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Há 90 Anos, Morria Assassinado, Pedro Guidoni

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06/08/2016 - por Paulo César Dutra

Pedro Guidoni (19/07/1891 - 05/08/1926) foi o primeiro Guidoni (Ghidoni de registro na Itália) nascido no Brasil. Sabe-se que ele nasceu a 19 de julho de 1891, mas foi tão infeliz que não conheceu direito a mãe dele, a italiana Chiara Filomena Brunetti, pois ainda não tinha dois anos quando ela faleceu. Pouco antes de completar sete anos, perdeu o pai, o italiano Leopoldo Ghidoni. 

Este foi o destino que Deus lhe deu. Foi criado destino que Deus lhe deu. Foi criado pelos tios Gildado Brunetti e Serafina Stelanti Brunetti e pelo irmão mais velho Clínio Ghidoni. Todo padrasto e madrasta têm a fama de maus, o povo assim diz. Para Pedro foi o contrário, com eles foi muito feliz. Eles o criaram dando-lhe bons conselhos, ensinando a oração do criador, as coisas boas da vida.
 
Pedro nasceu em um domingo de inverno, na localidade de Vinte e Cinco de Julho (na ocasião era uma das partes do Núcleo Colonial de Antônio Prado.), no município de Santa Teresa, no Estado do Espírito Santo, no Brasil. Foi de parto normal, realizado pela tia e madrinha dele, Serafina Brunetti. Naquela data, o irmão mais novo de Pedro, era Fulgenzio Ghidoni que tinha 7 anos e o mais velho, Clínio Ghidoni, estava com 17 anos.

O caçula passou a ser o xodó da família e era paparicado pelas irmãs Ernesta de 11 anos e Anunziata de 8 anos. Pedro foi batizado na igreja católica e registrado no Cartório Civil, ambos em Barracão de Petrópolis. Aos 2 anos de idade, ficou órfão de mãe e como o pai não tinha condições de criá-lo, passou a viver com os tios Gildado e Serafina. Chiara faleceu em 1893 e Leopoldo Ghidoni em 1897.

Pedro cresceu na companhia dos primos Neo, Rosalba, Donato, Epaminondas e Eurídice. Ainda criança já trabalhava na lavoura e aos 14 anos, passou a viver com o irmão Clínio, que tinha uma propriedade na localidade de Córrego da Conceição, em Boapaba (Mutum).

Mesmo jovem, em 1905, o lavrador Pedro Ghidoni já tinha suas reservas em um banco que existia na sede do Núcleo Colonial de Antônio Prado, em Boapaba. E assim começou a fazer a sua independência. Em 1909, com 17 anos de idade, Pedro conheceu na Festa de São Genaro no dia 19 de setembro de 1909, em Boapaba, MathildePretti, filha dos italianos Cleonice Simonassi e Jerônimo Pretti.

Naquele dia Pedro estava acompanhado dos primos Donato e Epaminondas Brunetti. Mathilde estava em companhia das irmãs Rosa e Maria Pretti. Eles cantaram, conversaram, comeram e beberam muito vinho na Festa de São Genaro. E ali começou o romance entre Pedro e Mathilde.

Com a permissão de Jerônimo Pretti (Cleonice havia falecido em 1908), Pedro e Mathilde começaram a namorar. E o caso foi mais adiante, pois em menos de um ano, em uma sexta-feira, dia 26 de agosto de 1910, há 116 anos, perante o Frei José Antônio foi celebrado o casamento de Pedro e Matilde na Igreja católica de Santa Teresa, tendo como testemunhas Uldarico Guerra e Epaminondas Brunetti. Ela passou assinar Matilde Pretti Guidoni.

Apesar de ter uma reserva monetária no banco, Pedro não encontrava terras disponíveis do Estado para ele adquirir. E ficou morando provisoriamente nas terras do irmão Clínio, mas produzindo na lavoura o seu sustento e da nova família. Na propriedade do irmão nasceram os filhos Maria Cleonice Ghidoni em 22 de setembro 1911; Cesar Ghidoni em 14 de novembro de 1913; Amélio Ghidoni em de 14 de abril de 1915; Paulo Ghidoni em 25 de junho 1916 e Linda (Olinda) Ghidoni em 4 de outubro 1918. 

