Em recuperação judicial desde 2009, o Grupo Infinity Bio-Energy de propriedade dos aventureiros do etanol que apareceram aqui no Brasil, em 2007, está correndo contra o tempo para evitar a falência. A empresa de fachada de um grupo norte-americano, com sede nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal no Caribe, que possui seis unidades produtoras, conseguiu na justiça dar prosseguimento a seu novo plano de reestruturação e agora leiloará duas de suas usinas, através de despacho do juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. 

A aprovação aconteceu por meio de um mecanismo judicial chamado cram down, que implica na imposição involuntária do plano aos credores. Em despacho publicado o juiz  justificou a decisão informando que “com efeito, duas classes [de credores] aprovaram o plano de recuperação, em uma das classes houve empate na votação por credor, mas somados os votos favoráveis de todos os credores, independentemente da classe, houve a aprovação por credores titulares de mais da metade dos créditos presentes à assembleia”, disse.

Ainda de acordo com o despacho do juiz, a Usina Cridasa - Cristal Destilaria Autônoma De Álcool S/A localizada no quilômetro 1,5 da rodovia Cristal- Montanha, no município de Pedro Canario, norte do Espírito Santo, no Brasil e a Usina Cepar serão operadas pelo Grupo Infinity para a quitação do passivo tributário e previdenciário. “Após a quitação, os recursos remanescentes de tais alienações serão distribuídos proporcionalmente aos credores concursais”, completa o documento.

Dessa forma, a Infinity obteve autorização para realizar o leilão de duas usinas, a Usinavi, localizada em Mato Grosso do Sul, com capacidade de processamento de 3,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, e a Usina Ibirálcool, na Bahia, com capacidade de moagem de 1 milhão de toneladas. Segundo informações divulgadas pelo Valor Econômico, a Usina Ibirálcool deverá ser leiloada com lance mínimo de R$ 30 milhões.

Atualmente, a gestão da Usinavi está sob a responsabilidade de uma associação feita pela multinacional Cargill e a brasileira Santa Terezinha. 

No dia 8 de março de 2007, o avião presidencial norte-americano, o Air Force One, pousou às 20h04 no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O presidente dos Estados Unidos, George Bush, foi recepcionado no aeroporto pelo embaixador do Brasil nos EUA, Antônio Patriota, e pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A passagem de Bush pelo Brasil durou cerca de 24 horas. Nesse período, ele visitou a Transpetro, almoçou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na pauta do encontro entre Lula e Bush aconteceu o aprofundamento da cooperação bilateral na área de biocombustíveis. No encontro foi assinado o memorando de entendimento entre o Brasil e os Estados Unidos para avançar a cooperação em biocombustíveis, que se transformou no maior golpe do etanol contra as empresas e fornecedores brasileiros.

A imposição de Bush, na assinatura do memorando com Lula,  foi de que seu irmão caçula Jeb Bush (ex-governador da Flórida-EUA)  e a Interamerican Ethanol Comission fossem a ponte entre empresários do setor dos dois países. A comissão interamericana do etanol foi criada em dezembro de 2006 e era comandada pelo Jeb Bush, pelo ex-ministro da Agricultura de Lula, Roberto Rodrigues, e pelo colombiano Luís Alberto Moreno, presidente do BID.

Meses depois, Jeb Bush enviou ao Brasil um representante do grupo norte americano (o ex-diplomata Sergio Thompson-Flores) que havia criado e comanda uma empresa de fachada registrada com o nome de Grupo Infinity Bio Energy, usada para comprar usinas de etanol no país, com dinheiro emprestado de bancos brasileiros, entre eles o Banco do Estado do Espírito Santo – Banestes, que perdeu R$ 57 milhões (em 2007), pois não tem nenhuma garantia para receber este dinheiro de volta. Como se diz na gíria dos malandros, “o Infinity assinou as cinco promissórias do Banestes, com lápis”. Ou seja, sem nenhuma validade comercial.

Um ano depois de aplicar o golpe, o Grupo Infinity já estava devendo quase R$ 800 milhões aos credores, entre eles milhares de capixabas, donos de empresas,  prestadores de serviços e o Banestes. Em 2009, o Infinity registrou o pedido de falência, na Justiça de São Paulo, uma vez que a Justiça capixaba se negou aceitar a solicitação.