aquela seria a grande oportunidade de caminhar por ali e ver se iria tremer mesmo, quero dizer, eu tremer de medo mais do que a ponte….. Deixando a brincadeira de lado, fizemos os planos e todos estaríamos lá no domingo. Eu senti não ter levado minha bandeirinha nem a camiseta amarela, mas podia improvisar uma roupa, uma calça estampada de fundo verde e uma camiseta verde ou uma alaranjada. Estaria assim preparada para a longa caminhada. Cada vez que atravessávamos a ponte, de carro, para algum programa em Vitória, me preocupava um pouco com a extensão daquela estrutura e me perguntava se eu estaria preparada para a caminhada ...mas não comentava com ninguém.
  
Começaram as chuvas. Um dia de sol, outro de chuva, manhã de sol, tarde de chuva, manhã de chuva, tarde de sol, noite chuvosa, dia de sol, nesta variação, mas sem atrapalhar meus passeios com os primos. Praia? Só o calçadão me vê, não entro no mar nem por decreto!!!! Na beiradinha ainda consigo molhar os pés e tornozelos, mas um dia uma onda me molhou até os joelhos e consegui não fazer escândalo, não dei vexame...Até peguei uma corzinha, aquela entre o branco transparente e o branco esqui-sito, desta vez nada de vermelho camarão, ainda bem
    
A manifestação na 3ªa Ponte?  Pois é…. ficou na vontade. A chuva resolveu cair no domingo e decidimos não participar, porque nenhum de nós tem mais idade para pegar um resfriado forte, ou uma gripe ou sei lá o quê por causa de uma caminhada daquele tamanho na chuva. Torcemos para a chuva parar, mas ela se recusou e assim ficamos no apartamento vendo, da varanda, as pessoas caminharem em direção a Vitória. De noite não choveu e só nos restou sair ali por perto para uma cerveja. Continuei com o desejo de fazer a caminhada na 3ª Ponte em outra manifestação. Quem sabe no próximo ano estarei lá comemorando algo bem impactante e importante para o país? Continuo pensando em me mudar para Vila Velha, aí então, quem sabe, chega a minha vez? 3ªa Ponte e capixabas me aguardem que esta história não termina aqui... 
   
 

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