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Vamos Caçar Pokémons

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25/08/2016 - por Nancy Araújo de Souza

    Gostaria de escrever sobre algo bem especial, que despertasse mais a atenção do que as Olimpíadas do Rio, algo bombástico, perturbador. Difícil, então preferi  permanecer na zona de conforto. Estamos vivendo num tempo em que quase nada nos perturba ou tira a calma, poucos acontecimentos nos afastam da nossa comodidade. Estamos nos acostumando com as fatalidades, com as tragédias, com as fotos de crianças mortas por causa de uma guerra que nem entendemos e atinge apenas o coração de algumas pessoas sensíveis que vieram do planeta das delicadezas…

   Nada de bombástico ocorreu durante as competições e o Rio mostrou que continua lindo deixando os estrangeiros felizes com a receptividade dos brasileiros e dos cariocas em especial. Nem os poucos incidentes desagradáveis tiraram o brilho da festa. Por alguns dias esquecemos os problemas do país para torcer pelos nossos atletas, e alguns de outros países. Pouco se falou da cassação do deputado ou do impeachment da presidente afastada, da Operação Lava Jato  ou da Acrônimo, ou qualquer outro assunto mais delicado. Até a segurança parece ter funcionado bem. Tudo na santa paz neste país abençoado por Deus e bonito por natureza, que beleza!

   O incêndio que devastou grande parte da Ilha da Madeira, a Pérola do Atlântico estava bem longe de nós e pouca gente por aqui chorou de tristeza vendo as chamas. A foto da criança aturdida, ensanguentada, ferida na guerra, que entrou em nossas casas foi rapidamente substituída pela imagem de atletas se esmurrando em lutas insanas, ou por nadadores medalhistas que depois nos ofenderam com mentiras, ou por outras mais agradáveis de competidores estrangeiros que elogiaram organização do evento, a simpatia e o calor humano dos brasileiros e ao final ainda caíram no samba. Nada nos atrapalhou o sono, a não ser as competições tarde da noite.
 
    Terminadas as competições, encerrada a festa, também termina o mês de agosto que, como tenho o prazer de falar, é o mês de nascimento das pessoas especiais, quem nasceu nos outros meses que me desculpe mas, o meu mês de nascimento é o melhor, sem dúvida. Posso citar sem pensar, centenas de pessoas especiais de agosto, mas não pretendo desagradar ninguém, nem gosto de perder amigos e muitos deles, não tiveram a minha sorte de nascer em agosto, a...gosto!. Para encerrar o mês, a última semana vai ser quente na Capital Federal e o país vai poder se divertir vendo a Presidente Afastada se defender, falando na  sessão que vai julgá-la. Pretende fazer a própria defesa. Já imagino o que vai argumentar: que sempre lutou pela democracia, que a oposição é golpista, que Temer é traidor que os políticos que deram sustentação ao seu (des) governo e agora querem seu afastamento definitivo são traidores, essas coisas de sempre, e que ela é inocente, que nunca infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal, nem a Constituição e que sua história de luta contra a ditadura a absolve de qualquer malfeito e que, se errou foi por culpa de seus auxiliares. 
   
Vai ser um espetáculo digno de registro histórico, onde a língua portuguesa será, mais uma vez, substituída pelo “dilmês”  mais primitivo além de poder figurar entre os momentos mais infelizes da sua biografia, os mais tristes de uma mandatária que não consegue articular uma frase na língua oficial do seu país a não ser que alguém escreva para ela ler. Durante  sua  defesa parece que ela não vai permitir nenhum questionamento para não  ter que falar de improviso, porque aí, então a coisa será cômica demais. Deve apenas ler, se fazendo de vítima de golpe e novamente atacar seus opositores e ex-aliados. Também deverá alegar que tendo sido  eleita democraticamente por milhões de brasileiros isso faz com que tenha o direito de permanecer no governo,  e afastá-la será um golpe contra a democracia. Só não dirá que os seus eleitores também votaram no seu vice e que Temer levou mais votos do que ela para a chapa. Vamos aguardar o final de agosto, este mês tão especial e a chegada de setembro que vai trazer a primavera.

    Enquanto aguardamos os acontecimentos vamos caçar Pokémons, que na verdade nem sei o que são. Antigamente a gente cantava “...tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos...” Hoje, tudo isso acontecendo e as pessoas na praça caçando essas coisas. Quando saímos do cinema no Usina Belas Artes e atravessamos a Praça da Liberdade em direção ao Café do CCBB, notamos centenas de pessoas com seus celulares, distraídas à procura das tais coisas que não conheço. Minha amiga diz que isso tem seu lado bom, faz as pessoas saírem de casa, encontrar antigos amigos, e até fazer  novas amizades. 

   Eu fico pensando que preciso saber dessa história direitinho e sair procurando as tais coisinhas. Quem sabe num momento desses encontros algum caçador de Pokémons, da minha geração, desimpedido, que goste de boa música brasileira, de jazz, cinema de tarde, cerveja e vamos juntos procurar essas coisinhas? Ou outras coisas... 
     

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