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Preso no RJ, ex-diplomata que agrediu atriz é golpista também no ES

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28/11/2018 - por Paulo César Dutra

Preso, Sergio Schiller Thompson-Flores coleciona negócios controversos, entre eles o calote no Banestes. Só que  o Banco Central e o Ministério Público Federal, acredito eu, não viram e nem leram isto, ainda! 



O empresário e ex-diplomata Sergio Schiller Thompson-Flores que está preso desde domingo, dia 25, no presídio Frederico Marques, em Benfica, no Rio de Janeiro, Capital, após se entregar na 28ª Delegacia de Polícia no distrito de Campinho, conviveu sempre com altas esferas de poder como diplomata ou empresário. Acusado de agredir, ameaçar de morte e tentar matar a esposa, a atriz Cristiane Machado, ele teve a prisão preventiva decretada no início do mês pela Justiça e deverá ser encaminhado para Bangu 8, onde estão outros poderosos, como o ex-governador Sergio Cabral, condenado na Lava-Jato.

Entre os negócios controversos está a nova febre do etanol brasileiro (negociatas dos ex-presidentes do Brasil, Lula da Silva e dos Estados Unidos, George W. Bush) no início dos anos 2000. Para se aproveitar do momento e da sua esperteza,  ele criou em 2005 a empresa Grupo Infinity Bio-Energy (com sede nas Ilhas Cayman, no paraíso fiscal do Caribe, nos mares da América Central) e através dela, em 2007, ele conseguiu ‘emprestado’ R$ 57 milhões do Banco do Estado do Espírito Santo – Banestes, para comprar e incorporar quatro usinas de açúcar no Estado.  Ele fez um acordo inusitado com o governador Paulo Hartung (sem partido), naquela ocasião para o desenvolvimento do etanol capixaba. Mas no ano seguinte, depois de torrar os R$ 57 milhões, não sei com o quê, declara falência, levando à míngua as usinas, fornecedores e abrindo um rombo no Banco do Estado do Espírito Santo, que hoje soma uma dívida de cerca de R$ 180 milhões.

Do paraíso ao inferno

O casamento romântico de Cristiane Machado, 30 anos e Sérgio Schiller Thompson Flores, 59 anos, aconteceu em março de 2017. Ele tinha nome, sobrenome e um charme encantador – esse que chamou a atenção da atriz desde a primeira vez que viu o empresário, em um jantar despretensioso de amigos em comum. Sérgio Flores nunca mais saiu da vida da atriz daquele momento em diante. E um namoro que durou dois meses foi absorvido em um noivado, em agosto daquele mesmo ano. Um sonho de amor. Só que diferente da ficção, esse sonho se tornou realidade em novembro de 2017, quando aconteceu a união civil, e posteriormente em abril de 2018, quando protagonizaram o “felizes para sempre” perante Deus e seus 250 (queridos) convidados.
E quem poderia imaginar que este sonho terminaria em pesadelo.

As cenas de amor foram transformadas em cenas de espancamento da atriz global Cristiane Machado por seu marido, Sergio apresentadas nos dois últimos domingos, 18 e 25, no programa Fantástico, da Rede Globo, que disse muito sobre a violência doméstica e os riscos de feminicídio, que só cresce no país, mas pouco falou do agressor. Quem é ele o agressor!

Rombo de 57 milhões

Como Sérgio Flores está preso no Rio de Janeiro, o Banco Central e o Ministério Público Federal poderiam aproveitar o momento para abrir uma investigação para saber quem foram os responsáveis pelo “sumiço”  misterioso dos R$ 57 milhões que foram retirados do cofre do Banco do Estado do Espírito Santo - Banestes em 2007, sem nenhuma garantia legal. O Banestes amarga esse enorme prejuízo sem ter como agir contra a empresa Grupo Infinity Bio-Energy com sede em um ‘paraíso fiscal’, que pegou o dinheiro em sete parcelas na agência.

O empréstimo, cuja autorização ocorreu na residência oficial da Praia da Costa em Vila Velha, foi assinado pelo Hartung, pelo o vice-governador Ricardo Ferraço, pelo secretário de estado do Planejamento, Guilherme Dias, pelo presidente da Assembléia Legislativa, Guerino Zanon e pelo Sergio Schiller Thompson Flores, que depois que pegou o dinheiro, nunca mais foi visto no Espírito Santo.
 
Na Assembléia Legislativa do Espírito Santo - ALES o golpe dos R$ 57 milhões contra o Banestes, chegou haver as manifestações dos deputados estaduais Marcelo Santos, Gilsinho Lopes e Freitas com as propostas de se abrir a CPI do Golpe no Banestes. Porém as manifestações (discursos), dos parlamentares que estão registrados nos anais da Casa de Leis não foram adiante e com isso, nenhuma CPI foi aberta.

Então, de acordo com especialistas no assunto, o presidente financeiro do banco e demais diretores da instituição bancária (de 2007), inclusive que confirmaram (via e-mail) que o banco havia sido vítima da empresa Infinity, podem ser inclusos no processo (caso algum dia seja aberto), porque tiveram participação decisiva na prática do crime de gestão temerária. Eles expuseram desnecessariamente os bens de terceiros a riscos reais e objetivos (os correntistas, investidores e poupadores do Banestes).

