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Sobre Culinária

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21/12/2015

Há algum tempo, um resenhista literário escreveu nas páginas ainda impressas do Jornal do Brasil que toda grande obra literária tinha de descrever os pratos que os personagens consumiam. Que grande verdade foi dita! Um exemplo: Paloma Jorge Amado, filha de Jorge Amado e Zélia Gattai, escreveu um livro-referência: “A Comida Baiana de Jorge Amado ou o Livro de Cozinha de Pedro Arcanjo” (Editora Panelinha), dando receitas dos pratos que o grande escritor citou no conjunto da sua obra.

Jorge Amado não está sozinho. Michel Zévaco, na sua saga sobre Pardaillan, nos oferecia, para aliviar sua densa narrativa, os pratos que o personagem principal consumia nas tabernas entre garrafas e mais garrafas de vinho. Já os aficionados por James Bond conhecem seus gostos culinários que Ian Fleming nos honrou em descrever. J. K. Rowling também não deixou de citar o que os alunos da mágica escola de Hogwarts consumiam em cada refeição, para desespero dos defensores de dietas saudáveis!

Ora, podemos voltar ao Brasil e sonhar com o que Monteiro Lobato fazia Tia Nastácia colocar à mesa para o deleite do pessoal do Sítio do Picapau Amarelo. Até mesmo Jô Soares, no seu “O Xangô de Baker Street”, narra o que o Imperador D. Pedro II servia à mesa e a engraçadíssima consequência da experiência gastronômica do dito Xangô.

Em filmes, mostram-se os pratos de maneira rápida. Talvez por que a maioria desses seja Norte-americana e lá a culinária está mais ligada ao “fast-food” do que à boa mesa. Numa fita para jovens, mostra-se o personagem principal pedir que se fizesse uma “pizza de M&M”. Já se disse que essa mistura fica boa...

Porém, há uma exceção aberta quando se versa sobre gastronomia. Nessas obras, em que até se dá a impressão de que os pratos bem elaborados são os verdadeiros personagens principais, podemos contemplar a elaboração dedicada e atenciosa de como cada um é feito, destacando-se até detalhes que costumamos desprezar, como, por exemplo, a colocação das toalhas nas mesas, com direito a um ferro de engomar.

A feitura desses pratos é tão deleitosa aos nossos olhos que o filme pode até apresentar um roteiro fraco que ele continua bom. Então, o grande desafio para se fazer um filme que seja uma obra prima e que versa sobre culinária é mostrar um bom roteiro. Muitos deles fizeram isso, e que sucessos alcançaram!

Comecemos com “A Festa de Babette” de Gabriel Axel, sobre o conto de Karen Bixen. Um filme monótono e triste, mas com um final tão maravilhoso que nos deixa aquela vontade de rever quantas vezes que for possível – e esse final é o banquete da dita festa. Não falemos mais sobre isso! Os mais aficionados em cinema também se sentirão satisfeitos em ver alguns ícones esquecidos do cinema europeu em cena, como Stéphane Audran e Bibi Andersson. O filme levou o Oscar em 1988 como melhor filme estrangeiro.

Pulemos para outro: “Simplesmente Marta”, de Sandra Nettelbeck – um filme alemão que foi adaptado ao gosto norte-americano com outra edição: “Sem Reservas”, aí dirigido por Robert Scott Hicks, com um excelente elenco formado pela galesa Catherine Zeta-Jones, o californiano Aaron Eckhart e a então pequena e já talentosa nova-iorquina Abigail Breslin. Um comentário merece destaque, quando se pergunta quais são os três segredos da comida francesa. “Manteiga, manteiga e manteiga”, foi a resposta.

Bom, não falemos de outras três obras primas porque por si só fazem parte de uma categoria ainda a ser trabalhada: Satyricon, de Federico Fellini, filme de 1969 sobre a obra de Petrônio, “Tomates Verdes Fritos” de Jon Avnet, filme de 1991 com Jessica Tandy, Mary Stuart Masterson e Kathy Bates, e “O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante” de Peter Greenaway, com Helen Mirren, Tim Roth, Michael Gambon e Ciarán Hinds. Todos esses têm algo em comum que, revelados, estragaria o seus finais, o que se chama de spoiling.

