A Vale que foi denunciada pela entidade Juntos – SOS Espírito Santo Ambiental por  contrariar  normas de segurança e saúde, ignorou tudo e  vai realizar no próximo domingo (1º) a 5ª Corrida Vale, dentro do Complexo Industrial de Tubarão, local de elevada concentração de poluentes atmosféricos. Médicos especialistas atestaram que há riscos à saúde dos mais de dois mil atletas inscritos para a corrida. A Vale, que promove a corrida, a empresa Premium Marketing Promocional, da Rede Gazeta de Comunicações, que organiza o evento não se pronunciaram, ainda,  a respeito do assunto. 

    O presidente da entidade ambientalista, Eraylton Moreschi Júnior disse que “a entidade tem como objetivo garantir a saúde e qualidade de vida dos atletas que se inscreveram na corrida e que não têm a mínima informação dos riscos. É irracional promover uma competição no interior do Complexo de Tubarão. Imaginem como vai ficar a saúde desses atletas de alto rendimento respirando poluente direto da fonte”.

 

    A Juntos SOS ES ao tomar conhecimento, oficial, da realização da 5ª Corrida Vale, pela primeira vez, nas ruas do Complexo Industrial de Tubarão, localizado no bairro de Jardim Camburi, em Vitória, Estado do Espírito Santo, de imediato entrou com um  pedido de cancelamento do evento, apresentando opiniões técnicas de médicos, todos unânimes em afirmar que o local é inadequado para a prática da atividade.

     Um dos médicos que atestou os males da corrida naquela área industrial e que participou da CPI do Pó Preto, o cardiologista José Aid Sad, relatou na sua opinião que “após toda a discussão no plenário da Assembleia Legislativa e com os dados e documentos apresentados da relação direta entre a poluição e doenças   cardiovasculares, inclusive com a recomendação de alerta à população de evitar realizar atividade física nos dias mais quentes e com maior índice de poluição, fica difícil compreender a atitude da Vale de colocar em risco a saúde das pessoas que irão participar do evento”, disse. 

     O pedido de cancelamento foi encaminhado ao secretário de Estado de Saúde, Ricardo Oliveira; à secretária de Saúde de Vitória, Daysi Koehler Behning, à chefe de Núcleo Especial de Vigilância Sanitária, Marizete de Oliveira Silva; ao gerente regional de Comunicação da Vale, Maurício Manzali; e à empresa que realiza o evento, a Premium. 

    Além do cardiologista, outros profissionais da Medicina compartilham com a opinião de José Aid Sad. O médico alergista José Carlos Perini disse que “com certeza ninguém vai morrer, mas é temerário para o sistema respiratório dos atletas”. A pneumologista  Ciléa Aparecida Victória Martins, presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo (SPES) alertou que os participantes da corrida, por estarem expostos a uma carga alta de exposição ao monóxido de carbono, podem ter severos episódios de crises de falta de ar, coceira e irritação ocular, além de faringites, rinites, sinusites e crises de asma.

    A pneumologista Ana Maria Casati Nogueira da Gama, considera uma incoerência e desrespeito aos atletas o local da corrida, além de ser uma medida que vai na contramão do que recomenda a OMS, com base da fisiologia do exercício, de que atletas corram fora dos horários de pico de poluição e de temperatura. “Imagina correr dentro de uma área sabidamente poluída pelo material particulado, enxofre e monóxido de carbono?”, questiona.

   O oftalmologista Ubirajara Moulin disse que “ambiente poluído além de trazer uma série de complicações para o sistema respiratório, a poluição do ar também é danosa para os olhos. Ela pode causar coceira, ardência nos olhos, fotofobia (aversão a luz), sensação de corpo estranho, lacrimejamento,  olho vermelho e borramento da visão. Com ar  seco em épocas de poucas chuvas,os sintomas ficam mais evidentes ainda”. 

    Nota do redator: Complementando as declarações dos médicos consultados, posso concluir que praticar corrida nas ruas da área industrial do Complexo Tubarão, na presença de poluentes e de altas temperaturas, pode prejudicar atletas profissionais e amadores. A poluição por ozônio, associada ao calor e à umidade, leva a uma queda de performances dos corredores, além de resultar em danos precoces na mucosa que reveste todo o trato respiratório. 

                                   Kit da 5ª Corrida Vale