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Campos Neto, Uma Mente Subalterna No Comando Do BC

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16/02/2023

Por Luis Nassif
jornalggn@gmail.com
Publicado em 14 de fevereiro de 2023, 10:40

Qualquer crítica ao BC é interpretada como uma ameaça à democracia. Existe algo mais anti-democrático do que isso?
 
Podia-se criticar à vontade Roberto Campos, avô. Mas não se podia negar, no Campos ministro, a coragem de assumir suas posições, a capacidade de iniciativa, as soluções criativas, visando resolver problemas concretos.

Do avô, Roberto Campos Neto herdou apenas o nome. É um burocrata, um executivo que se daria bem no segundo escalão de uma grande empresa, jamais em um cargo de chefia. Nem se fala sobre sua timidez. É possível ser um grande executivo sendo tímido. Até se poderia dar um desconto na sua falta de ideias.

Mas as informações dos últimos dias mostram, que é fundamentalmente um subalterno, uma pessoa que cumpre missões, com pouco senso de dignidade e de responsabilidade pública.

Agora, à medida que vão caindo as fichas, que aparece Campos Neto em pic-nics com Ministros de Bolsonaro, em grupos de WhatsApp, mostrando uma intimidade indecorosa, em relação ao alto cargo de presidente de um Banco Central independente, vai caindo a ficha em relação a seus atos.

O primeiro deles quase passou despercebido. Foi quando o Banco Central forneceu ao governo Bolsonaro estudos estatísticos supostamente provando que a imunidade de rebanho seria melhor para a economia do que a vacinação. O então Ministro Paulo Guedes chegou a mencionar o trabalho, mas, depois, ele foi recolhido, ao perceberem o vexame que significava.

Agora, o furo do Metrópoles mostra que, no grupo de WhatsApp dos Ministros de Bolsonaro, Campos Neto apresentou projeções, mostrando que Bolsonaro poderia vencer as eleições graças à abstenção. Provavelmente foram esses estudos que embasaram a iniciativa criminosa de colocar a Polícia Rodoviária Federal para bloquear ônibus com eleitores no Nordeste.

Nem se fale do primarismo ingênuo e vergonhoso de votar nos dois turnos das eleições com a camisa verde-amarelo, símbolo do bolsonarismo. Só uma pessoa extremamente ingênua e sem discernimento para incorrer nesse desgaste.

À medida que vazam suas primeiras conversas com o governo Lula, Campos Neto revela-se uma pessoa pouco confiável, dizendo uma coisa em particular, outra nas notas do Banco Central.

Mais que isso, a manutenção de reuniões fechadas com o mercado, a maneira como o presidente do BTG Pactual, André Esteves, se referiu a ele em uma live interna, tudo isso mostra uma pessoa sem dimensão pessoal e pública.

No entanto, é ele o condutor da política monetária, um burocrata incapaz de um pensamento inovador, incapaz de um gesto sequer para reduzir spreads bancários, para impedir a cartelização na formação de taxas, para segurar a volatilidade do câmbio.

A tragédia brasileira não reside apenas nisso, mas em uma mídia incapaz de uma discussão aprofundada sequer sobre os rumos das taxas de juros, ou sobre a necessidade de aprimoramento do sistema de metas inflacionárias.

Ontem, na Globonews, era possível assistir um comentarista absolutamente jejuno em temas econômicos, disparar dardos nos infiéis que ousassem duvidar do Banco Central. Parecia Moisés destruindo o bezerro de ouro.

Criou-se mais um paradoxo nessa fantástica democracia brasileira. A independência do Banco Central é vendida como um dos pilares das sociedades democráticas. Mesmo sem ter recebido um voto sequer, o BC passa a definir, de moto próprio, a sua política econômica. E qualquer crítica ao BC é interpretada como uma ameaça à democracia. Existe algo mais anti-democrático do que isso? Não se dá a palavra a um economista sequer que ouse criticar o banco.

