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Os arautos da Incompetência dos Brasileiros e do Estado Mínimo Estão de Volta

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31/08/2015

No passado alguns interpretes da sociedade brasileira situavam o Brasil em um campo absolutamente secundário no contexto mundial. Uma sociedade composta, em sua maioria, por imigrantes das camadas sociais menos abastadas em suas origens, negros e índios, formavam uma população indolente que, para piorar, vivendo em clima tropical caracterizava, sobre vários aspectos, um ambiente pouco favorável ao trabalho, especialmente ao trabalho intelectual e criativo. Dessa interpretação decorria propostas de política econômica e de desenvolvimento que visavam a expansão das grandes fazendas para produzir matérias primas agrícolas e minerais para o resto do mundo.  Ao Estado cumpria ser mínimo, apenas fornecer o necessário de segurança, estradas e saúde básica. O velho mundo, especialmente a Inglaterra, a grande oficina dos bens industrializados. No novo mundo os empregos de baixo salários e o uso intensivo dos recursos naturais. No velho mundo a indústria com suas condições melhores de trabalho e de progresso técnico.

Felizmente tal interpretação não se fez hegemônica nem duradoura. Intelectuais brasileiros construíram interpretações que ressaltam as qualidades do povo brasileiro e das condições locais tão favoráveis para o avanço das atividades de maior valor agregado, quanto em qualquer outro lugar do mundo. Se antes a auto-estima do brasileira era puxada para baixo, levando a acomodação, aos poucos dá lugar a um novo olhar. E em vários campos da vida social começam a aparecer fatos apontando outra direção. Nos esportes, o sucesso no futebol, no automobilismo e em outras modalidades. Na cultura a bossa nova que conquista o mundo. Na economia a construção de Brasília e o processo de industrialização. Nas relações externas, um processo mais complexo e demorado, mais paulatinamente o Brasil foi consolidando uma diplomacia que abria caminho para uma posição menos subalterna. Na política o tropeço da democracia. Na economia, cerca de trinta anos de crescimento e ao final um perfil de produção industrial semelhante aos países centrais. A Petrobras se torna líder mundial em tecnologia de produção em águas profunda. De qualquer modo, podíamos notar uma elevada auto-estima e uma proposta de se tornar protagonista respeitado no mundo,  orgulho em ser brasileiro.

Essa lembrança de nossa história (até anos oitenta) tem o propósito de chamar a atenção para a necessidade de retomar o pensamento crítico, pois os arautos da incompetência do brasileiros e do estado mínimo estão de volta. A política econômica dos últimos anos tem contribuído para a desindustrialização e já fazem quase trinta anos de baixo crescimento. As políticas de inovação e de ingresso na produção intensiva em tecnologia não produzem resultados desejados. Dão certo as medidas que, ao contrário do sonhado, nos empurram para ser um país produtor de commoditiese espaço com juros altos para alegria dos capitais financeiros que rodam o mundo. É comum ver brasileiros elogiando o que acontece em outros países e demonstrando interesse em morar por lá. Estão tentando baixar nossa auto-estima e nos rotular de sociedade sem vontade, sem projeto e totalmente subordinada aos interesses do capital internacional. Infelizmente sofremos sete gols, perdemos o Sena e a velocidade, inclusive a de encontrar soluções. Mas isso não será suficiente para abater os brasileiros ao ponto de aceitar a proposta de acomodação geral. 

É claro que a racionalização de gastos sempre precisa ser feita. No entanto, o que nos assusta é se o ajuste fiscal em curso não está embutindo e reintroduzindo de  forma mais duradoura o ideário do estado mínimo.  As nações capitalistas requerem estados fortes para sua regulação e garantias de condições adequadas para um crescente fluxo de investimentos. Assim, retornar ao desastrado neoliberalismo das décadas oitenta e noventa não interessa para a maioria que mal começou a ser incluída. 

O PMDB já trouxe de volta seu mais ilustre pensador e o encarregou de elaborar propostas para o pós ajuste fiscal. Quem já conhece Roberto Mangabeira Unger pode prever que ele virá com a proposta de um novo modelo educacional, capacitação dos pequenos negócios e modernização da empresa brasileira, buscando aumentar a produtividade. Tudo muito bom. O problema é que o filósofo americano-brasileiro pensa que isto pode ser feito mediante importação de tecnologia e bens de capital, o que certamente não interessa aos brasileiros porque nos congelaria em posição subordinada. Precisamos inovar localmente e buscar soberania nacional. Este é o debate do dia entre nós e que precisa ficar mais transparente para que todos participem. Caso contrário, o viés conservador do ajuste fiscal poderá ter continuidade na implementação de políticas de desenvolvimento avessas à nação brasileira, mas, muito bem embalada em elegantes e atraentes discursos.

Aqui entre nós capixabas, também precisamos estar alerta pois o corta e corta serviços e investimentos não é uma necessidade conjuntural de ajuste fiscal. Mais que isso, reflete uma filosofia de trabalho, uma crença já demonstrada em outros momentos de que o mercado é o melhor caminho para resolver tudo, logo quanto menor gasto público melhor, especialmente o investimento em políticas sociais. 


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