Em 1919, Pedro foi informado pelo coletor estadual Holdar B. Figueira que havia uma área de 342 mil metros quadrados disponíveis em Boapaba, para venda. No dia 6 de junho de 1919, Pedro deu entrada no requerimento número 1077 de compra das terras na coletoria de Santa Teresa, da Diretoria de Agricultura, Terras e Obras do Estado do Espírito Santo e adquiriu a área por 140 mil réis, conforme processo 1077 autuado na Diretoria de Agricultura, Terras e Obras.

Em 20 de outubro de 1919, Pedro recebeu da coletoria uma planta da área que havia adquirido, conferida pelo coletor Dário de Oliveira. Pedro tinha como vizinhos, de acordo com a planta, Manoel Corrêa ao Norte; a propriedade dos filhos de Belizário Machado ao Sul; o rio Santa Maria do rio Doce ao leste e as propriedades de Manoel Vicente da Costa e de Teodorico Pinto da Conceição a Oeste.
 
Em dezembro de 1919, Pedro e a família se mudaram para a nova propriedade e lá já encontraram o que precisavam, muito espaço para plantar e colher os frutos das terra. Ali nasceram os outros filhos Olga Ghidoni em 3 de abril de 1921, Holdar Guidoni em 1922 e Hilário Ghidoni em 25 de junho de 1923.

Pedro e Matilde estavam felizes da vida com os filhos crescendo e os ajudando também nas plantações e colheitas. Porém, ninguém poderia imaginar que essa felicidade seria interrompida tão cedo, pela fofoca de um sobrinho de Pedro.

Em 1926, não se sabe precisar o dia, Arto Lorenzo Ghidoni, com 48 anos, irmão do Pedro, estava atravessando uma situação difícil pois a mulher dele Armínia Lulia Guidoni estava muito doente preste a morrer. Pedro foi casa do irmão para visitar a cunhada, na localidade de Rio Baunilha, em Boapaba. 

Lá chegando não gostou do que vira, enquanto a cunhada dele estava sofrendo na cama, os filhos de Arto, estavam na maior algazarra em companhia de vizinhos. Os vizinhos eram os irmãos Jorgino e Francisco Juliati, amigos de um dos filhos de Arto, o Leopoldo Guidoni Neto.

Pedro chamou o irmão Arto e pediu para que ele mandasse parar aquela algazarra, pois não ficava bem aquilo, pois a Armínia estava muito mal e o barulho a incomodava. Lepoldo Neto estava por perto ouvindo o que o tio falava ao seu pai e contou de outra forma para Jorgino e Francisco como foi a conversa.

Leopoldo disse para os irmãos Juliati que seu tio Pedro havia mandado seu pai “expulsar de lá aqueles assassinos que estavam incomodando a sua mãe”. Os irmãos Juliati não gostaram porque Arto mandou parar a algazarra e foram embora. Dias depois os irmãos Juliati foram tirar satisfação com Pedro. Este por sua vez contou como havia dito para o Arto e jamais havia ofendido os irmãos Juliati. 

Pedro prometeu aos irmãos que iria desmentir o sobrinho na frente deles. Quinta-feira, dia 5 de agosto de 1926, Pedro acordou a mulher e os filhos às 5 horas da manhã. Tomaram café e os mais velhos, Maria Cleonice, Cesar, Amélio, Paulo e Linda seguiram para a lavoura da propriedade onde produziam café, feijão, cana de açúcar, e milho.

Os outros filhos menores Olga, Holdar e Hilário ficavam em casa com Matilde Pretti para ajudar dar comida aos porcos, patos e galinhas. Depois Matilde cuidava do almoço da família enquanto Olga cuidava dos dois irmãos Holdar e Hilário. Às 9 horas, a família estava sentada à mesa para almoçar. Depois por volta das 10 horas, Pedro e os filhos voltaram para a lavoura e retornaram às 16 horas para casa, tomaram banho e jantaram.

