Está mais de que provado que o Município de Guarapari, no Estado do Espírito Santo, no Brasil, não tem nenhum respeito com o meio ambiente. Apesar da crise hídrica que assola a região há mais de 10 anos, fazendo vista grossa, a municipalidade aprovou o desmatamento de uma imensa área verde, entre as praias da Bacutia e do Padre, na Enseada Azul, para dar lugar a um empreendimento imobiliário, com a construção de seis prédios com torres de 12 andares na região. Se a Prefeitura de Guarapari liberou o alvará, confirma que o desmatamento no município é permitido por lei.

Tem alguém dormindo no ponto ou recebeu uma bolada para liberar essa obra! Suponho que deve ter rolado muito dinheiro, de fazer inveja a Lava Jato. E como perguntar não ofende, a Associação dos Moradores da Enseada Azul - AMEAZUL acabou? O Ministério Público do Espírito Santo - MPES ambiental foi fechado? O IEMA-ES, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente-SEAMA e a Polícia Militar Ambiental fecharam as portas ou estão fazendo vista grossa? Ninguém está vendo que destruíram toda a mata que dividia as praias da Bacutia e do Padre, na Enseada Azul? Cadê as ONGs ambientais? 

Avisados estavam

Em setembro do ano passado, fiz uma matéria para o jornal da AMEAZUL, que está na última página do informativo, sob o título: “Empreendimento imobiliário na Praia dos Padres poderá trazer danos irreversíveis à Enseada Azul” alertando para este empreendimento, que estava no papel, e agora é uma realidade. O texto que acompanhava o título é este abaixo:

 

“...Todos concordam que o modelo de desenvolvimento da Enseada Azul não pode ser o mesmo da Praia do Morro e do Centro de Guarapari. O bairro foi projetado para abrigar apenas casas, possui ruas pequenas e baixa capacidade de fluxo de trânsito. Uma grande construtora do estado quer levar a frente um projeto inapropriado na divisa da Praia dos Padres com a Praia da Bacutia. A previsão A previsão, se a Prefeitura de Guarapari liberar o alvará, é a construção de seis prédios com torres de 12 andares na região. Neste caso, a Praia dos Padres terá o seu acesso significativamente limitado. é a construção de seis prédios com torres de 12 andares na região. Neste caso, a Praia dos Padres terá o seu acesso significativamente limitado. 

Há ainda o temor de que os prédios de 12 andares que ficarão exatamente no local do por do sol no verão, acabem por trazer sombras à praia da Bacutia a partir de determinado horário. Só para lembrar, a praia da Bacutia é bastante concorrida nos finais de tarde nos dias de verão. Agrava o fato do local citado pertencer ao bairro Enseada Azul no tocante ao PDM, por isto a limitação do gabarito de cinco andares deveria ser mantida pela prefeitura, não autorizando assim, prédios altos no local. É preciso planejamento para que o crescimento do bairro seja sustentável dentro de uma logística viária confortável e saneamento básico adequado, e que não traga perda de qualidade de vida para moradores e freqüentadores. 

Um bom exemplo disso foi a histórica falta d’água na cidade de Guarapari no verão 2015. Novos projetos e a concessão de alvarás devem estar em sintonia com a real situação do município. A AMEAZUL estuda a proposta para a Praia dos Padres com ajuda de urbanistas, ambientalistas, engenheiros e advogados. Os moradores da região querem garantir o desenvolvimento sustentável deixando a Enseada Azul e suas belezas naturais para as próximas gerações...”

Um vídeo de moradores da Enseada Azul que questionam desmatamento na Bacutia, postado pelo jornalista  Wilcler Carvalho Lopes, Portal 27, em 8 de outubro de 2016, documenta toda a destruição ambiental.

De acordo com o texto do Wilcler, o vídeo enviado por moradores ao Portal 27 mostra o que seria um possível crime ambiental praticado na região da Enseada Azul.  No vídeo, a área do morro localizado no final da praia de Bacutia, uma das mais famosas do Estado, estaria sendo devastada para a construção de um condomínio. “Olha o que estão fazendo com a mata de restinga da praia de Bacutia. Entraram com um trator derrubando tudo até as proximidades da praia dos padres”, disse o morador a nossa equipe.

Segundo o autor da matéria do Portal 27, “Procuramos a Secretaria Municipal de Meio Ambiente que nos respondeu que ali será construído um condomínio de casas e que a construtora possui as licenças municipais e do IDAF para supressão inicial da vegetação, além de estar aguardando as licenças do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Conselho de Cultura, que também seriam órgãos responsáveis, para liberar o inicio da obras. A Secretaria nos informou ainda que o empreendimento está respeitando a área de marinha e encaminhou a cópia da licença do IDAF e também fotos da área a ser utilizada para as obras”.