Atleta negro americano e corredor alemão foram amigos na II Guerra e para sempre
Poucas pessoas sabem que o alemão fazendo a saudação nazista no pódio atrás do atleta
negro americano Jesse Owens, Lutz Long, se tornaria um grande amigo de Owens.
Long vivia na Alemanha nazista, onde todos eram diariamente informados sobre a
suposta superioridade da raça ariana. Mas ele, pessoalmente, não se sentia assim.
Desde as Olimpíadas de 1936 até os dias da Segunda Guerra Mundial, Long e Owens
trocaram cartas. Mesmo quando Long foi enviado para a guerra, lutando no Norte da
África e na Sicília, os dois homens ainda se escreviam, perguntando um pelo outro,
escrevendo sobre suas esposas, suas famílias, esperanças, medos e amores.
No Norte da África em 1943, no deserto, Lutz Long escreveu sua última carta para Jesse
Owens. Um homem que ele chamava de irmão. Suas últimas palavras conhecidas, e elas
são comoventes:
Estou aqui, Jesse, onde parece haver apenas a areia seca e o sangue molhado. Não temo
tanto por mim mesmo, meu amigo Jesse, temo pela minha mulher que está em casa, e
pelo meu jovem filho Karl, que nunca realmente conheceu seu pai.
Meu coração me diz, se eu for honesto com você, que esta será a última carta que jamais
escreverei. Se for assim, peço-lhe algo. É algo muito importante para mim. É que você
vá à Alemanha quando esta guerra acabar, algum dia encontre meu Karl, e conte a ele
sobre seu pai. Diga a ele, Jesse, como eram os tempos quando não estávamos separados
pela guerra. Estou dizendo—conte a ele como as coisas podem ser entre os homens
nesta terra.
Se você fizer isso por mim, essa coisa que eu mais preciso saber que será feita, farei
algo por você, agora. Vou lhe dizer algo que sei que você quer ouvir. E é verdade.
Naquela hora em Berlim quando falei com você pela primeira vez, quando você tinha o
joelho no chão, eu sabia que você estava rezando. Naquela época eu não sabia como
eu sabia. Agora eu sei. Sei que nunca é por acaso que nos encontramos. Eu vim até você
naquela hora em 1936 por um propósito maior do que as Olimpíadas de Berlim.
E você, acredito, lerá esta carta, embora não devesse ser possível que ela chegasse até
você, por um propósito ainda maior do que nossa amizade. Acredito que isso
acontecerá porque penso agora que Deus fará com que aconteça. Isso é o que tenho para
lhe dizer, Jesse.
Acho que posso acreditar em Deus.
E rezo a ele para que, mesmo que não seja possível que isso chegue até você, estas
palavras que escrevo ainda sejam lidas por você.
Seu irmão,
Lutz
Jesse Owens recebeu a carta, mas nessa época seu amigo e irmão Lutz havia sido
transferido para a Sicília. Ele morreu defendendo-a durante a invasão aliada. Mais de
trinta anos após a guerra, um Jesse Owens já idoso viajou para a Alemanha e encontrou
Karl Long, o filho de seu melhor amigo.
Esse é Karl e Jesse Owens na foto acima. Jesse Owens cumpriu sua promessa ao seu
melhor amigo. De ver seu filho. De contar a ele sobre o pai que nunca conheceu. De
falar sobre a amizade deles. De dizer a ele que seu pai era um homem bom. Um homem
corajoso e honrado. O próprio Jesse Owens morreu pouco depois de conhecer Karl.
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