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Festival de Verão de Guarapari, 1º Tributo a Woodstock

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14/01/2016 - por Paulo César Dutra

O vôo deTony Tornado levou
em cana Rubinho e Alaerte 
no 3º dia e eles não puderam
assistir ao final do evento.






O Festival de Verão de Guarapari foi o primeiro tributo a Woodstock realizado em fevereiro de 1971, nas Três Praias, na cidade de Guarapari, no Estado do Espírito Santo, no Brasil. Ele foi também, um ato político de enfrentamento à Ditadura Militar do general Emilio Garrastazu Médici e do seu representante no Estado, o governador biônico Christiano Dias Lopes Filho.

Em 1969 a cultura se voltou para o festival de Woodstock, em Nova York, nos Estados Unidos. A cultura de paz,  do amor,  da música e da liberdade se espalhou naquele país com o slogan “faça amor, não faça guerra”. No ano seguinte o movimento se repetiu, em Glastonbury, na Inglaterra. 

Aqui no Espírito Santo, um grupo de jovens formado por Rubens Manoel  Câmara Gomes (Rubinho Gomes), Gilberto Tristão e Antônio Alaerte dos Santos , entendeu que se os Estados Unidos e a Inglaterra podiam celebrar o amor livre e a vida, por que os brasileiros não podiam? E foi daí que surgiu a idéia da realização do Festival de Verão de Guarapari, o Guaraparistock, como a versão brasileira de Woodstock, nos dias 11,12, 13 e 14 de fevereiro de 1971.

Segundo Rubens Gomes, as primeiras reuniões da organização do Festival, realizadas no restaurante Peixada do Irmão, de frente para ao canal de Guarapari, contaram com a presença de empresários e jornalistas como Helio Dórea, Rogério Coimbra, Eduardo Curry Carneiro, José Carlos Monjardim Cavancanti e Marien Calixte. À frente das reuniões estava Rubinho, o Tristão e o Alaerte que era secretário de Turismo de Vitória e colaborador de O Diário com a coluna Acontecências. 

“Estava sempre presente e me entusiasmei com a possibilidade de reeditarmos nas Três Praias, em Guarapari, o que havíamos visto no cinema São Luis, o filme Woodstock, em sessões especiais promovidas pelo saudoso empresário Edgar Rocha Filho. E decidimos fazer então o Festival de Verão igual ao festival de Woodstock”, disse Rubens Gomes.

Então esse grupo achou que podia e juntou uma turma para organizar o que viria a ser o primeiro festival de música da América Latina. Sim, da América Latina. “Nós queríamos traçar o perfil da música brasileira na época, principalmente porque os grandes artistas estavam exilados", diz Rubinho. O grupo conseguiu a promessa de apoio do Estado e da Prefeitura de Guarapari para realizar o evento. Tudo foi organizado e o Festival passou a ser badalado no Estado, no País e no Mundo.

“ Ocorre que por causa das minhas posições políticas contra a ditadura militar, o governador Christiano, que inicialmente havia prometido apoio através do Antonio Alaerte, no final de janeiro, 15 dias antes do início do festival,  retirou qualquer apoio, assumindo apenas as passagens aéreas que transportaram os artistas”, disse Rubinho. 

Mesmo diante da possibilidade de fracasso, o grupo resolveu fazer o festival como forma de desafiar a ditadura, reunindo 50 mil jovens de todo o país (alguns souberam pelas agências de notícias internacionais) e veio gente de tudo quanto é canto, da Suiça à França, Inglaterra e EUA, conforme foi revelado pela organização do evento. 

Mesmo com a falta de apoio, o festival contou com as presenças de Milton Nascimento acompanhado do Som Imaginário e Naná Vasconcelos, além dos Novos Baianos, que cantaram todos os quatro dias. O festival teve ainda as apresentações de Chacrinha, Luiz Gonzaga(pai), A Bolha, o Grupo Soma de Bruce Henri, o "Mago" José Celso Martinez Corrêa, Erasmo Carlos, Ângela Maria e Os Mamíferos.

Outra intenção do grupo, com o festival, era projetar nacionalmente os capixabas Aprigio Lyrio e Cristina Esteves (rebatizada Cris Portela) que haviam sido destacados por Luis Carlos Maciel e Betty Faria (jurados do III Capixaba de MPB, vencido por Aprigio com a antológica "Agite Antes de Usar", dele, com parceria de Mario Ruy e Sergio Regis). 

Mas o Festival de Guarapari acabou marcado pelo vôo de Tony Tornado (acompanhado pela fantástica banda A Brazuca, de Antonio Adolfo) sobre a platéia quando encerrava a apresentação com seu sucesso BR3, que havia vencido um festival na Globo. Ele caiu sobre uma espectadora, Maria da Graça Capôs, que por pouco não ficou paraplégica, mas acabou curada depois que Tornado custeou seu tratamento médico. 

Rubinho Gomes e Alaerte foram detidos por algumas horas no final do terceiro dia e não assistiram ao quarto dia do Festival. Foram destituídos da direção do Festival e impedidos de subir ao palco no último dia, como condições do acordo entre o diretor financeiro  Gilberto Tristão e o prefeito de Guarapari, Benedito Lyra, que assumiu o pagamento dos hotéis, translados, dentre outras.

O prefeito assumiu o evento para salvar a imagem do município e o Festival acabou cumprindo o objetivo proposto pelo grupo: mostrar ao mundo que, numa democracia ou numa ditadura sanguinária como a do Brasil, era possível reunir a juventude (mesmo com vários presos e deportados para as divisas do Rio e Minas) em torno de quatro dias de música, paz, amor e alegria.

 “Quero fazer um último registro-homenagem à assessora de imprensa Ivone Kassu, falecida no ano passado (2014), responsável por avalizar a contratação de todos os artistas e depois convencê-los a se apresentar por cachês simbólicos. Sem ela, o Festival não teria existido. Mas fui um marco história na resistência cultural contra a ditadura brasileira, e não uma esculhambação sem eira nem beira, como até hoje alguns preferem propagar, sem o menor conhecimento de causa”, disse Rubinho. 



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