Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Stem, na sigla em inglês) são cada vez mais valorizadas pela sociedade. O projeto Stem Brasil, que será apresentado durante a Bett Brasil Educar 2016, proporciona uma formação especial a professores, para que as disciplinas sejam abordadas de maneira mais prática.
No mundo, a grande área chamada STEM começou na década de 1960, nos Estados Unidos, em resposta ao lançamento do satélite Sputinik, pela antiga União Soviética. O governo americano precisava de gente qualificada para liderar a corrida espacial e decidiu investir na educação com o foco em ciências e tecnologia. Esse recorte ganhou consistência, se espalhando pelo mundo e, cada vez mais, essencial numa era marcada por novas tecnologias.
Por aqui, o pontapé inicial do Stem Brasil aconteceu em 2009, com a aplicação da ideia em uma escola de Pernambuco. Hoje são centenas de escolas. “Na época, o Worldfund estava procurando por projetos que respondessem à forte demanda por profissionais das áreas científicas na América Latina. Está dando certo. Agora já estamos em sete Estados”, comemora Marcos Paim, diretor do projeto e um dos palestrantes da Bett Brasil Educar.
A ideia do Stem Brasil é oferecer uma qualificação a professores da rede pública voltada para o uso prático dos conhecimentos teóricos das disciplinas que lecionam. Com esse novo repertório, o docente pode enriquecer suas estratégias didáticas, de forma a despertar mais facilmente o interesse dos alunos e fazê-los compreender para quê servem certos conhecimentos e criar soluções para problemas de suas vidas.
Além de prática, a abordagem também é multidisciplinar. “Colocamos professores de disciplinas diferentes em contato e mostramos os pontos em comum. As pessoas acabam se envolvendo umas com as outras, percebendo que podem trabalhar juntas. Tudo se dá de forma natural, sem imposições”, explica Paim.
Inicialmente, eram formados apenas professores de ensino médio, depois foram incluídos os do Ensino Fundamental II (a partir do 6o. ano). Os profissionais do Stem Brasil estão se preparando para começar formações com professores do Ensino Fundamental I e aproveitar a curiosidade natural das crianças pequenas.
O ensino do Stem está muito ligado ao movimento “maker”, também chamado de “mão na massa”, como lembra Kelly Maurice, diretora executiva da Worldfund, que aplica o método no Brasil. Por outro lado, os “fab labs”, ou laboratórios de fabricação, com construções de protótipos de praticamente tudo o que se possa imaginar.
Ao contrário do que se pensa, colocar a mão na massa não precisa ser necessariamente algo caro. A formação oferecida pelo Stem Brasil mostra que cada professor pode ter uma caixa de material chamada “Meu Stem”, com trena, chave de fenda, alicate, materiais elétricos, etc., e produzir muito com ela.
“O mais importante é treinar o olhar para materiais que podem ser interessantes. A sobra de uma reforma na escola ou poda de uma árvore podem ser aproveitadas de formas incríveis. A ciência está em tudo na vida”, diz Marcos Paim. “Com um pouco de conhecimento, recursos básicos e criatividade, todos os alunos e professores podem se tornar “fazedores””, completa.
Little Maker
A Little Maker, voltada para alunos do Ensino Fundamental I e II, com unidades nas cidades paulistas de Americana, Campinas e Indaiatuba, também irá expor durante a Bett Brasil Educar. A escola começou a funcionar no ano passado e conta com mais de 100 alunos.
Utiliza tecnologia, sucata e arte como forma de impulsionar o processo criativo nas atividades complementares de ensino, para aguçar a curiosidade, gerar demanda por conhecimento e descobertas, tendo o professor como um facilitador.
O movimento “maker” e os “fab labs” são algumas das novidades da Bett Brasil Educar 2016. A ideia é mostrar tendências educacionais internacionais que podem ser aplicadas nas escolas brasileiras. O conceito é cada vez mais aplicado em todo mundo. Estima-se que 57% dos adultos americanos já sejam “Makers”.
Para a Futurista Beia Carvalho, palestrante da Bett Brasil Educar 2016, “essa nova era em que o mundo entra ainda não ganhou um nome oficial. Hoje, no Brasil, ela está atrasada e ineficiente, mas a educação está sendo rediscutida mesmo nos países de excelência. Em um mundo complexo, você precisa de talentos para resolver problemas complexos de forma simples. Pessoas críticas, questionadoras serão cada vez mais valorizadas”, afirma a palestrante da Bett Brasil Educar.
O evento deste ano traz à tona a necessidade de que é preciso mudar, evoluir e, especialmente, construir e pôr a mão na massa. (Com informações do Site: www.bettbrasileducar.com.br).