Naquele dia, Pedro não foi dormir, seguiu a cavalo para a venda do italiano João Perim que ficava cerca de 3 quilômetros da sua propriedade, onde encontrou o sobrinho Leopoldo Neto e os irmãos Jorgino e Francisco Juliati. Pedro chamou atenção do Leopoldo sobre o que havia dito sobre os irmãos Juliati. Leopoldo retrucou o tio dizendo: “tio acho que o senhor estava bêbado e não se lembra o que disse para papai”. Pedro disse “você tem que me respeitar e parar de fazer fofocas com mentiras e merece até uma surra de tala de animal”.

Naquele momento, Francisco Juliati saiu da venda e do lado de fora sacou a arma, um revólver e atirou em Pedro. Quando ele caiu, já morto, pois o tiro acertou no coração dele, Francisco ainda descarregou a arma na vítima e depois fugiu. Todo mundo soube depois que foi Leopoldo que armou a cilada para matar o tio. 

Pedro Ghidoni morreu aos 34 anos de idade. No mesmo dia, Pedro Ghidoni foi velado dentro da sua casa, sobre uma mesa da sala. Ele foi enterrado no dia seguinte, em 6 de agosto de 1926, no cemitério de São Jacinto, em São Roque do Canaã. Terminava ali o sonho de um próspero produtor rural.

Pedro deixou Matilde com 37 anos e os filhos Maria Cleonice, 15 anos, César 13 anos, Amélio, 11 anos, Paulo 10 anos, Linda 8 anos, Olga, 5 anos, Holdar, 4 anos e Hilário, 3 anos. Mathilde depois ainda teve uma filha, Lourdes Pretti, nascida em 1930. Mathilde faleceu em Colatina, no dia 5 novembro 1957, e foi enterrada no cemitério de São Jacinto.

Francisco foi preso e condenado pelo crime. Depois de cumprir a pena foi morar em São Silvano, em Colatina, onde morreu. Leopoldo Neto foi para o Rio de Janeiro e nunca mais se teve notícias dele.

Família Ghidoni - No final do outono de 1888, na Itália, o lavrador Leopoldo Ghidoni, com 36 anos, a mulher Chiara Filomena Brunetti, 34 anos e os filhos Clínio Ghidoni, 14 anos, Adriano Ghidoni, 13 anos, Arto Lorenzo Ghidoni, 10 anos, Ernesta Ghidoni, 8 anos, Manfredo Ghidoni, 7 anos, Annunziata Ghidoni , 5 anos e Fulgenzio Ghidoni,4 anos, saíram da comuna de Rubiera, da província de Reggio Emilia na região da Emília-Romanha, na Itália,com destino ao Porto de Gênova, em Gênova. Lá embarcaram no navio francês Canton, que chegou ao Rio de Janeiro, no Brasil, na manhã do dia 25 de dezembro de 1888. 

No Rio ficaram hospedados na Hospedaria dos Imigrantes. Na tarde do dia 7 de janeiro de 1889, embarcaram no vapor Juparanã e desembarcaram no porto de Vitória, no Espírito Santo, na manhã do dia seguinte e foram hospedados na Hospedaria dos Imigrantes (Hoje IRS, no bairro Glória, em Vila Velha). No dia 9, pela manhã foram de canoas para o porto de Cachoeira de Santa Leopoldina e de lá, seguiram a pé e em lombo de animais, para a Colônia de Antônio Prado, em Boapaba,  hoje pertencente ao município de Colatina, onde se estabeleceram.

(*) é neto de Pedro Guidoni e Mathilde Pretti e filho de Linda (Olinda) Guidoni e Joaquim da Silva Dutra - paulodutra2002@yahoo.com.br 

 
Igreja de Santa Teresa onde Pedro casou em 1910. A igreja atualmente no 2º plano.



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