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Justiça Climática: Fim do PIB ou o Fim do Futuro

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07/12/2015

         Além do terrorismo que  se espalha, como estratégia revolucionária ou como expressão de desajustados,  a humanidade  enfrenta ainda dois dilemas fundamentais:  mudar os padrões e os rumos do desenvolvimento induzido pelo  Produto Interno Bruto(PIB); e estabelecer  compromissos em favor de uma “justiça climática”.  Se o mundo tivesse de crescer 10% ao ano, como a economia chinesa,  em 20 a 30 anos os recursos naturais da terra estariam destruídos e a fome, que atinge, um bilhão de pessoas teria alcançado um maior número de pessoas.

       Como metodologia, o PIB tem servido de alavanca para o modelo liberal - da livre iniciativa e da concorrência -  e para o neoliberalismo, que prega o  estado mínimo e o capital globalizado. Como medida da pujança das economias, o indicador  valorizou, entretanto,  sempre a industrialização,  justamente o segmento que  mais destrói os recursos naturais, pela demanda intensiva de matéria prima, o uso de insumos tóxicos, e tecnologias de impacto. Concomitantemente, ela traz também embutida a ilusão da geração plena do emprego. 

        O neoliberalismo é insaciável: quer a expansão do capital fora das regulamentações das leis nacionais.   Para isso, dispõe de mecanismos próprios dando cobertura para as aventuras empreendedoras pelo mundo. As explorações minerais da Samarco, em Mariana,  estariam protegidas por uma apólice de seguro no valor de US$ 2 bilhões,   que  se aplicaria sobre oscilações da economia, grandes sinistros e  desastres relacionados com seu sistema de produção e suas exportações. Mate quem matar, destrua o que destruir, o negócio está garantido.

        Existe uma face cruel protegendo os investimentos e ativos capitalistas e outra, que  despoja de suas riquezas  o país onde atuam essas empresas.   As exportações de minério do Brasil para a China ou para os EUA enriquece os chineses e os norte-americanos e empobrece o patrimônio ambiental no Brasil. Em nome de um crescimento abstrato, o indicador tem conduzido descaradamente a bandeira da iniqüidade. Leva os países “biodiversos” a perderem ativos importantes para a sobrevivência do próprio Planeta. 

        Desta maneira, a exploração e a exportação florestal, mineral - até de água para o Oriente Médio -  agrega valores ao PIB, mas  ignora os impactos negativos que provoca. A contabilidade da riqueza deveria medir exatamente o contrário: o patrimônio natural preservado. Impossível. A equação estabelecida não permite.  O patrimônio (ativo?) natural brasileiro, não é conhecido contabilmente pelo PIB.As terras de florestas nativas são estigmatizadas como  “improdutivas”, sem valor monetário ou econômico. 

        O tamanho do PIB  e o seu crescimento, referenciados na  industrialização, tornaram-se, inclusive, instrumento de reconhecimento de status civilizatório.  Numa escala de seis posições para o PIB, o Brasil fica no meio: semi-industrializado (uma espécie de emergente). Na América Latina, ficava atrás da Argentina .   Para subir uma posição, a expectativa em torno do crescimento  do PIB é agonizante para os gestores econômicos e perverso para as populações mais pobres. Mesmo assim, tem sido um  indicador aceito sem grandes contestações. 

       O G20 – grupo das maiores economias – está recomendando uma redução nas cotas de consumo de carvão como matéria prima industrial. Quem pode fazer isso, e quem não pode? Só na Índia 300 milhões – um Brasil e meio -  não tem acesso à eletricidade, 92 milhões  à água potável e cerca de 600 milhões - vive com U$ 1,90, em torno de  7 reais, por dia.  Daí o apelo do ministro do Ambiente da Índia, PrakashJavadekar ,  numa das reuniões da paquidérmica Conferência Climática, para que “o mundo desenvolvido desocupe o espaço de carbono para nos dar lugar”. Chamou isso de “justiça climática”. O dilema brasileiro é aparentemente outro: sustentar com seus recursos extrativos o PIB e metade da economia industrializada do mundo, sem levar em conta a degradação para o patrimônio nacional. 

*Jornalista, professor, doutor em História Cultural. Consultor da Catalytica Empreendimentos e Inovações Sociais 

Eliezer Batista Ligou A Vale Ao Resto Do Mundo

Galgando vários postos ao longo de sua carreira, até ser nomeado presidente da mineradora coube a ele transformar..


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