Voltemos para outros filmes dessa mesma temática. E, aí, não se poderia deixar de lado Ratatouille, de Brad Bird e Jan Pinkawa. Um desenho animado! Existe preconceito contra esse tipo de filme, mas devemos levar essa categoria a sério. Esse filme possui fotografias tão perfeitas que as produtoras Disney e Pixar tiveram de declarar que nenhuma cena foi obtida de cenários reais. Nele há uma aula de culinária que enche os olhos fazendo o espectador esquecer que os maravilhosos pratos eram feitos por um rato desenhado propositadamente de forma nojenta. Na versão original, nos degustamos também com as vozes de Lou Romano, Ian Holm e Peter O’Toole. Para os preconceituosos, esqueçam suas implicâncias e encarem um belo, engraçado e, por que não dizer, gastronomicamente didático filme de 2007.

Mas não para aqui. E chegamos aonde queríamos: um filme mais atual. O alvo de nossa crítica.

Tratamos de “Pegando Fogo”, dirigido por John Wells, com o roteiro de Steven Knight, com um excelente elenco, contando com Bradley Cooper, Sienna Miller, Daniel Brühl, Emma Thompson, Omar Sy e Uma Thurman. Um filme sobre cozinha.
Nossa história fala dos cozinheiros endiabrados, pavios curtos, gritões, o que parece ser a moda de hoje, como mostra o astro da cozinha Gordon Ramsay.

Falemos primeiramente do roteiro. Agradável, palatável, mas sem novidades. Em suma, entre mediano e fraco. Steven Knight também roteirizou “O Sétimo Filho”, juntamente com Charles Leavitt, decepcionando àqueles que leram a obra original.
Já o diretor foi correto. Nenhuma maravilha, mas soube conduzir bem os trabalhos, atendo-se não só na narrativa como também às apresentações da nobre arte da Culinária.

Já o elenco foi irrepreensível. Comecemos pelo ator principal: Bradley Cooper. Esse norte-americano, prestes a completar 40 anos, começou na televisão e veio a se destacar na comédia “Se Beber não Case” e nas suas sequências. Recebeu já vários prêmios além de indicações ao Oscar (e uma Framboesa de Ouro!). Capaz de trabalhar com a mesma competência filmes românticos como “Nova Yorque, Eu Te Amo”, comédias como “Penetras Bons de Bico”, filmes de aventura, como “Esquadrão Classe A” ou mesmo dublando personagens animados em Guardiões da Galáxia, ele ainda vai longe. Clint Eastwood é conhecido por não colocar qualquer ator para fazer seus filmes, como vemos em “Sniper Americano”.

Não podemos dizer a mesma qualidade em Sienna Miller. Com uma filmografia até modesta, ela tem sido premiada em papéis televisivos. No cinema, ela ainda nos deve um desempenho louvável, mas essa é a seu segundo trabalho como par romântico de Bradley Cooper.

Já Daniel Brühl é uma promessa e tanto! Esse espanhol de Barcelona, com a vantagem de ser descendente de alemães, consegue fazer os papéis mais diversos possíveis, sempre impressionando pela sua atuação. Podemos conferir isso em “Adeus, Lenin!” de Wolfgang Becker, “O Ultimato Bourne” de Paul Greengrass, “Bastardos Inglórios” de Quentin Tarantino, “Capitão América – Guerra Civil” de Joe e Anthony Russo e no impressionante “Rush – No Limite da Emoção”, filme de Ron Howard em que faz o papel de Niki Lauda.

Omar Sy é uma referência na nova safra de atores franceses, conhecido a partir do belo “Os Intocáveis” de Olivier Nakache e Éric Toledano, em que recebeu o César, já fez alguns filmes americanos, sempre em papéis secundários, como “X-Men – Dias de um Futuro Esquecido” de Brian Singer e “Jurassic World” de Colin Trevorrow. Também já fez vozes para animações, como “Irmão Urso” de Aaron Blaise e Robert Walker, “Tá Dando Onda” de Chris Buck e Ash Brannon, “Bolt – Super Cão” de Chris Williams e Byron Howard e outros.

Bom... O espaço já estourou. Não precisamos falar de Emma Thompson e Uma Thurman. Duas referências que, por si só, merecem uma matéria à parte!

Feliz Natal a Todos 

E Que a Força esteja com Todos Vocês!


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