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Folia de Reis e o Natal

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19/12/2017

Por: Paulo Roberto Brancatti *

Ao comemorar o Natal que se aproxima novamente, faço um pequeno exercício de memória para recuperar alguns pontos que me tocavam e ainda me tocam quando assisto apresentação de algum grupo denominado “Folia de Reis”. Isso, porque, a participação popular enraizada na cultura popular favorece esse momento cultural numa comunidade ou numa igreja que possa experimentar a alegria de pessoas que representam com suas músicas, com seus trajes próprios, com suas danças e com suas ladainhas, os belos momentos que significaram e significam o nascimento do menino Jesus na caminhada do povo de Deus e a visita dos Reis Magos a família de Nazaré.

E, numa dessas lembranças, busquei em mim uns momentos que vivenciei da Folia de Reis quando meus pais e meus avôs participavam dum grupo que percorria as ruas do bairro da Cidade onde moravam e ao chegar às casas, os mesmos adentravam e no interior dela, o evento acontecia. Era muito interessante, por que haviam músicos instrumentistas,  cantores e muitas vezes se compunham de dançarinos, palhaços e com outros trajes característicos do folclore e das lendas e tradições da Cidade.  As canções eram e ainda hoje, sempre religiosas culminam com alguns intervalos para a casa servir a comida ou lanches aos participantes... Essa era a parte mais gostosa que eu curtia. À hora da comida era sempre mais agradável e as crianças faziam a festa após a cantoria dos foliões. Após aquela apresentação numa determinada casa, o grupo partia para outra residência e lá ocorriam as mesmas atividades.

Eu e meus amigos seguíamos na caminhada junto aos foliões e cantávamos também algumas músicas que sabíamos e dentre elas, uma que aprendi e gosto e canto até hoje quando me lembro das histórias vindas da folia de Reis – Reisado: O galo cantou no Oriente ai, ai, ai, ai... Surgiu a estrela da guia ai, ai... Anunciando a humanidade ai, ai, ai, ai.. Que o menino Deus nascia ai, ai, ai, ai... Em uma estrebaria ai, ai, ah... Vinte e cinco de Dezembro ai, ai, ai, ai... Não se dorme no colchão ai, ai... Deus menino teve a cama ai, ai, ai, ai... De folha seca do chão ai, ai, ai, ai... Pra nossa salvação ai, ai, ah... Senhora dona da casa ai, ai, ai, ai... Olha a chuva no telhado ai, ai... Venha ver o Deus Menino ai, ai, ai, ai. Como está todo molhado ai, ai, ai, ai... Os três reis a seu lado, ai, ai ah... Deus lhe pague a bela oferta ai, ai, ai, ai. Que vós deu com alegria, ai, ai.. O Divino Santo Reis ai, ai, ai, ai São José, Santa Maria ai, ai, ai, ai. Há de ser a vossa guia ai, ai, ah...

E, assim a folia e a cantoria iam acontecendo e como agradecimentos iam pedindo à família acolhedora às benções, as proteções do Divino Espírito Santo e as graças do Pai criador. E com essa lembrança eu cresci e hoje quando vou há uma festa popular como os da Folia de Reis ou a Festa do Divino, penso o quanto ainda podemos fazer para que a religiosidade popular enraizada nas figuras populares do presépio que concedem graças a quem acredita, possam nos agraciar no Natal de Jesus com essa bela expressão da cultura popular de envolvimento das pessoas na dinâmica da vida religiosa sem receio de expressar com seu corpo a dança folclórica que envolve a magia do nascimento e vida.
(*) é professor da Unesp de Presidente Prudente

 

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