A IGREJA MATRIZ DE SANTA TEREZA - Santa Teresa – ES - Brasil
Meus avós Pedro Guidoni e Mathilde Pretti casaram nesta igreja em 1910, no centro de Santa Teresa- Espírito Santo – Brasil.
A igreja ampliada em 1925
A mesma igreja em 1880.
A mesma igreja em 1900
IGREJA MATRIZ DE SANTA TEREZA _ Santa Teresa-ES-Brasil
Tudo sobre ela no link:http://www.paroquiasantateresadavila.org.br/paroquia.php
NOSSA IGREJA MATRIZ (III)
Já estamos nos idos de 1877 e nossa capelinha ainda não tinha seu lugar. Eram passados quase três anos da presença dos imigrantes e o líder Virgilio Lambert estava preocupado para se decidir aonde levar os esteios da casa do Senhor. Depois de tanto vai-e-vem com os esteios, sabem qual foi o lugar escolhido para a construção da igrejinha? Justamente no local da igreja matriz atual. Ótimo! É um lugar ideal, nem sujeito a enchentes e de acesso relativamente fácil.
Nesse tempo os imigrantes trabalhavam três dias para o governo na abertura das estradas de acesso aos lotes sorteados e três dias para eles mesmos a fim de produzirem o próprio alimento. No início, quando chegaram, o governo ordenara que trabalhassem quinze dias nas estradas e quinze dias nos próprios terrenos, recebendo feijão, farinha, arroz e carne seca. Foi após um levante, ou melhor, protesto com ameaças dos colonos diante das autoridades, que o diretor geral da colonização, Sr. Santana Lopes, e o vice-diretor de terras, Von Lipes, decidiram estabelecer três dias de trabalho comunitário e três livres, recebendo em troca algum benefício.
Então os colonos deram-se à construção da igreja às expensas do governo, isto é, trabalhando nos três dias comunitários. Com raça e muita fé os trabalhos iam bastante adiantados, quando chegou a notícia da emancipação dos imigrantes, ou seja, sua plena liberdade de trabalho e iniciativa. Não tralhavam mais para o governo e nem recebiam dele a alimentação. Daqui por diante os trabalhos da igrejinha eram tocados às custas dos próprios imigrantes e, de esmola em esmola, concluíram eles mesmos nosso primeiro templo e católico de Santa Teresa. Simples e humilde, de madeira e estuque, a igrejinha parecia um brinco pendurado no morro. Era branquinho, mostrando ao natural os esteios e as peças horizontais lavradas, tudo bem coberto com taboinhas sobrepostas aos caibros e ripas. O assoalho era feito de tábuas largas que iam de comprido, da porta ao altar rústico e todo de madeira de lei. No centro do altar, em posição de destaque, sobressaia o tosco e humilde tabernáculo, também de madeira maciça, encimado de uma pequena cruz preta, sem o crucificado. Concluía o monumento concreto da fé do imigrante uma porta de entrada relativamente grande, duas janelas com formato de meio círculo em cada parede lateral e, no eitão frontal, uma janela redonda com vidraças assim como as quatro janelas laterais. Na parte mais alta da cobertura de duas águas, uma cruz de madeira bem proporcional convidava o viandante que por ali passasse a benzer-se com o sinal da fé.
O líder religioso dos imigrantes, Virgílio Lambert, tinha suas arestas com o vice-diretor de terras e, por ocasião da escolha do nome da nova pátria, o trentino justo e muito devoto, tudo fez para vingar o nome do padroeiro de Trento, São Virgílio, que além de levar o seu nome, a festa religiosa cai justamente no dia 26 de junho, data da fundação de Santa Teresa. Liderados por ele, muitos imigrantes que na maioria eram trentinos, queriam que nossa cidade se chamasse São Virgílio e não Santa Teresa. De um jeito ou de outro, o Lambert homenageou seu santo. Se a padroeira do templo é Santa Teresa, o mesmo foi dedicado a São Virgílio, em cuja fachada se lia a inscrição: DUOMO DEDICATO A SAN VIGILIO, com letras bem grandes.
Na parede, acima do altar, as mulheres da comunidade não colocaram nem o primeiro quadro da santa que media 35 x 25 cm nem a pequena imagem trazida da França por dona Thereza Roatt, a qual media 35 cm de altura e que substituíra o quadro da Santa no oco do “pau-peba”, mas sim um quadro bem maior de Santa Teresa, de 67 x 50 cm. Este quadro, com a chegada da imagem da mesma santa, foi levado para a casa de dona Anna Corona Bellumat e hoje é conservado na residência de dona Clementina Bausen Belumat, casada com João Baptista Belumat (falecido), neto de dona Anna Corona Bellumat.
No dia 26 de junho de 1880 com a participação da quase totalidade dos imigrantes da Vila e presença das autoridades constituídas, o Padre Domenico Martinelli deu a bênção solene no primeiro templo de Santa Teresa e, em seguida, foi celebrada a primeira missa.
Depois levantaram ao lado da igrejinha um modesto campanário cujos sinos foram doados pelo Imperador D, Pedro II e que ainda servem à atual matriz. Tudo isto é o que nos relatam as testemunhas oculares da época, entrevistados pelo primeiro historiador de Santa Teresa, o autor de “Factos Históricos e Fundação de Santa Thereza” (Edição 1925), ano comemorativo do cinquentenário do sorteio dos lotes, data oficial da fundação de nossa terra querida.