Curiosamente, não existem ainda investigações e muito menos aberturas de processos do Golpe dos R$ 57 milhões no Tribunal de Contas do Espírito Santo – TCES; no Tribunal de Contas da União – TCU; no Ministério Público do Espírito Santo – MPES; no Ministério Público Federal no Espírito Santo – MPF-ES; no Banco Central e nem nos judiciários (estadual e federal). E pelo andar da carruagem, o governador eleito José Renato Casagrande (PSB), é quem vai segurar essa ‘bananosa’ a partir de 1º de janeiro de 2019. 
 
A esperança das vítimas do golpe do Grupo Infinity no Estado, que foram incentivadas pelo Governo do Estado a plantar cana e vender “fiado” para os golpistas do etanol, é de que o Banco Central e o Ministério Público Federal apurem este caso. "Imprensa e liberdade, jornalismo e consciência são termos de uma só equação. Onde a manifestação da consciência não for independente, não há jornalismo. Onde a imprensa existir, a independência no escrever é irrecusável." (Rui Barbosa).

Sérgio Flores

Durante os 17 anos em que pertenceu ao quadro permanente do Ministério das Relações Exterioares, Sérgio representou o governo brasileiro em acordos milionários do setor público no Brasil e no exterior. Como investidor do setor privado, no entanto, nem sempre teve sucesso. Viveu uma gangorra de altos e baixos no mercado financeiro, levando à bancarrota empresas do setor açucareiro.
 
De família tradicional da diplomacia brasileira, Thompson-Flores ingressou no Instituto Rio Branco na turma de 1982/1983. Quatro anos depois, aos 20 e poucos anos, ainda no cargo inicial de terceiro secretário, ele foi designado para a Embaixada de Washington —  uma das mais prestigiadas embaixadas do Brasil no exterior. Três anos depois, como segundo secretário, foi designado para a Embaixada de Tóquio, mas o ato foi suspenso poucos meses depois e ele transferido de volta para o Brasil.

Nomeado para Ministério da Fazenda de Collor

Em 1991, dá a primeira grande virada no que seria sua carreira profissional. Em plena era Collor, ele foi convidado a trabalhar no Ministério da Fazenda nomeado para chefe da coordenação especial de Planejamento político-comercial do Decex, pela então ministra Zélia Cardoso de Mello. Nessa função, participa de acordo comercial em Genebra. Ainda em 1991, ele entra para a Finep - Financiadora de Inovação e Pesquisa, uma agência de fomento do governo brasileiro que tem, entre os seus objetivos, a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico no país. Ali ele passa a participar de contratos bilionários da coroa.
 
Ainda em 1991, participa de solenidade de assinatura do Contrato de Empréstimo do BID, onde iria "identificar novas oportunidades de capitação de recursos para, a Finep, em Washington e New York", segundo atestou o Diário Ofical da União, de 6 de novembro daquele ano. Em 1992 participa do contrato no valor de US$ 13.5 milhões, sem licitação,  entre a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a empresa privada Orbital Sciences Corporation para o lançamento de satélite de coleta de dados. Em 1993, ele é promovido a primeiro secretário do quadro permanente do Ministério das Relações Exteriores.  No mesmo ano, viaja no mesmo ano para a China, onde participaria, em Pequim, como diretor financeiro da Finep do acordo com a Agência Espacial Chinesa, do primeiro satélite sinobrasileiro, com lançamento previsto para outubro de 1996.

Acompanhou também o então ministro das Relações Exteriores Fernando Henrique Cardoso em missões no exterior. Em 19 de setembro de 2000, ainda distante de se tornar um embaixador, ele pede a exoneração do cargo e da carreira diplomática:

— Eu conheci Sérgio no início da carreira. Era um rapaz muito inteligente, mas já mostrava mais interesse no setor privado do que na carreira diplomática.  Viajava nas folgas para Nova Iorque, onde o pai, embaixador Sérgio Thompson Flores, trabalhava na ONU. Como a vida diplomática é sacrificada, meio militar, acho que ele não tinha muito o perfil para seguir carreira — arriscou um antigo colega de Itamaraty.

Depois de deixar o Ministério das Relações Exteriores, Sérgio se tornou consultor de investimentos no mercado financeiro e passou a se dedicar à empresa Worldinvest , que fundou em 1995.  

Durante uma nova febre do etanol brasileiro no início dos anos 2000, ele cria em 2005 a Infinity Bio-Energy Brasil Participações — empresa que, em apenas quatro anos, compra e incorpora quatro usinas de açúcar no Espírito, faz acordo com o governo capixaba para captação de empréstimo de R$ 57 milhões para o desenvolvimento do setor e,  em seguida, declara falência, levando à bancarrota as usinas, fornecedores e abrindo um rombo no Banco do Estado do Espírito Santo, que hoje soma uma dívida de cerca de R$ 180 milhões, que está sendo cobrada na justiça.

Sérgio participou ou ainda participa da sociedade de pelo menos uma dezena de empresas. Ele foi sócio da Módulo Security Solutions, entre os anos de 2012 e 2017, atuando inclusive como CEO até 2016. Ao tomar conhecimento, pela imprensa, das denúncias contra o empresário, a direção da Modulo, publicou nota em seu site repudiando qualquer ato de agressão:

"Por intermédio de seus sócios fundadores, a Módulo ressalta que repudia, com veemência, quaisquer atos de violência contra mulheres, crianças, idosos e todas as pessoas. O respeito à dignidade humana, à vida e à família são valores fundamentais, referendados pela Módulo desde sua fundação ", diz um trecho do documento assinado pelos empresários Fernando Nery e Alberto Bastos, sócios-fundadores da empresa.

 



 

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