Nos anos 30 e 40, meus pais Olinda Guidoni Dutra e Joaquim da Silva Dutra se conheceram, casaram e tiveram três filhos, Leônidas Antônio Dutra, Maria do Carmo Dutra e Ana Maria Dutra, em Itaçu, distrito do município de Itaguaçu, no Espírito Santo, onde moravam pouco mais de 200 pessoas. O distrito possui hoje, cerca de 2 200 habitantes e está situado na região norte do município de Itaguaçu.
Nos anos 40, Itaçu passou por uma estiagem prolongada com esta de agora, tendo secado o rio Santa Joana e suas nascentes, deixando os moradores da região apavorados. A predominância era de católicos, por ter sido a vila fundada por imigrantes italianos, entre eles o tio da minha mãe, João Pretti, em cuja casa ela trabalhava. E foi assim, que os mais fervorosos decidiram fazer uma novena “Queira Deus que chova” pedindo aos céus chuvas. E todos os dias, no final da tarde, os moradores em romaria fazia a novena e até que um dia, a chuva chegou, o rio Santa Joana encheu e suas nascentes voltaram a florar. O milagre da novena!
Apesar do nome do distrito já estar registrado como Itaçu, ele ganhou o apelido de “Queira Deus” pelos moradores locais naquela ocasião pelo milagre do céu. E os mais antigos moradores de Itaçu registraram nas suas mentes “Queira Deus” e não em papel dos cartórios. E, como lá na minha casa, já em Colatina, nos anos 50, a gente não conhecia Itaçu, em sim “Queira Deus”, por um hábito dos meus pais.
Hoje, a maioria dos jovens do distrito de Itaçu, se confunde com a informação de que o distrito antes era registrado como “Queira Deus”. Sempre foi Itaçu.
Hoje, segundo os moradores de Itaçu, a região passa por uma situação crítica de estiagem. O rio Santa Joana que abastece o município de Itaguaçu, praticamente secou e para conseguir água para abastecimento da população a Prefeitura e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) estão fazendo poços artesianos para suprir a demanda. Queira Deus que chova logo...