Retornando de um período de descanso, após um ano de instabilidades em vários setores da vida
em geral neste nosso Brasil, fiquei a pensar no hábito de degustar vinhos, diante da
impossibilidade de um câmbio a mais de R$ 4,00 e de uma taxação tão elevada como a que temos
sobre itens como o apaixonante fermentado de uva...
Degustar vinhos tornou-se hoje em dia um “esporte caro”, como ouvi um dia desses. E quando
temos algo assim, algo que demanda valores cada vez maiores para manter o gosto apurado que
vamos obtendo a cada experiência, temos que pensar bem onde vamos “investir” nossos cobres. O
“mito” do bom e barato torna-se o “Santo Graal” da hora!
Pensando nisso, começamos hoje uma série de sugestões de vinhos chamados “honestos”, que nos
permitem remar contra a maré de uma economia “destrambelhada”, sem contudo abrir mão do sabor e
da experiência! Abordaremos também uma cepa (tipo de uva) por coluna, para que o amigo leitor
possa firmar seu gosto em boas informações e estar também aberto a novas experiências enófilas.
Produzido em Santa Catarina, o
espumante Santa Augusta Demi-SecRosé é um excelente exemplo do alto nível de produção da
indústria vitivinícola brasileira atual. Corte de Cabernet Sauvignon (45%), Merlot (20%),
Malbec (20%), Montepulciano (12,5%) e Cabernet Franc (2,5%), esse espumante tem um aroma
delicado de morango e acidez muito agradável. Sugestão impecável para queijos leves, frutas
secas e patés suaves. E, vale a pena lembrar, foi o tempo em que espumante (erroneamente
chamado por alguns de “champagne”, já que só podem ser assim denominados os produzidos na
região francesa de Champagne) era bebida apenas para comemorações especiais e recepções. O
mercado brasileiro já passou dessa fase tem tempo!
A primeira cepa que vamos abordar nesta série de artigos é a PinotNoir. Uma uva considerada de
difícil cultivo, a PinotNoir produz vinhos elegantes, suculentos, sem taninos notáveis, de
corpo leve e cor mais pálida.
Os aromas serão bem sutis, como
frutas frescas, ameixas ou até tons florais. É uva essencial na produção dos grandes
espumantes, como os de Champagne, e deve sua fama, principalmente, a rótulos famosos como o
Romanée-Conti, da região de Vosne-Romanée, Côte de Nuits, na França.
Embora a tradição da PinotNoir esteja sem dúvida alguma ligada à França, bons resultados têm
sido obtidos nos Estados Unidos, com varietais mais concentrados do que a tendência da região
francesa da Borgonha, e também mais frutados. Outros produtores incluem a Nova Zelândia, cujos
exemplares estão entre os que mais se assemelham aos da Borgonha, o Chile e a Argentina.
A sugestão
que trago hoje com a PinotNoir é o californiano TurningLeaf, um “honesto” de preço bem
acessível, mas muito saboroso! Aroma facilmente identificável de frutas vermelhas, com toque de
ameixa e passas. Vinho leve e macio, esse Demi-Sec apresenta uma doçura muito agradável em
boca. Harmoniza muito bem com massas com molho leve (4 queijos, pomodoro, branco) e deve ser
servido, na minha opinião, um pouco mais frio do que um tinto normalmente pediria. Facilmente
encontrado na Grande Vitória, vale a pena conhecê-lo, principalmente em tempos de bolso
controlado, mas “sede” nem tanto assim!