O café conilon foi tema da reunião da Comissão de Agricultura na última terça-feira (13). O coordenador estadual do Programa de Cafeicultura do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Romário Gava Ferrão apresentou a trajetória do órgão nos últimos 30 anos, voltada para a pesquisa e desenvolvimento da produção desse tipo de café robusta. 

            Engenheiro agrônomo e pesquisador, Romário disse que o negócio do café no mundo só é superado pelo petróleo, com mais de 60 países envolvidos, movimento de U$ 80 bilhões na economia e mais de 100 milhões de empregos gerados. Além disso, é a segunda bebida mais consumida do planeta, atrás somente da água.

            A produção de café no mundo compreende 60% de arábica e 40% de robusta. O pesquisador informou que produção do conilon no Estado cresceu 195% em 30 anos graças às pesquisas desenvolvidas pelo Incaper, entre outros fatores de incentivo. O Espírito Santo é responsável por 9% da produção mundial de café conilon, sendo o terceiro produtor, atrás do Brasil e do Vietnã. 

         Segundo o técnico do Incaper, 9,9 milhões de sacas ao ano – 78% da produção nacional – são produzidas em 40 mil propriedades capixabas, envolvendo 64 municípios e 74 mil famílias. A produtividade da cafeicultura no Estado é de 29,56 sacas por hectare, contra 23 da média nacional, com potencialidade para 150 sacas.

      Romário Ferrão ressaltou as mudanças qualitativas da produção nos últimos 20 anos, graças ao planejamento, programas contínuos de pesquisas aplicadas, capacitação de assistência técnica e produção rural, entre outros. 

    Ele explicou que foram desenvolvidas três espécies de café conilon a partir de clonagens feitas pelo Incaper: diamante, jequitibá e centenária. A diferença entre está no período de maturação, o que leva cada uma delas ser colhida em diferentes períodos do ano. 

    Isto é possível graças às pesquisas existentes na Fazenda Experimental de Marilândia. Lá, o órgão mantêm pesquisas de germoplasmas de 99 tipos diferentes de conilon.

        De acordo com o engenheiro agrônomo, o Espírito Santo precisa acompanhar o desenvolvimento do crescimento da produção e da qualidade para não perder posição no ranking no mercado interno e externo. As maiores ameaças são as pragas e doenças, sem considerar as modificações provocadas na qualidade com uso dos defensivos e mudanças climáticas. 

     A saída apontada por Romário é continuar com a pesquisa científica, a assistência ao produtor, a mecanização e manejo da irrigação para prevenir os períodos de estiagem. Ele aproveitou a ocasião para defender que Incaper é um instituto que dá alto retorno econômico para o Estado: para cada R$ 1 aplicado, retornam para a economia R$ 12,50.

    Romário Ferrão finalizou ressaltando a importância de garantir a continuidade e o reconhecimento do pesquisador do Incaper. Para ele, o profissional precisa ser valorizado e a equipe tem de ser renovada, pois os antigos pesquisadores estão se aposentando, e os novos não permanecem, pois são absorvidos por outras instituições. 

     Padre Honório (PT) afirmou que há necessidade de reconhecimento intelectual e financeiro do pesquisador do instituto. Para ele, o Incaper é a “galinha dos ovos de ouro” da agricultura familiar capixaba, pois pesquisa a produção agrícola e a agroecologia, mas ressalvou que o ES precisa investir mais na área. O parlamentar lembrou que o café arábica também necessita de investimentos. 

        A exposição do engenheiro agrônomo foi elogiada pela deputada Eliana Dadalto (PTC). Ela lembrou que o exemplo do conilon deveria ser seguido por todos os outros setores da produção agrícola capixaba e externou preocupação com a longa estiagem que vivemos. 

        Raquel Lessa (SD) defendeu mais pesquisa e preço mais competitivo para o conilon. Segundo ela, o próprio produtor reivindica mais estudos, não somente o Incaper. A deputada revelou na reunião que ficou triste pelo incêndio que ocorreu em São Gabriel da Palha, neste final de semana, destruindo três grandes matas da região. 

        O vice-presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), Milton Falcão, sugeriu que seja desenvolvido um projeto de reflorestamento, principalmente nas encostas e nascentes dos rios para que a retenção da água seja feita preventivamente e, num momento de seca, como o atual, seus efeitos sejam menos prejudiciais. 

      Ele, que tem propriedade na nascente do rio Jucu, alerta para a necessidade de medidas urgentes para que nossos rios sejam revigorados. 

     A perda do protagonismo na Organização Internacional do Café (OIC) voltou a ser tratada na reunião pelo deputado José Eustáquio de Freitas (PSB), que leu o documento a ser enviado à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e a outras autoridades federais.

     O texto exige que seja feito o pagamento integral da dívida da anuidade junto à entidade para que o Brasil volte a ter assento no organismo internacional. Segundo o documento, o diretor-executivo da OIC, Robério Silva, corre o risco de ter o seu mandato interrompido por novas eleições em função dessa inadimplência. Leia íntegra do documento.

      Além da presidente Janete de Sá (PMN), compõem a Comissão de Agricultura os deputados Padre Honório (PT), vice-presidente; e os efetivos Raquel Lessa, Eliana Dadalto e Freitas. São suplentes: Erick Musso (PP), Nunes (PT), Da Vitória (PDT), Sandro Locutor (PPS) e Marcos Bruno (PRTB). (Da Redação/Web Ales)