Carta aos Poetas Baianos
enviar por email04/01/2016
Meus caríssimos amigos poetas,
Dessas belíssimas terras baianas,
Permitam que lhes escreva um doidivanas
Desejoso de traçar linhas retas.
Gostaria de um dia acertar
Com palavras tudo aquilo que sinto,
Mas minha mente diz-me “não consinto
Que me use pra acordado, sonhar”.
Mas, quem sabe, chega um dia, que acerto
Comigo mesmo, e escrevo aberto
Sem pedir permissão mesmo a mim.
Aí, serei um poeta perfeito,
Que não carece rimar, nem soneto,
Que só sonha, sem princípio nem fim.
Queria saudar-lhes ousadamente
Como se aos seus pés pudesse chegar.
Se, essa leitura, um apreciar…
Ficarei feliz, ficarei contente
Confesso a vocês, não fujo nem minto,
Esse defeito, realmente carrego:
De quem é medíocre, isso não nego!
É a vaidade de ser lido. Mau instinto!
Quem sabe que um dia acerto nas linhas,
E vejo publicadas obras minhas
Num cantinho de um jornal de segunda!
Pois não chego aos perfeitos trovadores
Que os tão bem representam os senhores,
Gente que traz linha certa e fecunda!
Mesmo assim tento, sou burro, teimoso,
Mas não é assim que se acerta um dia?
Meu consolo é a eterna companhia
Dessas letras de soar tão gostoso!
As letras são bem cegas, acreditem!
Nada vêm, mas nos fazem sonhar!
Pois até a mim se fazem acompanhar
Nobres são: minha presença permitem!
Que diferença faz se sou de araque,
Ou um Rui Barbosa, ou um Olavo Bilac
Letras são bondosas, sem preconceito.
Garranchos escrevo, fétido rastro!
E elas comigo, como ao Alves, Castro
Quanta lição de vida e de direito!
Assim, cabe a todos nós e aos senhores
Incentivarmos a trova e poesia
Não é um sonho, nem mesmo utopia,
Mas somos poetas e trovadores!
Com efeito, se até os meus repentes
São chamados poemas, que piada!
E as letras não queixam, nem dão risada,
Elas me são fiéis e a mim são crentes!
Que dizer aos jovens, nosso futuro?
Que sejam poetas, que quebrem o muro
Divisor de medo e realização?
Vamos, pois, ajudá-los de verdade!
O poeta, bom ou mau, é só vontade
De se crer nas letras que fiéis nos são!
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