A derrubada manual do Morro das Cabritas que foi concluÃdo com uso dos Bulldozeres (1) deu lugar ao Bairro Esplanada (foto divulgação).
Por Paulo César Dutra*
O Morro das Cabritas que impedia a urbanização da cidade de Colatina, no Estado do EspÃrito Santo, no Brasil, teve de ser extinto com uma terraplanagem, para dar lugar ao bairro Esplanada. Hoje, um dos bairros mais populoso da cidade, tem como principal via de acesso, a avenida Angelo Giuberti e como destaque a área que era a 2ª Estação Ferroviária da Vale do Rio Doce. Os últimos donos do morro foram os filhos de um casal de pioneiros de Colatina, os comerciantes João Traspadini e Virginia Maioli. Eles tiveram seis filhos: Domingos, Maria, Virgilio, Roberto e José Maria.
João e Virginia foram donos de uma pensão na Vila Colatina, hoje conhecida como Colatina Velha, em 1918 e mais tarde teve ainda outra pensão no prédio Damiani, na Praça Frei José, em Colatina. João Traspadini tinha também, uma enorme barcaça que fazia frequentes viagens pelo Rio Doce para Linhares com transporte de produtos agrÃcolas e, na maioria das vezes, trazia mercadorias de Linhares para comercializar em Colatina. Depois João e Virginia adquiriram o Morro das Cabritas, onde se alojaram com os filhos.
Moradores e derrubada do Morro
Os netos de João, Cecéia, Margarida e Rui Traspadini que eram filhos José Maria Traspadini, deram entrevistas para o jornalista Luis Carlos Maduro, da Revista Nossa nº 45, de outubro de 1989, contando com detalhes como era o morro e quem eram as pessoas que lá moraram. Rui disse que o local era administrado pelos filhos do João, entre eles o pai deles, José Maria. Além das residências das famÃlias Traspadini, seus pais e os irmãos mantinham uma pequena roça e um enorme casarão onde moravam cinco famÃlias. Nas encostas do morro a famÃlia tinha ainda uma olaria que pertencia a um dos filhos, Domingos Traspadini.
Sobre a derrubada do Morro das Cabritas, Rui contou que as terras de sua famÃlia foram indenizadas pela Companhia Vale do Rio Doce-CVRD, na década de 40, sob o argumento que o serviço era para urbanizar o centro da cidade. Na época, na verdade, segundo Rui, a CVRD se apropriou da região para melhorar a passagem, naquele local, das locomotiva que antes passava em curvas sinuosas no bairro Vila Nova. A CVRD precisava de mais rapidez na entrega do minério de ferro para os Estados Unidos da América do Norte - |EUA que estava em guerra com o Japão. Explica Rui que a indenização foi como uma invasão, pois o preço da época foi irrisório e o terreno tomado à revelia dos proprietários.
No inÃcio da escavação e derrubada do Morro das Cabritas, a o serviço era manual e como estava atrasando muito a execução da transformação do morro em uma esplanada, foram trazidos os equipamentos do tipo Bulldozeres que derrubaram rapidamente o Morro para transformar a área no Bairro Esplanada.
Bairro Esplanada
Com a derrubada do Morro, o progresso da região se tornou uma realidade, porque além do local ter se transformado numa grande esplanada, a terra retirada do morro serviu para desviar o curso do rio Santa Maria do Doce, que antes passava no centro da cidade, nas imediações do posto de gasolina São Miguel e da Farmácia LÃder, levando as águas do rio para o curso atual, na divisa dos bairros Vila Nova e Avenida Rio Doce.
Outro fato importante para a história dos 100 anos de Colatina, com a esplanada, Colatina começou a progredir em direção da Estação Ferroviária, onde a cidade recebeu o nome de Colatina Nova, com o surgimento da avenida Angelo Giuberti, com algumas casas e pontos comerciais.
Entre os pontos comerciais que surgiram na década de 1950, na avenida Angelo Giuberti, no bairro Esplanada, em frente à estação ferroviária estavam os comerciantes Joaquim Dutra e Linda Guidoni; Militão e Dona Elvira e, Adelino Teixeira e Dona Thaiz Almeida.
(1) O bulldozer é uma máquina pesada e potente, de pneus ou de lagartas com uma lâmina na frente para mover materiais e nivelar terrenos.