O vapor Juparanã que fazia a linha Colatina-Linhares e vice-versa foi abandonado nos anos 1950, em um barranco às margens do rio Doce, em Colatina-Velha. Era uma atração para pescadores e nadadores que gostavam de ficar sobre o convés ou do teto da cabine de comando. Nos anos 1970, com as obras de ampliação do aterro do rio Doce, o vapor desapareceu e hoje, ninguém sabe informar onde ele ficou enterrado. Em uma foto que consegui na internet localizei o vapor, que está marcado em um circulo branco na foto que ilustra essa matéria, perto da extinta ferrovia da Vale e ao lado de uma casinha branca. Será que ele continua ali enterrado? Pergunto, compensa desenterrá-lo?
Segundo registros de historiadores, a navegação do rio Doce foi iniciada em 1832, com os vapores, embarcações diversas, entre elas o Tupi, o Tamoio e Juparanã. O Tupi e Tamoio pararam de circular nos anos 1930, pois de acordo com informações, em 1927, foi adquirido e inaugurado pelo governador Florentino Avidos, o mais famoso desses barcos, o Juparanã, que deslizou pelo rio Doce, até o início dos anos 1950.
O vapor viajava diariamente, de ida e volta entre Colatina e Linhares. Ele parava ao lado dos barrancos onde havia uma bandeira branca, sinal certo que indicava a presença de passageiros ou cargas. Outras vezes parava para se abastecer de lenha que alimentava a caldeira. O Juparanã tinha dois andares: na parte de cima havia camarotes pequenos, mas confortáveis, um bar repleto de bebidas e serviam boas refeições.
O vapor Juparanã era comandado pelo russo Pedro Epichin (1890-1968). Ele era engenheiro naval, e foi nas oficinas da Vitória-Minas, em João Neiva, que ele foi descoberto pelo Governo de Florentino Avidos, que entregou-lhe a missão de montar as peças e erguer o maquinário de aço do vapor, importados dos estaleiros alemães. Pedro Epichim casou e criou uma família em Colatina, onde toda ramificada em várias partes do Espírito Santo.
A carcaça do Juparanã está enterrada no aterro entre Colatina-Velha e o rio Doce, nas proximidades da cadeia pública e o Colégio Estadual Conde de Linhares. Em 1971, quando deixei Colatina, minha terra natal, ainda dava para ver a proa, a cabine do comandante e a cobertura do com a tradicional chaminé. Uma pena que ele não foi preservado, como patrimônio da história da cidade.
O vapor Juparanã, uma embarcação que por mais de cinco décadas prestou relevantes serviços às populações ribeirinhas, agonizou e foi enterrado vivo, dando fim a sua história. E, o outrora caudaloso rio Doce, parece sentir falta do Juparanã, e agoniza, sob o assoreamento, que pode levá-lo à morte, muito em breve, por saudades do vapor.