O jogador capixaba José de Anchieta Fontana, o zagueiro Fontana, se estivesse vivo faria 75 anos, na próxima quinta-feira, dia 31 de dezembro de 2015. Nascido em Santa Teresa, Estado do Espírito Santo, no Brasil, ele morreu muito cedo, aos 39 anos, em uma pelada de futebol, às margens da rodovia Norte Sul, no bairro de Carapina, na Serra-ES, no dia 9 de setembro de 1980. Ele jogou futebol profissional de 1958 a 1972. Fontana levou para o túmulo a história de ter sido o único capixaba a ser campeão da Copa do Mundo de Futebol (em 1970, no México).

Fontana era bisneto dos italianos Luigi Pretti e Filomena Talianini, naturais da província de Modena, na Região da Emillia Romagna, Norte da Itália, que chegaram ao porto de Vitória-ES-Brasil, em 1876. Traziam seus cinco filhos: José, Irmo, Vitória, Jerônimo e Rosa. Eles se estabeleceram em Santa Teresa. Vitória (nascida na comune de Guastalla, província de Réggio Emilia, região da Emilia Romagna)  casou-se com Lourenço Fontana e dessa união nasceram quatros filhos, entre eles Frederico Fontana que por sua vez casou-se com Stael Encarnação, que viriam a ser os pais do zagueiro.

Companheiro constante de Brito formando a dupla de zagueiros de área do Vasco na década de 1960 (1963 a 1969), Fontana era o xerife da defesa, marcador duro que não se intimidava nem quando tinha que marcar a Pelé. Aliás, ele e Pelé saíram expulsos juntos em pelo menos duas oportunidades. Numa época em que a técnica era artigo em falta em São Januário, Fontana colocava o coração nas partidas e contagiava o time, que em várias ocasiões acabava se superando para alcançar viradas antológicas na base do entusiasmo.

Fontana chegou ao Vasco com a incumbência de substituir o lendário Orlando Peçanha, um quarto-zagueiro clássico, revelado nas divisões de base do clube. O forte de Orlando era a antecipação. E, de posse de bola, usava sua habilidade para sair jogando.  Fontana tinha características opostas. Venceu pela raça. Era o chamado marcador implacável, um dos raros a anular Pelé em várias vezes quando se enfrentaram. Fontana e Brito formaram uma dupla de zaga que caiu no gosto da galera.

Fontana  iniciou sua carreira nas divisões de base de dois times de Vitória, Capital do Estado do Espírito Santo, o extinto Santo Antonio e Vitória Futebol Clube  em 1958.  Naquele mesmo ano foi levado para o Rio Branco Atlético Clube, time da massa, onde  foi campeão capixaba em1959 e 1962. E o zagueiro passou a ser assediado pelos times do Estado do Rio de Janeiro, no Brasil e quem se deu bem foi o Vasco da Gama,  onde ele formou uma dupla defensiva famosa com Brito. No Vasco da Gama ele foi campeão da Taça Guanabara de 1965 e 1967 e do  Torneio Rio-São Paulo em 1966.

Em 1969, quando deixou o Vasco para defender o Cruzeiro, em Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais, no Brasil, a dupla foi desfeita, mas não por muito tempo. Em 1970, Brito foi contratado pelo Cruzeiro e os dois voltaram a jogar juntos. No mesmo ano, ambos foram convocados para a disputa da Copa do Mundo de 1970, sagrando-se campeões. No Cruzeiro ele foi campeão Mineiro de 1969 e 1972. Encerrou a carreira em 1972.

Fontana foi respeitado por atacantes, torcedores, dirigentes e a crônica esportiva. Manteve fora dos gramados uma vida digna e, dentro dos campos por onde jogou, colocou o valente coração no “bico da chuteira”. Fontana foi um exemplo de superação no futebol, seguido por incontáveis zagueiros que também obtiveram êxito na carreira. 

O lendário e respeitado zagueiro Fontana deixou, fruto de seu casamento com Andréa Simão, os filhos Fabrício, Sabrina e Bernardo, além de um legado de histórias de coragem, destemor e dedicação aos clubes por onde passou e à Seleção Brasileira. Fontana morreu de infarto fulminante, fazendo aquilo que mais gostava na vida, em 1980, jogando futebol, quando perdeu o duelo para o coração. 

 

Imagem do jogador Fontana