O subdesenvolvimento é trabalho de gerações.
 
10 Comentários
 
Edson J
- 2023-02-14 10:34:58
Exatamente, Nassif. Mas não consigo entender o desempenho de Haddad nesse cenário, querendo ficar bem com todo o mundo. Só confirma o que eu pensava, desde o começo, contrariando a sua opinião a respeito. Haddad, fixação de Lula não sei por que, foi/é o homem errado, no lugar errado e na hora errada. Com ele, não chegaremos nem ao empate.

Eduardo Pereira
- 2023-02-14 10:26:32
Aguardando os Bancos e o Congresso entrarem nesse debate. Pro Bancos o BACEN e um entrave nos negócios ja que Banco vive de vender dinheiro. E com essas taxas não ha quem compre e depois consiga pagar.Ao Congresso cabe refletir sobre o quanto isso vai custar em votos e retirar o campos do campo da economia.

Vladimir
- 2023-02-14 10:25:39
Infelizmente o problema ultrapassa o BC e que o comanda. Hoje,mais do que nunca,o problema é a acumulação indecente do capital que coloca em todas as áreas da sociedade seus capangas e micos amestrados. Assim,vivemos das concessões dos detentores do capital e aparentemente,este círculo vicioso não terá fim até o fim do mundo.

jose dutra vieira sobrinho
- 2023-02-14 10:03:41
Prezado Nassif: como sempre, comentários pertinentes e muito bem fundamentados.

Célio Ferreira Facó
- 2023-02-14 09:33:01
Nosso fracasso, nosso abismo coletivos: Office-boy, acredite, na direção do BC, capangas das Oligarquias na direção das TVs e Jornais, o fascismo da Lava-jato persistente, a Indústria dizimada, o emprego rareia...

Evandro Condé
- 2023-02-14 09:18:10
E,lembrando o Lara Resende, o BC não é independente, sim autônomo.

Marconi
- 2023-02-14 09:17:24
Os juros, até o início da era moderna, sempre foram considerados imorais, representam dinheiro sem trabalho, lucros sem ações benéficas para toda a sociedade, uma espécie do gênero roubo. Tolera-se baixos juros. Juros altos é algo contra a sociedade e obstáculo para qualquer desenvolvimento econômico, social e humano. Banqueiros e seus funcionários deveriam pensar nisso mais do que no dinheirismo sádico.

Fábio Djukai
- 2023-02-14 09:15:39
Sobre o cidadão do BC, diria ao presidente Lula, vá pra cima, marque duro, avança o meio de campo, e faz como o ditado francês "aperta que ele pummm!" O sujeito é bem fraquinho.

Antonio Uchoa Neto
- 2023-02-14 08:58:41
O mundo é dos Bancos e das Grandes Corporações, Nassif. Que diabo de importância tem esse Campos Neto? Chame-o de medíocre, de nulidade, como quiser; que importância tem ele? Seja lá quem for que o Binômio coloque no comando do BC, o que importa é que a política monetária siga os ditames do Mercado, e beneficiando e enriquecendo os agiotas e parasitas das finanças, e do mundo corporativo. Há muito tempo a receita financeira superou a receita operacional; o pagamento dos juros da dívida pública, no Brasil, é o que há de mais sagrado e intocável, um tabu de dimensões imensuráveis; e pouco importa o nome do presidente do BC, desde que conheça seu lugar. Tire-se o Campos Neto de lá, bota-se outro Campos Neto no lugar. Apenas o sistema financeiro é inamovível, ou imexível, como queiram. O mundo é dos Bancos e das Grandes Corporações. Desde 1694, quando o Banco da Inglaterra foi criado para gerir os negócios da Coroa.

JOSE DE ALMEIDA BISPO
- 2023-02-14 07:28:43
É Londres exportando integralmente seu modus operandum: primeiro para Washington; depois pro resto do mundo. Afinal, se é bom para Londres e Nova Iorque (para a agiotagem), é bom pro Brasil, né?

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