Por Gutman Uchôa de Mendonça
Questões de saudades.
08/10/2021
Se vivo fosse, estaria comemorando 100 anos de existência um dos homens mais extraordinários que conheci, a partir de agosto de 1959 e que se constitui num dos maiores amigos que tive: Darcy Dalla Bernardina, natural de Colatina, filho de imigrantes italianos, casado com D. Ester, pessoa tão afável, agradável como ele.
Em 1959 o amigo empresário Américo Buaiz, então presidente da FINDES-ES – Federação das Indústrias do Espírito Santo, um extraordinário líder empresarial, me mandou resolver um assunto em Colatina e que procurasse Darcy Dalla Bernardina. À noite perguntei a meu pai, se conhecia Darcy Dalla Bernardina. De pronto, respondeu; “Conheço sim. É o “dono” de Colatina, o melhor sujeito do mundo” me dando a indicação do seu irmão maçônico Oswaldo Albernaz, para eu chegar ao Darcy.
Pensei que o “dono” de Colatina fosse um homenzarrão, mas, muito ao contrário. Me deparei com um homem que não tinha mais de um metro e sessenta, gordinho e uma das figuras mais afáveis que já conheci. De pronto – não podia ser diferente – ficamos amigos e me levou, pela primeira vez para almoçar num restaurante do outro lado do rio Doce, o Drink, mesa para a qual correu o dono, Carlinhos, para atender. Carlinhos até hoje é dono do restaurante, com a mesma simplicidade.
Minha amizade com Darcy perdura até hoje, mesmo depois de sua morte. É impossível esquecer um amigo tão generoso, tão correto, tão leal.
Empresário tradicional em vários ramos de atividades do comércio e da indústria, Darcy Dalla Bernardina, foi traído por pessoas que ajudou a sobreviver e se aproveitaram de sua bondade. Conheci a maldade que fizeram com ele.
Tomei um choque quando fui alertado pelo amigo Sérgio Magalhães Campos que o Sr. Darcy estava doente e que eu deveria vê-lo, urgente. Fui correndo o quanto pude. Era tarde demais. Darcy tinha contraído o mal de Alzheimer e não me reconheceu, por mais força que D. Ester fizesse, e seu filho Tarcísio. Nada! Darcy não se recordava do seu melhor amigo.
As recordações do Darcy vieram agora, quando outro amigo e irmão, Martinho Demoner, me lembrou: “Se vivo fosse, Darcy estaria fazendo 100 anos hoje!
Lembranças do velho amigo. O mais sutil contador de anedotas. Não parecia ser tão divertido. Toda Colatina chorou sua morte e, logo depois morreu a pessoa que mais amou, D. Ester.